sexta-feira, 26 de outubro de 2012

REVISITAR LISBOA...PERCURSOS ANTIGOS (I)

Revisito regularmente Lisboa pela memória que temos e pelos sonhos que lá ficaram.

Parto num combóio diferente do que, há quase 60 anos, funcionando a vapor, fazia o percurso quase no mesmo tempo, gratificando os passageiros com apitos, com o pouca-terra...pouca-terra, as descargas de vapor e fuligem pelas carruagens.

Nas estações, em dias certos, havia por lá umas caixas castanhas nas gares, que eram depois metidas no furgão da composição e tinham...o dinheiro da receita das bilheteiras. Um vez, na Cruz da Pedra, o combóio foi assaltado e levaram a massa...

Em Campolide, sempre que lado a lado corriam os combóios de duas linhas (Sintra e Azambuja), a rapaziada do meu tempo fazia o treino de saltar de um para o outro, sempre que os varandins das carruagens verdes ficavam pertos. Era a aventura...

Lá ia eu ao "Rossio 11", no Diário de Notícias, colocar a resposta a algum anúncio para quem quizesse trabalhar. Nessa época as cunhas eram raras.

Em 1953, a caminho do trabalho, habituei-me a todos os dias namorar as montras da Casa Chineza, logo ali à entrada da Rua do Ouro, onde os folhados - para mim inacessíveis - me provocavam.

Poucos anos depois, passei a frequentar quase diariamente, esta casa centenária, onde se podia beber, a qualquer hora, o melhor café de saco de Lisboa:

Continua a ter montras com as melhores iguarias

No chão, em calçada portuguesa, a identidade

Quando vou a Lisboa nunca falho. É o meu primeiro percurso para comer pelo menos um dos fabulosos pastéis de bacalhau que lá fazem. Não conheço melhores. 

Revejo pessoas que lá trabalham há dezenas de anos, especialmente a D. Arminda que me pergunta sempre: "Quantos pastéis quer levar?". 

Depois sigo outros caminhos e recordações...que fazem parte da vida.



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