quinta-feira, 26 de setembro de 2013

SINTRA: FERNANDO SEARA E A ÚLTIMA SESSÃO PÚBLICA

Atempadamente (Edital 160/2013, de 31 de Julho) o Sr. Dr. Fernando Seara, estando de Presidente, encerrou as relações institucionais com os munícipes ao desmarcar a última Reunião Pública em que eles poderiam falar, calendarizada para 21 de Agosto.

A institucional despedida dos munícipes foi assim silenciada, como um desafecto depois dos afectos, desligando-se dos sintrenses. Não foi a forma mais adequada...

Passámos a ter o Sr. Dr. Fernando Seara mais ligado a Lisboa, enfatizando - na apresentação da nova candidatura - os "12 anos a cumprir escrupulosamente as obrigações que assumiu com os munícipes de Sintra".  Vejamos, então:

Fui dos sintrenses que criaram expectativas com Fernando Seara, na convicção de que a mudança traria novos projectos e melhoria da qualidade de vida sintrense.

Relevante ter-se mostrado sensível a não aprovar o silo automóvel na Volta do Duche, procurando outras soluções para o trânsito no Centro Histórico. Passaram 12 anos e parte do local preservado é agora usado para auto caravanismo selvagem.

No primeiro mandato, Fernando Seara fez roteiros pelas freguesias, surgiram promessas e, simpaticamente, dava pinceladas que apontavam o mandato seguinte como de obras, desbloqueamento de situações arrastadas e linhas de progresso.

Em 2002, falava num "Concelho de Excelência", "eixos de desenvolvimento" e "proposta de Revisão do PDM" a partir "da primeira quinzena de Maio" desse ano. Em Janeiro tivemos a "Cidade das Crianças", que seria em exclusivo para Portugal.

Depois, 92 quilómetros de Ciclovias, piscinas nas freguesias, Casa das Selecções em Almargem, melhores transportes; uma herança de mais de 100 Áreas Urbanas de Génese Ilegal que se esperava resolvida. Passados 12 anos estão à vista...

Em cultura, a promessa do Museu de Dorita de Castel Branco tocou-nos. Perdemos.

Uma (onerosa) equipa do Prof. Braga de Macedo, estudou em 2005 o "Plano de Desenvolvimento Estratégico para o Concelho de Sintra - Sintra Ideal em 2015", um investimento muito positivo se levado à prática. Estamos em 2013 e que se sabe? 

Estes objectivos e promessas, levaram-me a dar o melhor apoio nas eleições de 2005, já que as condições para o seu cumprimento eram ideais. Confiei num segundo mandato que seria a concretização de tudo o que, acreditando, serviria Sintra.

Com que nos deparámos?

Os sintrenses, ao invés de assistirem à concretização de promessas directas ou induzidas, foram sendo salpicados por entrevistas, reportagens, frases bonitas, Byron e Herculano, sem que os saltos evolutivos tenham surgido.

Os exemplos dados de promessas não concretizadas não são marginais à gestão sustentada do território, já que poderia influenciar qualitativamente o desenvolvimento de Sintra. Arrastadas no tempo, acabamos por ficar na mesma.

Desiludido, nas eleições de 2009 afastei-me de apoiar o Sr. Dr. Fernando Seara, não estando em causa as simpatias pessoais que ele justifique, mas a prática política de promessas não executadas, situação que não podia ser escamoteada. 

Nessa campanha, Fernando Seara diria: "A câmara está disponível para comparticipar o hospital público em Sintra. Pelo que me foi dito, esta opção está definida no Plano de desenvolvimento estratégico do Amadora-Sintra para 2010". Onde está?

Foram 12 anos de promessas efectivas e alusões a outras,  que não se viriam a concretizar. O Eléctrico Histórico beneficiou de um mecenato de 2.500.000 de euros para a sua recuperação. Descarrilou a promessa de chegar à Estação da CP.

Insistiu-se na invocação de apoios a famílias e crianças carenciadas,  talvez de bons resultados eleitorais, mas criando uma inadequada imagem miserabilista do concelho.

Muitas empresas foram fechando, sem estímulos à sua manutenção para garantir os postos de trabalho, a forma mais social de se apoiar as famílias.

Não admira, pois, que em Agosto de 2004 existissem - oficialmente - 17.213 inscritos no Centro de Emprego, número que no mesmo mês de 2013 atingiu os 22.098.

Os transportes públicos rodoviários e ferroviários pioraram, causando transtornos aos utentes. A Coroa Urbana continua a chegar só ao Cacém. Os transportes rodoviários são caríssimos e os idosos não beneficiam de descontos.

Neste quadro, Sintra caiu no ranking dos municípios portugueses do 5º para o 129º lugar, o que é totalmente desadequado ao prestígio e à imagem de todos nós. 

Em tese, quando o Sr. Dr. Fernando Seara apresentou a candidatura a Lisboa, certamente entusiasmado, deve ter desvalorizado importantes pormenores - alguns aqui lembrados - e que foram marcos da sua passagem por Sintra.

"12 anos a cumprir escrupulosamente as obrigações que assumiu com os munícipes de Sintra" (Seara dixi...). Interessante...



Nota: Nestes 12 anos, foi total o envolvimento e a confiança política em Marco Almeida, seu Vice-Presidente, candidato dito "Independente" que até à última Sessão Camarária em 9 deste mês, não se desligou da Coligação do PSD e CDS.

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