sexta-feira, 2 de novembro de 2018

SINTRA: CONGRESSO E DESCONSIDERAÇÃO A JORGE COELHO

"Eu é que tenho de sair daqui? Oh diabo isso é que é pior. Já repararam que eu estava a dizer coisas importantes, mas tinham-me dado indicações para encher um bocadinho de tempo até ele chegar. Vejam lá ao que uma pessoa está destinada na vida" (Jorge Coelho quando teve de se retirar pela chegada do Presidente da República)

A respeitabilidade devida a Jorge Coelho

Independentemente das opiniões pessoais, Jorge Coelho não é um político qualquer. Foi Ministro e destacado militante do Partido Socialista e suas Estruturas. 

Antes do 25 de Abril lutou contra o fascismo e depois não precisou de meter-se na democracia e andar à procura de onde lhe satisfizessem ambições pessoais.

Ao ser escolhido para Presidente do Conselho Estratégico Empresarial de Sintra destacou-se para as responsabilidades do cargo, justificando a maior consideração.

Ficará na história da deselegância política o que sucedeu na parte final do Congresso Sintra Economia 20/30 com a desastrada retirada de Jorge Coelho quando falava.


"Eu é que tenho de sair daqui?

A expressão de Jorge Coelho é elucidativa. Se a ilustre plateia em vez de bater palmas tivesse exigido saber das Conclusões do Congresso seria mais adequado.

Em nosso nome pessoal, como sintrense, o pedido de desculpas a Jorge Coelho pela forma pouco elegante como lhe fizeram terminar a participação no Congresso. 

Falhas que são mais que de ideologia

Basílio Horta, apesar da sua forte vocação para o tecido empresarial, teve a gentileza de uma ou duas vezes utilizar a palavra "trabalhadores", facto muito gratificante.

Falou em "nossos trabalhadores", "desenvolvimento inclusivo", até no combate à "crescente concentração da riqueza". Quem imaginaria...

Quando disse: "Que a riqueza nacional por todos criada seja por todos distribuída de acordo com o seu trabalho e as suas necessidades" terá lembrado - pelo menos a um assistente - a frase de Louis Blanc que depois foi usada por Karl Marx. 

Teve outro destaque: "quem trabalha e vive do seu salário em Sintra tem de ter uma vida pessoal e familiar digna, digna de pessoa humana e do cidadão que é".

Pela certa Sua Excelência conhecerá pessoas que não serão humanas... 

Apesar disso, constando a CGTP e a UGT como membros do Conselho Estratégico Empresarial, nenhum desses representantes dos trabalhadores esteve no painel.

Promessas com barbas e muito dinheiro

Não perderemos tempo com as novas visões anunciadas por Sua Excelência, algumas delas também anunciadas há anos e agora recuperadas para enchimento.

Recuperou o "novo hospital" (que não terá todas as valências de um hospital) e os "novos 5 centros de saúde", que já tinha anunciado anos antes. 

Destacou o parque da Cavaleira, "o último que já está en funcionamento".

Parque da Cavaleira "em funcionamento"...com a renda mensal de 10.000 euros 

Foi um rosário de milhões e mais milhões, 160 até 2021 (ano de eleições) para as mais variadas distribuições, acumulados sem aplicação desde 2013...

Apenas dois destaques

Valeu a intervenção de Joana Pascoal que colocou o Turismo na ordem do dia e citou especificamente a anarquia que a Câmara tem permitido junto à CP. 

Poderia, no entanto, ter citado que a passagem do Turismo de Sintra para Lisboa foi acordada com António Costa, agora Primeiro-Ministro e que estava presente. 

Pouco valeu a intervenção do presidente da CP. Certamente amedrontado com promessas do que teria de explicar, entrou no campo fácil de baralhar as respostas. 

Misturou - no desejado serviço a Sintra - as circulações de Alcântara-Terra para Castanheira do Ribatejo, ou de Azambuja que vão para Santa Apolónia. 

Falou em números...muitos números...sexos de utentes e idades...mas...

Omitiu que em Sintra só chegam diariamente 39 comboios vindos do Rossio; mais 59 vindos de Oriente e 14 de Alverca. E a Meleças chegam 37 vindos do Rossio. 

Talvez por não chegar a Sintra de comboio, o presidente da CP desconheceu que dantes havia 4 ligações por hora (directas ao Rossio) e agora só são feitas duas.

Neste quadro, falar-se de serviço ao turismo quando os passageiros são penalizados com tempos de espera, transbordos e comboios suprimidos é uma falácia. 

Desta vez, que coisa, nem Sua Excelência nem Jorge Coelho questionaram o presidente da CP depois do que disseram que teria de ser esclarecido no Congresso.

Assim se completou mais uma jornada de propaganda. 


4 comentários:

Joao Diniz disse...

excessivas ref. ao "novo hospital" e nenhumas ao saneamento básico. A Vila não tem saneanento básico e parte de S. Pedro tb ainda nâo. Controle de fóssas é inexistente. Recentemente fizeram-no em parte de S.Pedro mas foi mal feito. Meio desastre.O congresso teve partes interessantes, como por exemplo dizer-se que diàriamente saiem do concelho 11.000 licenciados, para trabalhar. As potencialidades na agricultura, com frutos tropicais, sao interessantes. À tarde não pude estar

Fernando Castelo disse...

Caro João Diniz,

Cada vez mais, quem ama Sintra, sente a desolação perante os políticos de má qualidade que nos vão governando.

O actual Presidente umas vezes diz uma coisa...outras vezes o contrário...mas tem sempre uma preocupação: os endinheirados...as obras...os milhões disponíveis (que são nossos) e ele retém sem aplicar para o bem público, alguns como o meu Amigo aponta.

Vai estando por aqui...mas parece-me que se anda a oferecer para um cargo mais alto...se tivermos em conta tudo o que disse e propagandeou no recente Congresso.

Vamos resistindo...temos de resistir...

Grato

a disse...

A entrada em cena de Dom Coelhone, a preparar o seu futuro, como se isso não estivesse já mais que assegurado.

Fernando Castelo disse...

Caro ou cara visitante, a situação que decorre é interessante: Numa perspectiva de "cristandade" um parece querer ser - ainda - candidato para um novo mandato, seguindo as pisadas de um do passado em que a cadeira foi fatal...senão ainda nos governava. Para isso, precisa das boas graças de um outro que é bem mais influente e que tem um largo espaço empresarial.

Só que, precisando de mostrar o segundo com certa intimidade realizadora (ou de intenções nesse sentido) Coelho é que fica na posse dos conhecimentos do concelho e, pelo sim, pelo não, é sempre melhor ser calado...