Horas felizes...
Liga-se para a Câmara, a voz masculina que não nos escuta insiste: "Se pretender falar para...marque x"..."se pretender falar para...marque y". Nem agradecemos...
Escolhida a Opção 9, dessa vez uma voz atenciosa, sem disco ou falsete, teve a amabilidade de nos escutar e passar a chamada aos serviços respetivos.
No atendimento seguinte, diga-se que com a máxima correção, ficou-nos a convicção de existirem dificuldades na resposta, levando ao recurso a uma Colega.
Com a "ajuda" da orgânica camarária, o tempo voltou para trás pelo menos 50 anos.
O Passado...
Revisitámos a Repartição Pública, o funcionário que, com manguitos acetinados, protegia as mangas do casaco, não fosse a tinta de escrever ainda fresca, sujá-las.
Rosa, o mata-borrão de feitio e marca Tank e lixívia para comer a tinta derramada.
Na parede - destacadas - as fotos dos responsáveis máximos pelo atraso do Povo, em frente sentava-se o Chefe, tantas vezes por ser membro da União Nacional.
A fornada dos fascistas em formação - que iriam vingar - cedo se destacava, exigindo que à sua passagem todos se levantassem e lhes abrissem portas de par em par.
Eram penas. A folha de papel azul, de 25 linhas, com que tinhamos de requerer a "Vossa Excelência" que autorizasse sermos Eleitor, subscrevendo "A Bem da Nação".
As dificuldades convertiam-se em braços abertos se envolvendo figuras da estrutura política (Assembleia Nacional, Câmara Corporativa ou União Nacional).
Era o trato reverencial, meio curvado: "Sua Excelência", "Vossa Excelência" de que hoje, infelizmente, se lobrigam exigências e práticas.
Eram requerimentos e requerimentos. Folhas de Papel Selado (5 escudos), repetidas pois a burocracia não aceitava escritos fora das margens impressas no documento.
Para os Selos Fiscais havia, quase sempre, frascos com cola e pincel disponível - não fossem os selos fugir - e, sendo muitos, colavam-se no verso da Folha.
Na minha ignorância, nunca tinha imaginado o que poderia sofrer para adquirir um dístico que avisasse quem estaciona em falta, de que algo deveria respeitar.
Só queria licença (assim está disposto) para adquirir um dístico que pudesse ajudar-me a entrar ou sair da minha residência sem ter de procurar quem estacionou.
Desistimos sem esquecer as mangas de alpaca e como, em Junho de 2022, ainda não se passou da cepa-torta.
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