terça-feira, 2 de outubro de 2018

SINTRA: TRÂNSITO, DOIS FALHANÇOS SEM SAÍDA AIROSA

Arranque  desprogramado

As alterações do trânsito, mal estudadas e planificadas que a Câmara Municipal de Sintra tem tentado impor aos sintrenses e visitantes já contam dois falhanços.

Tudo indica que um terceiro falhanço venha a caminho e algumas teimosias e visões anacrónicas acabem por redundar na não solução do grave problema.

Da primeira vez, com efeito a 26 de Março, a imposição de alterações, sentidas como poder, redundou em pequenez pelas confusões criadas e danos locais.

A quem devemos "felicitar" por tamanho feito?

Um exemplo do caos que "encaminha" visitantes para bem longe de Sintra

Até a alusão à primazia para transportes públicos foi desmentida com a carreira 467 (única que do Sul dava acesso directo ao Centro de Saúde) a ficar na Portela.

Sobre a carreira 467 (única a passar o términus para a Portela) digam o que disserem, não nos retiram a visão persecutória e de desconsideração pelos utentes.

O repúdio generalizado justificou o arrendamento do terreiro na Cavaleira, cujo contrato, a cumprir-se, transferirá para os senhorios 2.600.000€ dos munícipes.

Foi um arranque desprogramado, descoordenado e desconexo. 

Segundo falhanço em boa hora retirado

Sua Excelência, constrangido a retirar as Propostas 669 e 670-P/2018 (acessos condicionados à Pena e trânsito no centro histórico) sofreu uma derrota política.

Passou-se na Sessão de Câmara de 11 de Setembro e devemos recordar Sua Excelência que em 15 de Maio justificava a Cavaleira..."porque vem aí o Verão".

O Verão passou e o terreiro da Cavaleira não funcionou...e as rendas pagámos?

Na verdade, tudo de mau se manteve durante o período de maior actividade turística e Sua Excelência apercebendo-se do ambiente confuso e desprestigiante. 

Em busca de uma saída airosa

Claro que, em situações destas, por vezes há expedientes que temporariamente iludem, embora os resultados continuem a ficar comprometidos pela ignorância.

Um pouco como sucedeu com a "Discussão Pública" do PDM em período de férias dos sintrenses, também no trânsito foi decidida uma "Revisão do Regulamento".

De forma até pouco entendível (invocando uma Proposta de 2013 e uma Deliberação de Outubro de 2017, é anunciada a "Revisão do Regulamento de Trânsito...(...)". 

Com a generosidade de Sua Excelência, "a apresentação de eventuais contributos pode ocorrer no prazo de 30 dias contados a partir da data do presente aviso". 

Saliente-se que "Em todas as comunicações, dirigidas ao Presidente da Câmara, deve ser indicado o procedimento a que as mesmas se reportam, sob pena de rejeição liminar".

Isto é, a Câmara, sem escutar ninguém, alterou carreiras, cortou acessos, empanturrou a Serra de carros, enviou visitantes de volta e agora quer contributos.

Mas que contributos? Que interessa aos decisores os contributos dos sintrenses? É realmente uma saída airosa...então espere pelos louvores habituais

Aquilo que Sua Excelência agora manifesta, a vontade de escutar, o desejo do contributo participativo dos munícipes é um figurino de sugestões apenas airosa. 

Pois Sua Excelência, a prosseguir na forma como se chegou a este ponto, não irá ter condições para muito mais êxitos na terra que é dos sintrenses e para eles.

Soluções de trânsito terão de ser globais e planificadas

A gestão de um território e solução dos seus grandes problemas não se resolve com invenções avulsas, uns foguetes para o ar, anúncios verdadeiros ou não.

Têm de ser equacionados todos os objectivos, inventariar as respostas a dar, escolher as melhores opções segundo localizações, formas mais fáceis de acessos.

Depois ter o tableu de bord com uma equipa multidisciplinar, avaliando os pontos nevrálgicos, fazerem-se testes e ter sensibilidade para situações específicas.

No caso de Sintra, independentemente das opções internas, é preciso determinar nas periferias os pontos com mais exigência de respostas rápidas.

Obviamente que a Cavaleira é um disparate nos acessos e depois na migração para os vários pontos a servir, além dos destinos a oferecer aos viajantes. 

Ter em conta que a circulação de residentes, com destinos diferentes na malha territorial, tem de ser incluída na resposta a apresentar. 

Com milhões de visitantes, serão necessários mais de um Parque em Silo, com um ou dois subterrâneos, um piso exclusivo para autocarros e dois acima do solo.

As ligações não podem ser como hoje em que a comodidade dos passageiros é uma ofensa à prestação de serviços e desprestigiante do ponto de vista turístico.  

Depois a bilhética. As circulações para residentes terão de fomentar as viagens. 

Há, pelo menos, dois polos a considerar: A zona do Ramalhão (já conhecida) e, por exemplo, as antigas instalações da Samsung (hoje abandonadas).

Ora, as antigas instalações da Samsung estão a 100 metros do IC19 e 50 metros do IC16. apresentando a vantagem de Ranholas deixar de ser tão atravessada.

Claro que as instalações teriam de ser demolidas (na Pousada da Juventude que não será da Câmara assim sucedeu) e o silo seria de rápida construção. 

Obviamente, soluções de grande impacto custam dinheiro, mas isso é fácil pela forma como  Sua Excelência, frequentemente, cita os mais de 100 milhões disponíveis.

Outras soluções, de vida curta, serão apenas consumidoras do nosso dinheiro.

Finalmente, tal como noutros Centros Históricos, só veículos rodoviários de passageiros específicos para Sintra devem circular por dentro do Centro Histórico. 

SINTRA NÃO PODE FALHAR TERCEIRA VEZ. 


Sem comentários: