sábado, 30 de novembro de 2013

"O CONCELHO DE SINTRA" - 1 DEZEMBRO DE 1910

Um trem de 1882

Do número 1 do Jornal "O Concelho de Cintra", publicado em 1 de Dezembro de 1910, retirou-se esta saborosa notícia:

"TRACÇÃO ELECTRICA CINTRA, S.PEDRO E CASCAES
Segundo nos informa pessoa de toda a respeitabilidade, vae-se em breve fazer o estudo da linha electrica de Cintra a Cascaes, por S. Pedro.
É um grande melhoramento para Cintra, S. Pedro e Cascaes, que desejamos bem que seja levada a efeito".

Lendo e relendo, temos duas perspectiva: - Falsa pista que originou uma notícia privilegiada ou efectiva intenção da obra, falhada por motivos desconhecidos, pois Sintra tem sido fértil nestas coisas de nada se fazer. Aceitemos a segunda.

Garantidamente, há 113 anos, havia pessoas com visão e que deram à notícia acima reproduzida o relevo da ligação entre Sintra e Cascais, apresentando-a como um grande melhoramento, infelizmente adiado até aos nossos dias.

Tem sido um adiamento demasiado longo de uma obra que muitos investidores estariam dispostos a realizar, fixadas que fossem as condições de exploração.

A miopia de responsáveis, quantas vezes amedrontados por falsos defensores locais e mais defensores deles mesmos, tem mantido afastados e desligados dois concelhos vizinhos, com interesses comuns no turismo e desenvolvimento da região.

Recupera-se a grande notícia daquela época, porque uma mais regular e garantida ligação a Cascais seria um forte incentivo ao desenvolvimento turístico dos dois concelhos, que ainda hoje vivem praticamente de costas voltadas.

Sintra e Cascais tem todo o interesse na ligação - rápida e cómoda - entre os dois concelhos, quer para responder a quantos residem e trabalham num ou noutro, quer para os visitantes conhecerem melhor os dois belos territórios.

Como foi possível durante mais de 100 anos ninguém se ter preocupado com uma obra que teria tanta influência no desenvolvimento económico da região?

Em 1910 havia cabeças que pensavam no progresso...e quem o travasse.

Os Fantasmas do Éden têm sobrevivido.


Nota: Documentação consultada na SINTRIANA/CASA MANTERO, Biblioteca Municipal de Sintra.


 


sexta-feira, 29 de novembro de 2013

SINTRA: EXPOSIÇÃO DOCUMENTAL SOBRE O ELÉCTRICO

Se gosta de apreciar fotos antigas e documentos que fazem parte da nossa História, então não deixe de visitar a Exposição Documental sobre o Eléctrico de Sintra.

Até ao dia 31 de Março de 2014, de segunda a sexta-feira e entre as 9,30 e 17,30 horas, pode recordar ou conhecer um conjunto de locais que fizeram parte não só da vida em Sintra como de uma época. Não falte...

Viagem Inaugural. Fotografia com mais de 100 anos. (Foto da Exposição)

Subindo a Av. Dr. Miguel Bombarda, em frente dos Paços do Concelho (Foto da Exposição) 

Veja como era a Praia das Maçãs (Foto da Exposição)

A propósito desta visita à nossa história, acrescentaria algumas curiosidades:
Em 1930, o eléctrico de Sintra teve a sua maior extensão, indo de Sintra às Azenhas do Mar. Eram 14.485 metros;
Em 1954 acabou entre a Praia das Maçãs e Azenhas do Mar. Nesse mesmo ano, acabou entre a Vila (Palácio) e a Estação dos Caminhos de Ferro;  
Em 1975, acabou entre a Estação de Caminhos de Ferro de Sintra e a Praia das Maçãs;
Em 1980 voltou a funcionar entre a Praia das Maçãs e o Banzão. 
Preços:  
Em 1908, entre a Estação de Caminhos de Ferro de Sintra e a Vila (Palácio) o custo eram 20 réis; Até à Praia das Maçãs, eram 200 réis.
(Para facilitar as contas, digamos que 200 réis era 1/5 de Mil Réis (Um Escudo quando veio a República), sabendo-se que 200 escudos nos deram apenas Um Euro. Explicando melhor, 200 réis equivaliam a 20 Centavos (quando da República), ou seja, dois tostões.) 
   


domingo, 24 de novembro de 2013

SINTRA EM MANHÃ DE LUA-CHEIA

Só de manhã cedo, talvez pelo frio que se sentia, a Lua de Sintra, bem cheia, começou a preparar-se para descansar entre mantas nebulosas que a ligavam ao mar, tendo em baixo a bela costa entre Almoçageme e a Praia das Maçãs. 
 
Da Igreja de S. Martinho era esta a visão sobre a Lua, o Mar e a Terra
  
 
Na Torre do Relógio o silêncio das horas dava-nos a esperança de que o dia tinha quase mais 17 horas para podermos viver e apreciar Sintra.
  
 
Em Seteais, recortava-se o Palácio da Pena, com o Vale dos Anjos a colocar de permeio o colorido forte das folhas do Outono.
 
No Largo Dr. Gregório de Almeida (que talvez não devesse ter carros a enchê-lo) o Pelourinho - agora protegido e com um canteiro, dava imagem mais ajustada à dignidade do local, mesmo entristecido pelo anúncio do antigo "Hospital" estar à venda.
 
 
Do Jardim da Vigia, viam-se duas bandeiras a ondular nas Torres do Castelo. 
 
Sintra, todos os dias tão diferente...numa beleza que todos os dias nos desafia.
 
 
 

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

O MOSTRENGO

14 toneladas e 19 metros de altura

"O Mostrengo", de Fernando Pessoa, é claramente uma Mensagem.
 
A maior parte dos portugueses, os que vivem ou viveram do seu trabalho, os que produzem ou produziram a riqueza deste país, encontram-se perante um futuro desconhecido, incapazes de salvaguardar a própria vida.
 
A hora é para vencer os medos. Deixarmo-nos de temores. Os monstros existem e, em cada dia, mais se sentem as ameaças, cada dia com mais desplante.
 
"O Mostrengo" está nas mãos do poder; o poema abre-nos horizontes que cada vez estão mais longínquos mas existem, que alcançaremos com a coragem de vencer os ventos contrários que nos querem levar à tragédia.
 
Deixo-vos com o poema e o convite à meditação:
 
 O MOSTRENGO

O mostrengo que está no fim do mar
Na noite de breu ergueu-se a voar;
À roda da nau voou três vezes,
Voou três vezes a chiar,
E disse: «Quem é que ousou entrar
Nas minhas cavernas que não desvendo,
Meus tectos negros do fim do mundo?»
E o homem do leme disse, tremendo:
«El-Rei D. João Segundo!»

«De quem são as velas onde me roço?
De quem as quilhas que vejo e ouço?»
Disse o mostrengo, e rodou três vezes,
Três vezes rodou imundo e grosso.
«Quem vem poder o que só eu posso,
Que moro onde nunca ninguém me visse
E escorro os medos do mar sem fundo?»
E o homem do leme tremeu, e disse:
«El-Rei D. João Segundo!»

Três vezes do leme as mãos ergueu,
Três vezes ao leme as reprendeu,
E disse no fim de tremer três vezes:
«Aqui ao leme sou mais do que eu:
Sou um povo que quer o mar que é teu;
E mais que o mostrengo, que me a alma teme
E roda nas trevas do fim do mundo,
Manda a vontade, que me ata ao leme,
De El-Rei D. João Segundo!»
 
 
 
Nota: Esta publicação é também um momento de recordações. Um antigo colega - soube há pouco tempo que faleceu - era um excelente declamador deste poema. Tantas vezes lhe era feito esse pedido. 

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

UM CASO DE ORGANIZAÇÃO: A CCDR-LVT

Uma pessoa, manhã cedo, recebe o mail abaixo reproduzido e fica a meditar nos cuidados a ter com certas entidades deste país cada vez pior plantado. 
 
De há uns tempos para cá, sem reflexos evolutivos, são criadas novas siglas, bonitas, coloridas com aquelas cores que técnicos habilitados dizem ter mais impacto nos leitores, desde marinho que dá horizontes ao laranja cheio de (falsa) vitalidade.  
 
Uma tal CCDR-LVT, que numa insistente pesquisa ao seu site, despindo-o de alto a baixo e de lado para lado, não consegui a identificação mais completa, escreveu-me um e-mail a pedir-me o "Mapa resumo Prestação Contas 2013"...para o POCAL!
 
Mais ainda, cativante, reporta-se ao "exercício contabilístico de 1 de Janeiro a 29 de Setembro de 2013 da freguesia", bem como das "freguesias extintas" nessa data.
 
Andam uns tantos políticos embevecidos a chamar fregueses aos residentes, como gritava a D. Ivone, ilustre peixeira da Praça do Matadouro para vender o seu peixe, e logo eu é que sou avisado para prestar Contas.
 
Ainda por cima, a minha freguesia, a de S. Pedro de Penaferrim, que possuía uma riquíssima história de Sintra, com o Palácio da Pena e a Ermida de Santa Eufémia. Onde há uma feira com centenas de anos. Extinta por vendilhões.
 
Será que nessa tal CCDR-LVT andam às voltas sem saberem a quem se dirigir? 
 
Agora, para dar largas a hábitos antigos, debato-me com outro problema da nossa época, não posso rasgar a citação que a CCDR-LTV me enviou, mas apresso-me a publicamente aqui avisar os responsáveis para o cumprimento do pedido.
 
Alguém tem de prestar contas, pelo menos aos antigos fregueses. 
 
Mas que é um exemplo de organização não podem restar dúvidas...
 
 
 

terça-feira, 19 de novembro de 2013

SINTRA: FALTA UM "FESTIVAL DE DOÇARIA ROMÂNTICA"...

Sintra tem uma história riquíssima em doçaria, pelo que é de estranhar que, até hoje, ao nível oficial, não se tenha desenvolvido um Festival da Doçaria Romântica.
 
Já provou um delicioso pastel da CRUZ ALTA?

As Queijadas de Sintra (*) são famosas, mas há mais doçaria que não lhe fica atrás, gulosa, que deve ser consumida com moderação devido às elevadas calorias.
      
                       
 
É indesmentível que as queijadas da SAPA são as mais antigas. Mas as da PIRIQUITA talvez as mais conhecidas, privilegiadas pela fábrica estar no Centro Histórico.
 
                 
 
Excelentes são também as queijadas do GREGÓRIO e da CASA DO PRETO, esta também com umas mini-queijadas que nos sabem sempre bem.
 
      
   Depois da introdução, não comeria uma destas queijadas da SAPA?
 
      
 Que dizer de um bom travesseiro da PIRIQUITA, morninho, a meio da tarde?
  
      
      E as broas do Gregório, tão procuradas que se esgotam facilmente?
 
      
 
E que dizer dos FOFOS DE BELAS que, sendo mais leves, se podem comer logo pela manhã...ao longo do dia...e à noite, como iguaria de mestres. 
 
Outras especialidades, entre elas compotas e licores, são dignas de um FESTIVAL DE DOÇARIA, onde não falte a presença romântica de um bom vinho de Colares...
 
O patrocínio da Câmara Municipal, com apoios das Associações de Comerciantes e das Antigas Fábricas de Queijadas de Sintra, garantiria o êxito do evento.
 
Um FESTIVAL deste tipo seria uma verdadeira mostra da doçaria local, estimulando a veia artesanal e o surgimento de um novo tipo de comércio.
 
Fica a sugestão de alguém que apenas sabe fazer Bolo de Nozes de Sintra. 
 
 
(*) Permitam que sugira uma visita ao blogue http://riodasmacas.blogspot.pt/search?q=queijadas onde a história das queijadas de Sintra está feita de uma forma muito cuidada, digna do maior apreço.
 
NOTA: Por favor, quem tenha outras "relíquias" gulosas de Sintra, indique-as nos Comentários. Será sempre muito agradável conhecermos.
 
 
 

sexta-feira, 15 de novembro de 2013

SINTRA: PRECISA DE (MUITOS) MERCADOS DE NATAL...

APROXIMA-SE O NATAL...E SEUS MERCADOS

Um pouco pela Europa, cidades grandes e pequenas, praças, pátios e recantos, começam a ver montadas as casinhas que constituirão os Mercados de Natal.

Apoiados pelos municípios, muitos pequenos e médios artesãos, ou comerciantes dos mais variados ramos - artigos natalícios, imagens, artesanato, doçaria e outras ofertas de interesse popular - conseguem receitas que equilibram as suas economias.

Munique, no pátio da Residenz - Antigo Palácio Real e dos mais famosos Museus do mundo
 
Salzburg, numa das mais nobres zonas da cidade
 
O horário tem regras (de semana é sobre a tarde, mais alargado aos fins de semana, encerrando mais cedo aos Domingos, porque o dia seguinte é de trabalho).

Os Mercados de Natal são polos dinamizadores da economia local, oferecendo belos e agradáveis momentos de convívio - tantas vezes à volta de uma mesa alta - com circulação de muito dinheiro, mesmo que em pequenas compras.
 
gluhwein, que sabe sempre bem depois de se comer uma wurst desafiadora, é servido em canecas que têm um "depósito" entre 1 e 2 euros. Como poucas pessoas a devolvem, na prática constitui mais uma receita, enquanto na fábrica aumenta a produção.

Seria capaz de devolver uma caneca como esta? estampada e com relevo? 

Há desafios gastronómicos, bolos artesanais - entre eles uns de coco, divinais - e, se o estômago ainda tiver espaço, pode dar-se ao prazer de uma espetada de fruta coberta por chocolate quente, feita com todo o cuidado e qualidade.

Tudo isto, caros leitores, muitas vezes debaixo de flocos de neve, com temperaturas negativas, mas com famílias inteiras, com três e quatro filhos...

Ora, Sintra tem melhor clima, queijadas e doçaria, bom vinho, tem mesmo artesanato, tem empresas que poderiam patrocinar. Tem alma, pode ter iniciativa, pode organizar-se. Pode criar ciclos de envolvimento com concelhos vizinhos.

Claro que também tem morcegosaristocratas.

Bem vivos e reais, temos artesãos (para contrariar quem disse não existir artesanato em Sintra), temos pessoas com dinâmica para responder a realizações que levem a alegria às ruas do concelho, geradoras da participação popular.

Tivéssemos na Volta do Duche, na Heliodoro Salgado, em S. Pedro, nos Largos fronteiros aos palácios da Vila e de Queluz as casinhas dos Mercados e daríamos alma ao comércio regional, fomentando o fraterno convívio de gente rural e urbana.

É uma sugestão que fica, porque tudo é possível se existir vontade na sua realização.

Até os  "fantasmas do Éden"  dariam um ar da sua graça...esvoaçante.


 

quinta-feira, 14 de novembro de 2013

SINTRA: NOTÍCIAS DE OUTROS TEMPOS...

Por vezes deparamo-nos com notícias antigas que nos ajudam a pensar nos novos tempos e, até certo ponto, cruzar os dados e os factos.
 
E Sintra, tem cada história...
 
Do jornal "O Despertar", de 27.7.1924, retiramos este pedaço:
"PROPALA-SE...(...)
- Que vamos dar uma agradável e inédita notícia aos dirigentes do turismo local: a aristocracia, predilecta dos encantos de Sintra, à qual está ligada por tradições dos seus antepassados, ao contrário do que se propalava, e até era assente entre os mais graduados do turismo, "ponderou" e resolveu...
- Que só havia conveniência em frequentar o novo Casino, prestes a inaugurar-se, e por isso irão ali duas vezes por semana, mantendo a mesma linha de conduta que as famílias fidalgas manteem nas Caldas, na Figueira da Foz, etc.
- Que dado este inesperado congregaçamento, os concertos do Casino serão brilhantes, magnificentes mesmo, e, em compensação, os preços baixarão para o razoável."
"O Despertar" voltaria à carga em 3.8.1924:
"PROPALA-SE...(...)
- Que o congregaçamento da chamada aristocracia local (...) foi o resultado de repetidas "Démarches" e conferências entre os representantes da Causa monárquica, em ligação directa com a Sociedade de Turismo...
- De facto, tendo esta contribuído, com a força do seu oleaginoso caudal, para desalojar os republicanos da Câmara de Sintra, não fazia sentido que as forças monárquicas não dessem vida ao Casino, que, sem esse auxílio, seria um centro de aborrecimento. 
- Que verificada a exactidão destes conceitos, ficou acordado que a fina flor da causa deles frequentaria o Casino duas vezes por semana, baixando-se os preços de entrada para um quantitativo razoável."
Era assim há 89 anos...a aristocracia...os antepassados...

terça-feira, 12 de novembro de 2013

SINTRENSES A CAMINHO DE LISBOA...

Permitam a sugestão do recurso regular a um disco externo, salvaguardando documentos e fotos. Por comodismo não foi aqui feito. Perderam-se documentos e mais de 600 fotos que não mais poderão ser apreciadas.
 
Manhã cedo, vemo-nos no meio da população sintrense, milhares que enchem comboios, mães, crianças de colo, todos numa deslocação de sentido quase único que é preciso inverter para bem do desenvolvimento do nosso concelho.
 
Olha-se e nada se percebe do pensamento de multidões anónimas que caminham para Lisboa, tanta gente e tão solitária, mas dentro delas ou ao seu lado irá sempre algo de indestrutível, talvez fantasma da saudade e dos sonhos que nos perseguem.

De vez em quando, não a caminho do trabalho, vamos a Lisboa matar saudades.
 
Há sempre um motivo "forte", uma intenção ou o pretexto de refazer fotos perdidas, parecidas com muitas mas que não serão nem iguais nem da mesma época.
 
Ida a Lisboa tem rituais, obrigações: A primeira, na Casa Chinesa, comer o pastel de bacalhau que a D. Arminda logo coloca sobre o balcão; a segunda ir à Igreja dos Mártires, no coração do Chiado. A D. Micas - velha Amiga - às vezes, anda por lá.
 
 
Igreja dos Mártires, muito bem recuperada
 
Desce-se um pouco e a velha Pastelaria Marques (que saudades, meu Deus) mesmo ao lado de onde era a Império, travestiu-se de stradivarius e, em vez de local da bica, de conversas curtas, segredos e paixões, temos agora desfiles de modas sazonais.
 
Aqui se passavam bons momentos de convívio
 
Faltam Os Dezassete, a esquina onde era o José Alexandre perdeu aquele encanto de outrora. O Ao Último Figurino, depois do estranho incêndio que o destruiu nunca mais se conseguiu reerguer. O Eduardo Martins, de belas caixeiras, acabou.
 
Perto da estação do Rossio, a esventrada Calçada do Carmo mostra o antigo pavimento em paralelepípedos, nos quais os cascos dos cavalos escorregavam e faziam faíscas, quando as carroças cheias de legumes se dirigiam à Ribeira.
 
Os cavalos puxavam a carroça e os donos ajudavam na subida fazendo força nos raios das rodas
Por esta foto vê-se que ainda existe o anúncio da "Alfaiataria Modelo do Carmo - A Casa que apresenta Fatos - Sobretudos - Gabardinas - mais bem feito e mais barato" 
 
O regresso a Sintra obrigou a que o percurso não fosse tão longo como seria desejo, com recordações em cada esquina, histórias que hoje poucas pessoas conhecem. Um destes dias retomaremos os caminhos e as caminhadas.
 
O comboio, apenas com quatro carruagens, tem lugares vagos...o regresso de quem trabalha na grande cidade ainda não começou. Mais logo é a agitação do regresso, o corpo cansado, para muitos um longo trajecto antes de chegarem a casa.
 
Fica-me uma incerteza: nas corridas da manhã e da tarde, quantos destes sintrenses - tão sintrenses como eu - conhece a Vila Sede do nosso Concelho? Quantos, mesmo, nunca lá foram a não ser, eventualmente, por obrigações a cumprir?
 
Um tema para os responsáveis autárquicos meditarem...
 
 
 

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

SINTRA: A MORTE DE JORGE DE MELLO, UM SINTRENSE...

No passado sábado, morreu no Hospital CUF da Infante Santo, o empresário Jorge de Mello, nascido em Sintra há 92 anos.
 
Neto de Alfredo da Silva, foi das mais relevantes figuras do Grupo CUF.
 
Em sua homenagem, recorde-se a notícia publicada em 29 de Novembro de 1969 pelo JORNAL DE SINTRA, na sua Edição nº. 1860:
 
"O Dr. Jorge de Mello (...) ofereceu um terreno (no valor de 1.167.000 escudos) para a construção do novo Hospital de Sintra", situado no Vale de S. Martinho, entre o cemitério de S. Marçal e a povoação de Lourel".
 
Não viu concretizado o seu grande sonho de um Hospital para a população de Sintra.
 
 
 

sábado, 9 de novembro de 2013

DOMINGO, É DIA DA FAMOSA FEIRA DE S.PEDRO DE SINTRA*

Frutas, batatas, alhos e cebolas e bem perto uns enchidos e queijos verdadeiramente provocadores 
 
Segundo reza a história, a feira de S. Pedro de Sintra, melhor dizendo de Penaferrim, remonta ao século XII e nela podemos encontrar grande variedade de produtos hortícolas,  queijos e enchidos, pão e petiscos, tudo tipicamente saloio.

  Interessantes espécies galináceas e pombos-correio como opção aos e-mails
 
Os colecionadores encontram antiguidades misturadas com peças mais novas. Aí, é mais fácil explicarmos às crianças o tempo em que se estudava à luz do candeeiro a petróleo. Como se media o leite ou o vinho. A roupa passada com ferro a carvão. 

  Campainhas, sinos, utensílios tão variados levam-nos no tempo
 
Pode não comprar nada - o que será difícil - mas mesmo assim visite e desfrute de belos momentos na Praça D. Fernando II, que agora está mais arrumada e bonita.

E não parta sem duas coisas:

Comprar umas merecidas flores, ali à beira da estrada

Há sempre quem espere flores
 
E visitar a esplêndida garrafeira da Supremo Cristal, naquela esquina, à entrada, em frente da placa indicadora do caminho para Santa Eufémia.

A loja tem uma grande variedade de bebidas, licores conventuais e cerveja artesanal
 
É uma sugestão para passar, de forma descontraída, uma boa parte do seu Domingo.
 
Desejo que o passe bem.


(*) A Feira de S. Pedro realiza-se aos 2º. e 4º. Domingos de cada mês, salvo algum programa especial.


 

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

SINTRA: 1912 - O GRANDE CASINO CINTRENSE...

Quando na Sessão de Câmara de 5 de Novembro de 2012 foi aprovado que o edifício do Museu de Arte Moderna se passasse a chamar Casino de Sintra, considerou-se uma notícia publicado no jornal "O Século" em 27 de Julho de 1924.

Outros considerandos citavam que aquele espaço já tinha sido utilizado para salões de exposição, bailes e festas, bem como  matinés e soirés dançantes.

Por curiosidade, 12 anos antes da notícia de "O Século", era anunciada a "Inauguração do Animatographo" no "Grande Casino Cintrense", com um "Concerto por um magnífico quarteto de professores de Lisboa". Era este o anúncio:
 
 
Nesta conformidade, onde terá existido o Grande Casino Cintrense, que em 1912 se anunciava como "A primeira casa de espectáculos de Cintra"?
 
Tenho procurado saber onde seria o tal "Grande Casino". Já me sugeriram ter sido no local onde hoje é o Café Paris, outros que era na Casa de Teatro, hoje ligada ao Chão de Oliva e Companhia de Teatro de Sintra. Sem resultado.
 
Para ajudar, uma notícia de "O Concelho de Cintra" nº.26, de 10 de Junho de 2011: 
 
"FESTA NO CASINO
 
Realiza-se no dia 10 do corrente, no grande Casino Cintrense, uma soirée dançante, promovida por um grupo de caixeiros de Lisboa, com a coadjuvação dos de Cintra, dedicado às gentis damas cintrenses, e como homenagem à grande commissão dos bailes do carnaval passado.
 
Esta feste é puramente particular e para a qual são feitos convites especiaes, é revestida do maior brilhantismo, havendo n'esta noite um vistoso colilon, para o qual as damas estão trabalhando com bastante actividade, confeccionando lindas marcas. 
 
Á uma da madrugada será servido um chá oferecido pela commissão. Abrilhanta esta festa a troupe 31 de Janeiro".
 
Não consegui apurar se era - realmente - de um baile que se tratava. Provavelmente, tendo em conta a data do jornal e coincidência com a da "Festa" (10 de Junho), talvez se tratasse das habituais trocas de galhardete  entre forças republicanas e monárquicas.
 
Mas aqui fica...é a história.
 
 
 
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quinta-feira, 7 de novembro de 2013

PASSARAM 96 ANOS SOBRE A REVOLUÇÃO RUSSA

Segundo o Calendário gregoriano (o nosso), hoje - 7 de Novembro  - perfazem-se 96 anos sobre a segunda fase da Revolução Russa. Pelo Calendário Juliano a data reporta-se a 25 de Outubro.

Também se deve referir que a Revolução Russa teve duas fases: a Revolução de Fevereiro e a de Outubro, aquela a que nos estamos a referir.

A Revolução de Outubro, liderada por Lenin, viria a dar origem à União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, estado independente que existiu entre 1922 e 1991.

Uma longa história poderia ser relatada, com incidências boas e más na vida dos povos, apoiantes e inimigos, progressos e atrasos. A alusão à Revolução Russa foi um excelente pretexto para lhes mostrar uma moeda talvez única em Portugal:

Moeda Comemorativa dos 50 anos da Revolução Russa, que circulou na URSS
 
Tinha o valor de 1 Rublo
 
1917-1967, 50 anos da Revolução Russa
 
As mudanças que o mundo sofreu. As novas sociedades e as desilusões. Algumas contradições no socialismo, entre elas o aburguesamento, deram espaço aos capitalismos desenfreados, assassinos sem rosto, sem regras, sem princípios.
 
Hoje, milhões de seres humanos arrastam-se pelo mundo sem comida, sem espaço digno para dormirem, escravizados pelos detentores do poder económico conseguido à custa do trabalho árduo e quase escravatura dos que lhe produzem a riqueza.
 
Daí que novas convulsões se avizinhem. A médio e curto prazo, a continuidade de políticas de repressão económica e social levará os oprimidos e explorados para patamares de luta em que o risco de vingança não estará excluído.
 
Foi assim em 1917.
 
Seria bom que os governantes meditassem nisso.
 
 
 
 
 
 

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

SINTRA: "FANTASMAS DO ÉDEN" TRAVAM DESENVOLVIMENTO...

QUINTA DE SANTA THERESA, UM PROJECTO DE 2006

Há muitos anos que na Quinta de Sta. Theresa o património edificado e vegetal se degrada tão aceleradamente que tudo se torna praticamente irrecuperável.
 
 
disto gostam os "fantasmas"...
 
 
As imagens mostram bem o que resta da bela Quinta de outrora
 
Em 2006, depois de adquirida por um empresário sintrense, foi apresentado na Câmara Municipal de Sintra um projecto para uma unidade hoteleira de luxo - 5 estrelas - num empreendimento avaliado em 25 milhões de euros.
 
Mostram-se algumas imagens do projecto, para a devida apreciação:
 
Os mesmos edifícios depois de recuperados

Com afundamento, seriam cerca de 80 quartos, restauração, salas de reunião, SPA e health club
 
Situado numa zona nobre de S. Pedro, aos poucos cada vez mais deserta e com comércio local muito necessitado de clientes, o Hotel projectado seria um bom contributo para combater a crise que se tem instalado e para o turismo empresarial.
 
Foi muita a expectativa pela entrega do Projecto, quer pela recuperação da Quinta quer pela possibilidade de novos negócios, mesmo dentro do Hotel.
 
Moveram-se legalistas, pseudo legalistas, gente que ainda vive em 1949 quando De Gröer fez o Plano de Sintra. Tudo serviu para travar, até se invocou não existir artesanato em Sintra. Não serviu de emenda o que se passou com a Bristol...
 
Em 19 de Maio de 2010, o promotor do empreendimento lamentava que "nos tempos que correm se deixe para trás um investimento destes". Diria mais: "Falta pôr o carimbo do presidente e já estamos neste estado de coisas há dois anos".
 
Estamos em finais de 2013, passaram 7 anos, o Presidente de que se esperava a aprovação já abalou de Sintra e, naquele espaço, cada vez se perde mais a história.
 
Fantasmas do Éden amedrontaram o carimbo. O "espírito do lugar"  finou.
 
Fantasmas que por aí andam, vestidos de negro ou outras cores, só podem estar orgulhosos pela vitória alcançada, aliás bem espelhada nas fotografias cimeiras e que, a Sintra, só podem envergonhar.
 
Foi assim que Sintra caiu para níveis que nunca tinha atingido.
 
Sintra não pode depender de fantasmas.
 
 
 
 

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

SINTRA: HOJE, AMANHÃ E DOMINGO, TEMOS ELÉCTRICO...

REGRESSAR A 2004 E À (RE)INAUGURAÇÃO DO ELÉCTRICO
 
O eléctrico que fez o percurso "inaugural" com artistas que participaram na festa em 4.6.2004
 
Uns tempos antes de ser (re)inaugurado o histórico Eléctrico de Sintra, no trajecto da Vila Alda em Sintra à Praia das Maçãs, foi sugerido que ao longo do caminho, em locais que permitissem a leitura, se colocassem algumas alusões ao evento.
 
Tal sugestão, pela certa julgada descabida - o que se admite - não teve resposta.
 
Dela faziam parte alguns poemas, dos quais aqui se reproduzem dois:
 
O ELÉCTRICO
 
Dirão que foi absurdo a tantas gentes,
cortar a linha da Vila às Azenhas,
Ninguém ter lutado em várias frentes,
impedindo que viessem matas brenhas,
Que de força e vontade fossem crentes,
nem que da serra tirassem negras penhas.
Ao Povo, a história destruíram,
Talvez outros interesses se serviram.
 
Em breve, os eléctricos voltarão,
se possível, com mais força do que dantes,
Braços abertos, um novo coração,
servindo, sobretudo, os viajantes,
Linguagem viva, consideração,
fazendo amigos nos seus passeantes.
Promessas de amor, serão de certeza,
Por estes caminhos de tanta beleza.
 
Em breve estarei por aqui, 
 
                                                      O Eléctrico de Sintra
 
AMORES NA LINHA
 
Tive uma máquina no Banzão,
De poucos cavalos mas muita alma,
Com o tempo, baixou-lhe a pressão,
Perdeu a força e ficou mais calma.
 
Levei-a a Colares num domingo
De calor, o rio cheio de gente,
Depois à sombra dum velho gotingo,
 Procurei sossegar a sua mente.
 
Arrastou-me, teimosa, às Maçãs,
Deitou faíscas, comeu electrões,
Fundiu o amor com palavras vãs,
Unindo, assim, as nossas paixões.
 
Nas Azenhas, era bom namorar,
Com a brisa fresca junto à linha,
E quando tínhamos de abalar,
O fluxo estático nos retinha.
 
Puxava-me bem até à Ribeira,
Depois a subida com motor forte
Até às nuvens, sem grande canseira,
Orgulhosos sempre do nosso porte.
 
Num dia triste, fomos apanhados,
arrumados, ninguém mais nos olhou.
Vamos ter corações recuperados,
Esperança de novo nos voltou.
 
                                                             O Eléctrico de Sintra
 
10.3.2003
 
O Eléctrico viria a sofrer novas paralisações. Roubos. Histórias e reportagens.

Até um Presidente de Câmara permitiu que lhe chamassem "comboiozinho" sem corrigir a entrevistadora, antes ele próprio também a dizê-lo.

Importa é que está vivo, corre nas linhas, aos esses num caminho encantador.

O Eléctrico de Sintra é de todos os dias
 
Talvez um destes dias volte a servir visitantes e residentes em todos os dias da semana, porque o desenvolvimento turístico de Sintra não se pode compadecer com este histórico transporte apenas às Sextas, Sábados e Domingos.

De segunda a quinta  guardados na garagem da Ribeira