domingo, 30 de setembro de 2018

SOBRE UM MANTO DOCE DE GIRASSÓIS



Versejar, o quê a quem?
Na vida que tem reverso
Com o verso apagado.
Onde e porquê alguém,
 preferirá o inverso,
recordando o passado?

Versejar não arrepia
Sem segredos aos ouvidos
que fazem estremecer. 
Falta-lhe a alquimia
De sentirmos com sentidos
Como sonhar é viver.

Versejar acende luzes, 
faz piscar os pirilampos 
em circuitos muito lentos.
É como moitas de urzes
espalhadas pelos campos
Deitando cheiros aos ventos.

Arriscamos versejar,
Rever o não esquecido,
No bom e mau rebuscar.
Versejar é como dar, 
Nova cor ao colorido,
Sem nada modificar. 

Versejar é desquecer,
Alimenta-nos saudades
Feitas flores de jardim.
É mais com dor reviver
O que foram amizades
Que tiveram o seu fim.

Na vida, temos Outonos,
Mais tristes que os Invernos
Tão longes das Primaveras.
Sofrendo nos abandonos
Sem uns abraços fraternos,
Só vivemos de quimeras. 

Mas se abrirmos os braços,
Num abraço mui sentido
Tantas flores vão crescer.
Faremos molhos com laços
que apertam sem gemido,
Para nunca esquecer.

Crescem, então, girassóis,
Onde só sonhos floriram
Sem lembrar desilusões.
No bico de rouxinóis
Tantas sementes partiram,
Em busca de corações.

30.9.2018



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