sexta-feira, 28 de janeiro de 2022

"VERSATILIDADE" DO ...AJUSTACIONISMO

Ajustacionismo... 

Ao longo dos tempos sempre os houve, mas nos tempos modernos somos cada vez mais surpreendidos por dependências serviçais que não esperávamos.

Ainda há situacionistas que, ensoberbados de poder, escondem a manipulação soez com promessas que não cumprem e afetam a vida dos cidadãos comuns.

situacionista de hoje não passa de extensão da figura detestada antes de Abril, num regime totalitário que recompensava os seus mais fiéis serviçais.

Fartos dos situacionistas, teríamos de nos surpreender com os ajustacionistas que, entre ditos e feitos, são capazes de vender a alma por um cargo?

ajustacionismo usa a "dureza" como bandeira das exigências...acabando mais tarde, por convívio, no conforto do colo de situacionistas que dizem combater. 

Por isso, juradores de fidelidade às causas, acabam a negociar concessões com os ex-adversários, já que isso traz contrapartidas em cargos e benesses. 

ajustacionista pode falar dos maus transportes públicos mas não se empenha na solução pois viaja, comodamente, em viatura de gama alta com motorista.

ajustacionista não é firme pela limitação de horários de trabalho diferidos, nem puxa paletes carregadas, como assistimos frequentemente em grandes superfícies.

Nem sofre insónias nem lhe é abalada a saúde psíquica pelo trabalho por turnos, que nas esferas familiares tem forte impacto e até implicações reprodutivas.

E como reage à má aplicação de dinheiros públicos, que saltam à vista? Naturalmente ajusta-se sem que o comum dos cidadãos perceba essa dependência.

No ajustacionismo quem aborda - para limitar - as onerosas isenções de que forças partidárias beneficiam ao nível de impostos que os cidadãos pagam?

Foi para isto Abril?

Acabamos de escutar Manuel Alegre, figura conhecida do PS a perguntar (a propósito da direita e opções de alianças) "se foi para isto que houve o 25 de Abril". 

Palavras sábias de quem, infelizmente, terá de saber e não se pronuncia, sobre o cruzamento de famílias que têm integrado governos a que se ligará. 

Para um republicano, certamente laico, os cruzamentos familiares verificados ao nível de ocupação de cargos relevantes não lhe podem ter sido ocultados.  

Nem nos tempos da monarquia ou da ditadura fascista se podia encontrar um quadro tão vasto e deplorável de ligações familiares ao mais alto nível da governação.



Que pensarão os trabalhadores e explorados que escutavam Manuel Alegre na Rádio Voz da Liberdade, emitida em Argel antes do Dia Libertador?

É a teia em que muitos políticos agora se balançam, no revisionismo onde a manipulação grassa e a ansiedade pelo poder acaba por cair nos braços do diabo.

Os sonhos de Abril...os sonhos de melhor sociedade arrastam há quase 48 anos. 

Situacionistas já conhecemos, Ajustacionistas vamos conhecendo...


segunda-feira, 17 de janeiro de 2022

SINTRA...RUÍNAS DO NETTO...versus..."MEMÓRIA DO POVO"

"Um povo  que  não  tem memória dificilmente tem presente e raramente tem futuro" (Basílio Adolfo Horta, Presidente da Câmara Municipal de Sintra, nas comemorações do 25 de Abril de 2020)

Consegue ver-se as diferenças?

Como estava em 23.09.2020

Como estava em 13.01.2022

Ruínas do Netto disputadas?

Na Sessão de Câmara de 26.11.2013 o presidente da Câmara (o mesmo de agora) propôs a aquisição das ruínas do Hotel Netto com substanciais fundamentos.

Eleito uns dias antes em Lista de um Partido democrático que teve presos no regime anterior, Basílio Adolfo Horta parecia querer galvanizar os sintrenses.

Perante confiantes e crentes nos seus ditos, traçou o quadro ilusionista da aquisição de tais ruínas, numa panóplia que faria corar de inveja os seus antecessores.

A Ata 24/13, da Sessão de Câmara de 26.11.2013, é de riqueza inigualável no que concerne ao ajuizamento de como se formam tratados de ilusionismo político.

À época, era voz corrente que o Prof. António Lamas, Presidente da Parques de Sintra, tinha projetos para a recuperação das ruínas do Netto após a aquisição.

Basílio Horta, acabado de chegar, ainda não exigia a Parques de Sintra na Câmara, o que faria mais tarde ao pedir a demissão do Secretário de Estado do Tesouro.

Então, como que uma Chancela de poder, a Câmara invocou o "Direito de Opção" previsto e adquiriu por 600.000€ dos sintrenses o que restava do antigo Netto.

Para enriquecer a proposta da aquisição, houve alusões à Parques de Sintra, quanto a nós pouco simpáticas, que não traziam nenhuma mais valia ao negócio. 

"Qualquer dia Sintra é Monte da Lua";

"O Monte da Lua já tem muito com que se entreter";

Depois destas, foram acrescidas afirmações e promessas que não se cumpririam: 

"Faz-se o direito de opção para fazer do Hotel Neto um grande hotel";

"Ser um orgulho para os sintrenses ter aquele hotel";

"É um bom negócio para a Câmara ficar com o hotel";

"É qualquer coisa que tem muito a ver com a própria Câmara Municipal";

"Era o que faltava o DOM, o Departamento de Ambiente e o Departamento de Urbanismo não pegar na obra e não a fizessem";

"Um hotel de juventude que possa ter jovens de todo o mundo para animar o centro de Sintra";

"A Câmara tem todo o direito de ter o Hotel Neto. Não para manter a ruína mas para fazer ali um bom hotel da juventude."

27 meses depois...a venda 

Com surpresa - em 10.3.2016 (clique para rever) - o "orgulho para os sintrenses" foi ultrapassado pela venda do Hotel com projetos de técnicos da Câmara.

A Reconstrução fixada em 30 meses( 2 anos e meio) há muito foi ultrapassada, sem Abertura do Hotel e sua exploração, suscetível de comprometer pagamentos finais.

Pelo que se julga saber, nem foi constituída uma Cláusula que estabelecesse penalizações para o incumprimento da Cláusula de Reconstrução.  

Para que a "Memória do Povo" se mantenha viva, recuperaremos pormenores sobre o pagamento do valor da "arrematação" (1.000.000€). Assim:


. 20% da arrematação com a "Adjudicação";

. 30% da arrematação na "Abertura da unidade hoteleira";

. 25% da arrematação "Seis meses após abertura da unidade hoteleira;

. 25% da arrematação "Um ano após abertura da unidade hoteleira".

 Mais de 8 (oito) anos após a compra das ruínas do Hotel Netto pela Câmara e fazendo em breve 6 (seis) anos sobre terem sido vendidas, como está o pagamento?

 Esquecimento? Falhas na "memória" do "Povo"?

É sábia a frase de Sua Excelência que encima este artigo, pois só "esquecimento" poderá justificar a escolha pelo "Povo" de antigos serventuário do regime fascisante.

Esquecido "Povo" que tinha esperanças em melhor futuro e, quantas vezes, vê o seu dinheiro ser aplicado sem responsabilização firme de muitos atos.

"Povo" que esqueceu ter sido vítima do criador do Estado Novo e fundador da União Nacional fascista, em que políticos ambiciosos  se perpetuavam no poder.

"Povo" que hoje convive, numa democracia fictícia, com políticos agarrados aos cargos em eleições sucessivas, alguns há mais anos que o criador do Estado Novo.

Mas nem tudo esquece o "Povo", pelo que se aguarda que, para Seu sossego, a Câmara Municipal e Basílio Horta esclareçam sobre a situação atual.

Temos "memória" e teremos "futuro"...mesmo que demore.  

A CÂMARA JÁ FOI RECEBEDORA DA TOTALIDADE DA VENDA DO NETTO?