Um pouco de mistério. Roteiro sempre belo por Lisboa.
Como é bom beber cultura junto desta Fonte.
FONTE DO POETA
"Nesta fonte que fala na surdina
de qualquer coisa que eu não sei ouvir
matei agora mesmo a minha sede
e sentei-me ao pé dela a descansar.
Não havia no ar mais do que a luz
finíssima da tarde num adeus...
uma luz moribunda e solitária
a despedir-se frágil pelos céus.
E à medida que a luz se diluía
nas sombras que nasciam lentamente
a fonte no silêncio mais se ouvia,
mais límpida, mais pura, mais presente.
Anoiteceu. Ninguém só a voz dela
só essa voz...ao longe num desmaio,
o timbre vivo e pálido de um grito
levantei-me. Deixei-a. Tristemente
acendeu-se uma estrela no infinito."
António Boto
Vejamos a fonte numa outra perspectiva de grande beleza:
Esta belíssima peça, escondida numa Rua que é mais um Largo, reflecte a sociedade em que a homossexualidade era marginal... mas António Boto (também Botto) assumiu-a, mesmo sendo casado.
Não é fácil lá chegar...mas a fonte é um momento de arte e saber.
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