Homenagem aos Trabalhadores
Talvez pela proximidade da Quadra Natalícia ou por bondade intrínseca que possam ser apanágio do presidente da Câmara, recentemente falou de trabalhadores.
No Congresso 20/30, quantos assistentes (diz-se que muitos funcionários da Câmara...) terão ficado siderados ao ouvir - de viva voz - "nossos trabalhadores".
E mais: "Quem trabalha e vive do seu salário em Sintra tem de ter uma vida pessoal e familiar digna, digna da pessoa humana e do cidadão que é".
Depois o crescimento "que combata a crescente concentração da riqueza" e que seja "por todos distribuída de acordo com o seu trabalho e as suas necessidades".
À cautela, contrapôs com uma "saudação especial para os nossos empresários", e falou numa "política fiscal amiga de quem investe e cria riqueza para o país".
Perante esta curiosa posição política, nenhum representante sindical ou defensor dos direitos dos trabalhadores solicitou a aclaração do dito por Sua Excelência.
Constando a CGTP e a UGT como integrando o Conselho Estratégico Empresarial, se presentes, deveriam ter intervido na defesa de milhares de trabalhadores.
Foi pena, já que algum diluído representante das vanguardas se silenciou, quando havia espaço para dar voz aos criadores da riqueza: - os trabalhadores.
Por tal falha, a atenta assistência ficou sem saber dos trabalhadores (de Sintra) que saem de casa antes das cinco da manhã ou a ela regressam depois das 24 horas.
Que alguns almoçam por volta das 10 horas da manhã e outros jantam às seis da tarde, conforme os turnos em que estão prestando a sua colaboração.
Que muitos só trabalham quatro horas por dia, outros só aos Sábados e Domingos, e por força dos horários - sem transportes públicos - são obrigados a ter viatura.
Podemos garantir saber de casos em que mães, com certos turnos, não vêem filhos com menos de dois anos durante mais de 24 horas...
Em breve (com alheamento de estruturas sindicais e políticas?) uma superfície encerrará às 24 horas, saindo muitos trabalhadores por volta da Uma da manhã!
Sua Excelência, enquanto pedia "apoios claros às empresas", manifestava "confiança nos trabalhadores do concelho" felizmente sem dizer "Trabalhem...trabalhem..."
Na selecta assistência - sem convites e assento para trabalhadores com a vida familiar desestruturada - até que ponto seria bocejante conhecer-se a realidade?
Foram pois, assaz piedosas, as palavras de Sua Excelência no Congresso...
Pela nossa parte entendemos perfeitamente.
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