sexta-feira, 29 de abril de 2022

SINTRA: TANTOS ANOS DEPOIS...A RUA DOS ARCOS

Finalmente novo aspecto

Pelo menos, desde 2008, que nos temos insurgido contra a situação degradante e que envergonhava Sintra ali mesmo no Centro Histórico: A Rua dos Arcos.

Hoje, devemos fixarmo-nos no facto de, há poucos dias, a Rua dos Arcos se apresentar mais limpa, embelezada no piso, mais iluminada e de fácil circulação.

Esperemos que não se converta em banal refúgio de estacionamento...




Metade da história recuperada

Devemos salientar que, sabe-se lá com que autorização, os Arcos serviam para aceder aos edifícios, ficando o espaço entre eles livre, o que conferia beleza ao local.


Diga-se que, em tempos não identificados, a ofensa à História do Lugar consumou-se, deixando o Central de ter acesso pelos Arcos, mas por uma plataforma.

Em termos práticos, a Rua dos Arcos passou a ser mais um beco dos Arcos.

Finalmente, ao fim de quase 15 anos (julgamos como prenda do 25 de Abril) a Rua dos Arcos, mesmo tapada, alterou a sua respeitável imagem.

Não sabemos a quem agradecer por parte da Câmara Municipal, mas julgamos saber que a Escola de Recuperação do Património de Sintra está de parabéns. 

Devíamos estas palavras de gratidão.


Nota de interesse: Na foto de baixo, podemos ver as tílias que embelezavam o local. A primeira, foi agredida selvaticamente e morta por falte de água. 

Esperava-se a colocação de uma nova no mesmo local...mas "compensou": De onde foi retirada passou a existir mais espaço com mesas e cadeiras. É assim Sintra


segunda-feira, 25 de abril de 2022

25 DE ABRIL...LONGE DOS SONHOS DE ABRIL

É relevante que hoje repensemos nos sonhos que criámos em Abril, na justiça que esperávamos, num futuro próspero, mais justo, democraticamente sustentado.

Muitos de hoje não viveram naquela época, quantos hoje não imaginam como era viver sob medos, como era ter restrições à liberdade e ao bem estar. 

Dos políticos de hoje - a maior parte - são filhos de Abril e criaram conceitos sem a sensibilidade de tempos que não viveram...mas sobre eles peroram.

Quantos políticos de hoje se suportam em manuais partidários...enquanto gozam de bem-estar e de mordomias que não teriam se vivessem no antigo regime.

Era um regime repressor de trabalhadores, servindo grandes grupos económicos e monopolistas onde se acoitavam políticos quando deixavam cargos no Estado. 

Hoje, contra Abril, os grandes grupos económicos reforçaram-se, grandes associações patronais exigem fundos, a Saúde nas mãos de privados, o Povo mais pobre.

Os governos deambulam na justiça que se ajustam aos poderosos, que se arrasta na condenação de responsabilidades mas rápida nos mais vulneráveis.

Foi assim que, 48 anos depois do 25 de Abril que nos encheu o coração, que nos falou na esperança de melhor futuro para o Povo, estamos quase na cauda da Europa.

Daqui a pouco, talvez mesmo um qualquer servidor da União Nacional fascista se possa exibir de cravo ao peito, graças às contradições do regime saído de Abril.

Ao Povo humilde, aos trabalhadores que não têm horário de trabalho, aos idosos sem condições dignas de vida, a tanto que deveria ter sido feito, lembremos: 



E confiemos num futuro risonho que um dia chegará:



Um abraço fraterno para todos os que continuam com Abril, que todos os dias lutam e sonham com um futuro mais justo para todos os portugueses.

Abril vencerá sempre!
 

sábado, 9 de abril de 2022

SINTRA: PAINEL NO VALENÇAS...A DERROCADA HÁ 23 ANOS

À encarecida atenção de Sua Excelência

Derrocada da História

Hoje, 9 de Abril de 2022, passam 23 anos sobre o toque de um carro no belo painel e peça de arte única da frontaria do Palácio de Valenças a que seguiu a derrocada.

Só o Brasão de Sintra ficou totalmente recuperável depois da derrocada

Falou-se na época que o bater de uma viatura na cercadura inferior tinha dado causa a um primeiro desabamento que justificaria a remoção completa do painel.

Dizia-se na época - custando a acreditar - que algumas personagens não gostavam muito do painel ali colocado em 1959 e da autoria de qualificado artista sintrenses.

Mestre Carlos Vizeu, Autor com atelier em Casas Novas, Colares, era Homem-artista prestigiado, com H grande, humilde nas amizades e não servo do poder.

A derrocada do painel foi o corolário de maus tratos sucessivos, até pregos lhe foram colocados para que trepadeiras por ele subissem...

Dos azulejos depois retirados, o Brasão de Sintra ficou intacto, sabendo que cerca de 200 foram destruídos ou desaparecidos, dificultando a recuperação.

Certamente com parecer favorável de técnicos municipais - outra coisa não se esperaria - as peças intactas foram removidas deixando de pesar na frontaria.

O Autor, mantido no desconhecimento do ocorrido e que deveria ser ouvido sobre a remoção da parte intacta, viria a saber da destruição por amigos.
 
História do painel

O painel era uma extraordinária peça artística, obra que pelas dimensões e pormenores técnicos, além de muito apreciado, honrava Sintra e Mestre Carlos Vizeu.

Para o fazer, foi importado um forno a gás (o primeiro em Portugal) que, aquando da cozedura, tornava os tons mais vivos, aumentando-lhes beleza na cor.

Por outro lado, as peças eram de outro formato, estilo tijolo burro, que tinham exigido um esforço redobrado ao Artista em todas as fases da sua elaboração. 

Como o forno a gás tinha custos de cozedura muito elevados e difíceis de suportar, o Mestre Carlos Vizeu tomou a decisão de o devolver depois de concluir o painel..

Em tese, cada uma das peças do antigo painel tornou-se única, constituindo um destacado património sintrenses  merecedor da maior sensibilidade e respeito.

Os azulejos desmontados foram depois encaixotados e levados para o atelier de Mestre Carlos Vizeu, que se viu impossibilitado da recuperação completa. 

O novo painel

Os meses iam passando...mas muitos sintrenses não se esqueciam do painel do Valenças e exigiam a sua recuperação ou, na impossibilidade, a sua substituição.

Com muitas pressões, seis meses depois, em Outubro de 2001 (havia eleições em 16 de Dezembro desse ano) foi encomendado "novo" painel ao Mestre Carlos Vizeu.

Tivemos a felicidade de acompanhar, com o Mestre, a feitura do novo painel 

Em 2003, 1482 dias depois da derrocada, voltou o "novo painel" com azulejos de outro formato, merecendo a apreciação de milhares de sintrenses e turistas.

Quem se recorde ou agora queira comparar, notará significativas diferenças nos azulejos, nas cores e, nalguns casos, pequenos e irrelevantes pormenores.

Ao novo painel, colocado em 2003, falta muita da beleza do anterior

Desventuras do antigo painel

Feito o novo painel, os antigos azulejos, intactos, iam ficando armazenados no atelier do Mestre, o qual insistia para que fossem retirados pelos Serviços Camarários.

Muito tempo depois, sem que os azulejos salvados fossem retirados, acabámos por solicitar a intervenção do Chefe de Gabinete do então Presidente da Câmara.

Então, por iniciativa camarária, todos os antigos azulejos que estavam aproveitáveis foram removidos para um local que só os serviços camarários saberão. 

Preocupados com a conservação dos mesmos, insistimos e viemos a ser informados de que estavam bem guardados e conservados.

Nada se voltando a saber - até hoje - sobre o Brasão encaixotado, formulamos um pedido encarecido de que Sua Excelência se empenhe em saber dele. 

Sugestões para localização

Dizia o Mestre que a parte do Brasão de Sintra tinha ficado incólume e numerada, justificando a sua recuperação parcial e recolocação noutro local.
 
Tal como se vê em muitos municípios e, no estrangeiro, à entrada de cidades históricas, Brasões reclinados são indicação da qualidade histórica do lugar.
 
Seria, inegavelmente, a imagem do belo e grandioso Brasão de Sintra que deixaria de estar encaixotado e seria como que cartão de visita de município histórico.

Quanto aos azulejos desirmanados, pelas sua características e valor histórico, quantas vezes poderiam ser oferecidos - com sua história - em momentos especiais.

Fica a sugestão pois é destas coisas que se faz a "História do Lugar".