segunda-feira, 29 de outubro de 2012

SINTRA: A QUEM INCOMODA A (ÚNICA) ZONA PEDONAL?

Por esse mundo fora, os responsáveis locais - servindo pessoas - criam zonas pedonais muitas vezes aproveitadas para diversos eventos culturais e artísticos.

Istanbul, TUR - rua pedonal com 2 km de extensão

Em Istanbul, cidade com 14 milhões de habitantes, a rua pedonal parte da Praça Taksim e nela apenas circulam o eléctrico e viaturas específicas de apoio local.

 Christchurch, NZL, rua pedonal

No centro de Christchurch, apenas o eléctrico circula na rua reservada a peões, permitindo esplanadas e acessos fáceis a estabelecimentos comerciais.

Salzburg, AUT

Em Salzburg há mesmo uma rede pedonal, sem carros, para usufruto dos visitantes.

Tantos outros exemplos justificariam como os peões são considerados lá fora.

Isso no resto do mundo, porque em Sintra, ciclicamente, surgem arremessos contra a única rua pedonal existente, por sinal bem fora da área dita nobre que é a Vila Velha.

A zona pedonal - única concessão feita em Sintra ao direito dos peões - corre sempre o risco de ser vista como verdadeiro incómodo para alguns automobilistas.

Se a cultura dos locais tiver como figurino dar lugar ao automóvel, não vale a pena citar-se ou dar exemplos de como se faz lá fora.

Para terminar, retomo um artigo meu, com o título "SINTRA, dê-se espaço aos peões" publicado em Junho de 2004 no Jornal de Sintra, do qual se destaca:


"A passagem do eléctrico – compromisso já assumido - trará nova vida ao local, devendo os parceiros comerciais ter esse facto na devida conta, com resposta às necessidades dos futuros clientes. Sendo certo que a Estefânia não tem donos, é bom que o comércio local não se constitua em fonte de contestação sempre que algum empresário ou comerciante queira oferecer aos visitantes alternativas de comércio ou utilização do espaço.

Substituir o pavimento por outro mais seguro e adequado à história do local e a intensificação de medidas coercivas para a recuperação de imóveis degradados, têm sido subscritas por técnicos camarários.

Claro que têm surgido à mistura com as justas ansiedades, frequentes alusões à abertura da circulação automóvel, talvez porque já nos tenhamos esquecido da confusão que existia antigamente.

Não é de acreditar que os moradores da Heliodoro Salgado, agora com edifícios recuperados, vivam saudosos da antiga poluição, causada por viaturas que apenas atravessariam Sintra a caminho das praias.
 
Se alguns residentes, que não da Heliodoro Salgado, querem usá-la para evitar o trajecto da Portela, então que o digam abertamente, para que não se viva no meio de confusões que ninguém aproveita.

Se excluirmos, por uma questão de boa-fé, que o objectivo nuclear do “limite da paciência” não passa pela abertura da circulação automóvel, então não ficam muitas mais questões por resolver.

Destaca-se, no entanto, a exigência de construção de parques periféricos dissuasores, com transportes públicos que respondam às necessidades dos visitantes e residentes. Mas este é um problema de toda a Sintra e não específico da Estefânia.

Diga-se, a propósito, que em fins-de-semana, principalmente, o parque de estacionamento junto ao Urbanismo está quase vazio, embora se encontre a menos de 100 metros da zona pedonal.

Não deixará, nestas condições, de ser curioso que se invoque Sintra e seu Património pelas mais diversas razões, mas se desvalorize a existência de zonas para peões.

Andamos pelo mundo, falamos de cidades históricas e classificadas pela Unesco, onde existem grandes zonas libertas de automóveis que deram lugar ao culto pela flor, com esplanadas cheias de vida e de convívio, mas não conseguimos conciliar a nossa vida com a micro zona pedonal da Estefânia.

Num ponto de vista que se afigura mais justo, é fundamental que se dê, sim, cada vez mais espaço para os peões."


Talvez tudo tenha ficado um pouco mais claro...até uma próxima tentativa...



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