segunda-feira, 25 de março de 2013

REVISITAR LISBOA...PERCURSOS ANTIGOS (IV)

LISBOA, 1953: A VIDA, PRIMEIRA DESILUSÃO E OUTRAS HISTÓRIAS

Naquela época, muitas famílias ainda sentiam os efeitos económicos da II Grande Guerra (1939-1945), pelo que, frequentemente, os filhos começavam a trabalhar muito cedo para ajudar ao "sustento da casa", como se dizia.

Passou-se comigo. Terminado o ano escolar, o liceu fechou-se para um jovem de 14 anos, destinado a procurar trabalho nas páginas do Diário de Notícias publicava, com resposta à Delegação do "Rossio 11" (hoje LEYA DO ROSSIO).

Em Julho de 1953 já tinha emprego remunerado com 180 escudos mensais, menos que um Euro de hoje. Era pouco e, cinco dias depois, mudei para outro patrão que me pagava 300 escudos, mais de um Euro...Eram assim as admissões, sem cunhas.

Um dia disse à minha mãe: "Respondi a um anúncio de Rapaz para Paquete e seria bom se me chamassem, gosto tanto do mar e poderia viajar". Foi a primeira desilusão ao apurar que o sentido das palavras nem sempre é como sonhamos...

PERCURSOS ANTIGOS DE LISBOA

Saía do trabalho, na Baixa e descia pela Rua do Ouro, fascinado por um belo edifício que me fazia sonhar em trabalhar lá: - Era a Companhia de Seguros Sagres. Novas respostas a anúncios e, em Outubro de 1956, um postal chamou-me para o sonho...

Edifício que foi Sede da Sagres - Rua do Ouro, 173 a 181

O belo brasão que se mentém no edifício
 
Descia até ao Terreiro do Paço, onde me deliciava a apreciar a beleza escultórica dos seus cantos. Imaginava os reis quase prisioneiros daquela imponência: 

Quatro obras de arte de cada lado, frente ao Tejo, guardiães do Terreiro
 
Pelas manhãs ou ao fim da tarde (trabalhava das 10 às 18) gostava de me sentar no Cais das Colunas, vendo a azáfama de pessoas e barcos. Pequenos cacilheiros, como o Mouraria e o Campolide, encostavam ao Cais e os passageiros saltavam.
 
Do lado esquerdo era o maior movimento de passageiros...que por vezes tomavam banho
 
Outras vezes via os golfinhos nos seus saltos e um ou outro hidroavião da Aquila Airways que fazia a ligação Southampton/Lisboa/Funchal. A Aquila Airways acabou as ligações e foi criada uma empresa nacional de seu nome ARTOP.
 
No voo inaugural da ARTOP, em 9 de Novembro de 1958, o avião com 36 pessoas a bordo despenhou-se no Atlântico, nunca mais aparecendo.
 
Com a suspensão da ligação à Madeira por hidroavião, um segundo aparelho da ARTOP foi posto em terra na Doca de Cabo Ruivo (onde agora é o Oceanário) e de lá removido um tempo antes das obras da Expo98.
 
Hoje, a digressão termina na Doca do Jardim do Tabaco que, recentemente, foi entulhada e passou a ser quase um parque de automóveis.
 
Na época da minha juventude, a Doca do Jardim do Tabaco (era a seguir à Doca da Marinha), estava cheia de fragatas do Tejo, belos exemplares que transportavam as mais diversas mercadorias.
 
Cheguei a ver, num Verão, aulas de natação dadas por conta de um clube do Chafariz de Dentro, penso que o Adicense. Como as águas do Tejo eram muito limpas, afastavam as fragatas e com cortiças delimitavam o espaço da natação.
 
Na zona marcada davam-se aulas de natação. Hoje este local não existe, foi soterrado.
 
Também se realizava, regularmente, a travessia do Tejo a nado, onde o Sport Algés e Dafundo, dava cartas com um lote de excelentes nadadores.
 
Termino esta viagem por Lisboa, lembrando que no Rio Tejo tantas vezes me banhei. 
 
 
(continuarei um destes dias, prometendo belas imagens e menos palavras)
 
 
 
 











 

sábado, 23 de março de 2013

O ESTORNINHO MEU AMIGO...

Estou certo que aquele estorninho negro, que todas as manhãs, muito cedo e antes do sol nascer, poisa num telhado vizinho, é um amigo que me espera.
 
Logo que saio de casa vejo em quase contraluz a sua figura elegante, aparentemente bem cuidada, que logo solta um assobio estridente, como que a pedir para não me esquecer dele e da sua prole que cresce debaixo do telhado.
 
Obviamente que lhe respondo, não só por educação mas também pela amizade que nos une, ainda por cima sendo ele um passaro - diria mesmo passarão - desinteressado.
 
Respondo-lhe com outro assobio, pretensamente para o imitar e ele poder compreender a linguagem, recomeçando uma longa conversa entre nós, quase sempre com umas sacudidelas amigas antes de dar a sua volta matinal.
 
Resolvi fixá-lo para  a posteridade, a única e barata homenagem que lhe posso oferecer, já que medalhá-lo se torna difícil pois, na sua modestia, abala sempre que o quero premiar.
 
 
Espero que o meu amigo estorninho tenha uma longa vida, podendo contar com a minha estima e protecção.
 
 

 
 

quinta-feira, 21 de março de 2013

DIA MUNDIAL DA POESIA (2) - A MINHA FLAUTA...

 
A MINHA FLAUTA
 
Tenho uma flauta, de corpo tão belo,
Brilhante e firme, pronta a tocar.
Passo-lhe os dedos, geme docemente,
num lamento terno, com pauta ausente.
 
Num canto da casa, flauta no regaço,
Sinto-lhe o peso, seu louco arfar.
Música só minha, sofrida de gente,
Escala de sonho, contigo na frente.
 
Não importam fífias,
Não importa nada.
Só ela me dá,
o dom de voar,
 
Para ao pé de ti, e do teu chamar,
Sedento de tudo, e do teu amor.
Sobre ondas voando, sem me cansar,
não largo a flauta, que me dá vigor.
 
E lá vou correndo, sem a orquestrar,
por montes e vales, com sol ou com dó.
É ela no fundo, que me faz vibrar:
com a minha flauta, não estarei só!
 
 
 
 
 

DIA MUNDIAL DA POESIA: TEJO DOS MEUS SONHOS


TEJO DOS MEUS SONHOS
De verde, foste cinzento,
escuro, turvo, horrendo,
direito ao mar correndo,
na maré do pensamento.
Aí, corres violento,
num leito já acamado,
de barro violentado,
da tua água sedento.
Desaguador de ribeiros,
guardas segredos no fundo,
fazem parte do teu mundo,
os choros dos avieiros.
Ó rio, desta criança
foste sonho e temor,
dei-te tudo, mais amor,
és sempre minha lembrança.
Tinhas fragatas vermelhas,
ostras sempre p’ra comer,
Gostava tanto de ver
os golfinhos em parelhas.
Vi tanto hidroavião
no teu dorso deslizar.
Talvez mesmo excitar,
as ondas do coração.
Nessa tão louca corrida,
com nozes brancas à vela,
Vejo-te lá de janela,
enquanto penso na vida.
Anseio ver-te lavado,
na cor que tinhas outrora,
promessa que já demora,
Num futuro adiado.
E quando tal suceder,
nas margens me vou banhar,
nos teus braços entregar,
o que nunca quis perder.

domingo, 17 de março de 2013

SINTRA: IMAGENS QUE NÃO VOLTARÃO A REPETIR-SE...

As fotos hoje apresentadas representam imagens irrepetíveis de Sintra.

Na primeira, hoje o local está diferente. O velho pinheiro que viu passar sob ele várias gerações, que poderia ser o símbolo da resistência aos ventos e tempestades que nos assolam,  vergou-se e moto-serras sem rosto, sem cerimónia, esquartejaram-no.


Na segunda, a suave neblina que se desprende da nossa serra, envolvente de tantos momentos belos e únicos das nossas vidas, liberta-se e envolve com tanta ternura o Castelo dos Mouros, como que num agasalho de cumplicidades.


Imagens destas, façam as tentativas que fizerem os especialistas em fotomontagens, ultrapassam tudo, porque só elas são a realidade de quem as viu e viveu.

Passem todos um bom domingo...se possível em Sintra.

Obviamente.



quinta-feira, 14 de março de 2013

SINTRA: DO CABO DA ROCA E SEU FAROL AO CABO NORTE

A inigualável beleza do Farol do Cabo da Roca
 
Gosto do Cabo da Roca e do seu farol, sentinela do território sintrense que, pelo mundo fora, passa mais por ser de Cascais, talvez pela incapacidade dos nossos "gestores", que entregam a outros a divulgação turística de Sintra.
 
Há anos (esqueci quantos) tive a ousadia de sugerir a geminação com o Cabo Norte, lugar de quase peregrinação turística - entre meados de Maio e de Agosto -  para se ver o Sol da meia-noite. Fora disso é difícil lá chegar.
 
Que disparate o meu...ainda se sugerisse uma pólis qualquer, onde se fosse a banhos ou fazer um comboiozinho patético. Mas enfim...
 
O noisso Cabo da Roca é visitável todo o ano e a sua geminação, com dinamização adequada, seria um incentivo aos povos do Norte, com reflexo nos fluxos financeiros de que precisamos. Como eles gostariam de assistir ao Sol a dizer adeus ao território continental da Europa, apenas com o mar no horizonte.
 
Voltando ao Cabo Norte, pedindo desde já desculpa pela má qualidade das imagens, deve dizer-se que é muito mais inóspito.
 
Cabo Norte, visto de avião
 
No entanto, no Cabo Norte, há estruturas subterrâneas que incluem um Bar com 350 lugares onde se festeja a visita, se vê o Sol e se bebe uma taça de espumante.
 
Existem, ainda, um cinema com 250 lugares, um museu tailandês, o Clube Real do Cabo Norte, café restaurante, loja de souvenirs e uma estaçao de correios.
 
 
No exterior - além do monumento aos Filhos da Terra feito por sete crianças para simbolizar a cooperação, amizade e esperança através das fronteiras - temos a Suite Nupcial, muito utilizada por noivos.
 
 
Com  este grande investimento, rapidamentre amortizado pela canalização de visitantes, o Norte da Noruega colocou à disposição do turismo e do desenvolvimento territorial as suas condições naturais, preservando-as ao mesmo tempo.
 
Pertence ao Município de Hammerfest, que tem mais de 840 quilómetros quadrados de área e cerca de 10.000 habitantes. Lá deixei um dia um galhardete com o brasão de Sintra, que ficou exposto na Sala das Reuniões oficiais.
 
Tenho a honra de ser membro do Royal and Ancient Polar Bear Society, com sede em Hammerfest, cidade mais próxima das Svalbard. 
 
Como seria interessante a nossa geminação com tal cultura europeia.
 
 
 
 
 

 
 
 

domingo, 10 de março de 2013

SINTRA E SEUS SABORES: "O APEADEIRO"

"O APEADEIRO É POR NATUREZA, UM HINO À BOA MESA"(*)
 
Aos Domingos, o "Apeadeiro" é ponto de encontro familiar, um local aprazível para conviver, enquanto se apreciam iguarias de fazer crescer água na boca.
 
 
A dois passos dos Paços do Concelho de Sintra, a meio caminho da estação da CP, "O Apeadeiro" permite-nos - a par com boa mesa - conviver com gente simpática, que por ali tem vivido há longos anos e faz de cada cliente um amigo.
 
No momento desta foto, antes da casa se encher de clientes, apenas estes dois "consultores" gastronómicos estavam prontos para a foto. São eles os Senhores Bandarra e José António, sempre desejosos de sugerir uma especialidade.
 
 
As especialidades ultrapassam de longe o quadro que decora a sala.
 
A incomparável mousse de morango feita pela D. Maria José, o caril de gambas que nos obriga a repetir ou os pastéis de massa tenra que não se encontram nouto lugar, fazem parte daqueles momentos em que nos deliciamos.
 
O Senhor Raúl - anfitrião principal - corre de um lado para outro, sempre disponível e atento ao que cada cliente pretende para a sua refeição.
 
O "Apeadeiro" é um local privilegiado para se passarem momentos confortáveis na companhia de familiares e amigos.
 
Apenas às quintas-feiras não podemos conviver...é dia de descanso.


(*) Divisa do "Apeadeiro".




sexta-feira, 8 de março de 2013

DIA INTERNACIONAL DA MULHER, UMA SAUDAÇÃO

O Dia Internacional da Mulher, quando a crise se acentua, é mais um dia de luta do que de comemoração dos direitos e conquistas económicas e politicas alcançadas.´
 
É um dia fraterno, como deveriam ser todos os outros numa sociedade em que a justiça nem sempre lhe é feita e onde muitas vezes é marginalizada.
 
Uma modesta homenagem à Mulher: à Filha que nos acompanhará, à Jovem que busca trabalho e encontra desilusões, à Mãe que de filho ao colo sofre duplamente pelas difíceis condições de vida, à Avó cansada que arranja forças para criar netos.
 
Para todas, esta bela e fecunda flor da bananeira, com um "Olá" de reconhecimento.
 
 
O meu pensamento saudoso vai, ainda, para três Mulheres que longe, muito longe, vivendo no meio de florestas ou refugiadas, ainda conseguiram sorrir-me. Recordo-as todos os dias e as condições em que vivem
 



 
Mulheres que talvez nem saibam que existe o Dia Internacional que lhes é dedicado.
 
Talvez alguém, a muitos milhares de quilómetros, lhes faça chegar esta mensagem.
 
Passem um Dia Feliz.

วันผู้หญิงมีความสุขในเผ่าแม่ฮ่องสอน
 
 
 
 

quarta-feira, 6 de março de 2013

SINTRA EM HORAS "MORTAS"...

Hoje, o sol dormia sobre o pálido nevoeiro que envolvia Sintra e cobria a nossa Serra.
 
Greve nos transportes, solidão íntima, o nosso amor aqui, só para nós, só para quem gosta de ver Sintra acordar.
 
  
No Largo da Câmara sem carros, sem mordomias que pagamos, livre de vaidades e fantasias, apenas o padrão da nossa vida de ontem, do sofrer de hoje, das incertezas do amanhã.
 

O coração da nossa Sintra, bate calmo nas horas mortas, sem gente correndo para as queijadas que muitas vezes é a única recordação que de cá levam.
 

Sete da manhã, tudo encantava. A torre do Relógio, provocadora na sua longevidade, badalava o tempo das nossas vidas, demasiado curto para tão belos cenários.


A magnólia, tão linda e tão desperta, no seu arranjo monumental, espalhava sorrisos,  como se fora uma fada encantada, vestida nos vários tons rosa da paixão.


No Palácio Monumental, entre ramos de várias dinastias, no silêncio cúmplice dos enganos, talvez reis e rainhas por lá passem de vez em quando, num regresso aos momentos felizes lá passados.
 
Foram assim criados os Sonhos dos lugares.
 
Assim continuaremos a sonhá-los.
 
Sintra, assim, é outro sonho.
 
 
 
 

sexta-feira, 1 de março de 2013

DIA MUNDIAL DA PROTECÇÃO CIVIL*

Hoje, 1 de Março, comemora-se o Dia Mundial da Protecção Civil.

A iniciativa partiu da Organização Internacional de Protecção Civil, e a escolha do dia 1 de Março relaciona-se com a data em que entrou em vigor a sua Constituição.

Sedeada em Genebra, a Organização Internacional de Protecção Civil tem como objectivos desenvolver estruturas de assistência e protecção às populações em caso de catástrofes.

O âmbito de actuação da Protecção Civil e as autoridades envolvidas justificam o conhecimento público dos meios e pessoal que estão preparados para nos socorrer.

Decorre no CascaisShoping uma exposição de meios e entidades responsáveis pela Protecção Civil das Populações, envolvendo Bombeiros, Polícias Marítima, Municipal e de Segurança Pública,GNR, Exército e, até, o Serviço de Emigração e Fronteiras. 
 
Refiram-se também os escoteiros, como parte da estrutura de protecção civil.

Este ano é dedicado à prevenção rodoviária.
 
Pavilhão da Protecção Civil de Cascais
 
Diga-se que centenas de crianças têm estado no local, contactando as entidades, subindo para motos e barcos ou sentindo a simulação de um tremor de terra.

Portugal tem estatuto de Observador, sendo 48 os membros efectivos da Organização.

Uma das equipas da GNR presentes no local
 
 Carro de Comando dos Bombeiros, adaptado ao desencarceramento

 Polícia Municipal de Cascais
 
Polícia Marítima
 
Polícia de Segurança Pública

Exército
 
SEF
 
Estas jornadas de esclarecimento merecem todo o apoio e as entidades envolvidas justificam o apreço a ter por elas.

Aqui deixo um convite, passe pelo local, se tiver crianças, melhor ainda.

No concelho vizinho a vida é outra.



O denominado site da Câmara de Sintra, converteu a grandeza de Dia Mundial da Protecção Civil em Dia Nacional. Não esteve à altura.