segunda-feira, 20 de junho de 2022

SINTRA: CÂMARA "AJUDOU-NOS" A REVIVER O PASSADO...

Horas felizes...

Liga-se para a Câmara, a voz masculina que não nos escuta insiste: "Se pretender falar para...marque x"..."se pretender falar para...marque y". Nem agradecemos...

Escolhida a Opção 9, dessa vez uma voz atenciosa, sem disco ou falsete, teve a amabilidade de nos escutar e passar a chamada aos serviços respetivos.

No atendimento seguinte, diga-se que com a máxima correção, ficou-nos a convicção de existirem dificuldades na resposta, levando ao recurso a uma Colega. 

Com a "ajuda" da orgânica camarária, o tempo voltou para trás pelo menos 50 anos.

O Passado...

Revisitámos a Repartição Pública, o funcionário que, com manguitos acetinados, protegia as mangas do casaco, não fosse a tinta de escrever ainda fresca, sujá-las.

Rosa, o mata-borrão de feitio e marca Tank e lixívia para comer a tinta derramada.

Na parede - destacadas - as fotos dos responsáveis máximos pelo atraso do Povo, em frente sentava-se o Chefe, tantas vezes por ser membro da União Nacional.  

A fornada dos fascistas em formação - que iriam vingar - cedo se destacava, exigindo que à sua passagem todos se levantassem e lhes abrissem portas de par em par.

Eram penas. A folha de papel azul, de 25 linhas, com que tinhamos de requerer a "Vossa Excelência" que autorizasse sermos Eleitor, subscrevendo "A Bem da Nação".

As dificuldades convertiam-se em braços abertos se envolvendo figuras da estrutura política  (Assembleia Nacional, Câmara Corporativa ou União Nacional). 

Era o trato reverencial, meio curvado: "Sua Excelência", "Vossa Excelência"  de que hoje, infelizmente, se lobrigam exigências e práticas.

Eram requerimentos e requerimentos. Folhas de Papel Selado (5 escudos), repetidas pois a burocracia não aceitava escritos fora das margens impressas no documento.

Para os Selos Fiscais havia, quase sempre, frascos com cola e pincel disponível - não fossem os selos fugir - e, sendo muitos, colavam-se no verso da Folha.

Selos Fiscais a que se chamava "Estampilha Fiscal" (tenho alguns)

Os Serviços Públicos geriam a burocracia ("não devia ter escrito"..."tem de fazer outro a pedir deferimento ao senhor Presidente"..." vou ter de perguntar ao meu Chefe").

Fartos dos tempos maus, com um clique voltámos ao "tempo novo", à "sociedade em construção" dinamizada com figuras que fizeram parte do passado descrito. 

Simplex versus Complex

Gastaram-se milhões em equipamentos, muitos vieram a ser monos residuais, mas nem por isso pensamos ser do Simplex a responsabilidade pelo "Complex".

Instalaram-se milhares de Terminais Informáticos, mas a vitória sorriu aos viventes da complicação, um disfarce da falta de dinâmica organizacional dos Serviços.

Profissionais esbarram com decisões obsoletas, utentes desanimam, mas para os altos responsáveis o estupidamente simples deve ser estupidamente complicado. 

Uma história...

Não sendo contumaz, um munícipe poderá ter - entre outros -  vínculos com os SMAS (braço da Câmara), EDP e Finanças para IMI ou IUC que a Câmara encaixará. 

Estas três entidades funcionam na base da Identificação Fiscal, havendo - nalguns casos - um código específico da localização e que serve de base de confiança.

Nos Ficheiros de Eleitores, constam também dados completos sobre os inscritos. Em cada voto, sem nos pedirem o que quer que seja, há um pecúlio a arrecadar. 

O Cartão de Cidadão, introduzido no leitor, disponibiliza informações variadas e, entre elas, de morada o que basta para entradas gratuitas na Parques de Sintra.

Até a Carta de Condução (documento oficial) tem lá a morada escarrapachada.

🔄

Impedidos de aceder ou sair da garagem da nossa residência, procurámos obter - junto da Câmara Municipal - o dístico previsto no Art.º 50 do Código da Estrada.
 
O que fomos arranjar além de pagarmos e podermos adquirir o dístico. 
 
-  "Levar Planta da Localização";
-  "Caderneta Predial Atualizada";
-  "Habilitação de Herdeiros" por um dos membros da família ter falecido;
-  Depois de Pago ser-me-iam dadas indicações para adquirir o dístico. 
 
Ainda quisemos dizer que temos, em nosso nome, a "Licença de Habitação", mas tivemos medo que aumentassem os documentos pedidos;

Epílogo...

Na minha ignorância, nunca tinha imaginado o que poderia sofrer para adquirir um dístico que avisasse quem estaciona em falta, de que algo deveria respeitar.

Só queria licença (assim está disposto) para adquirir um dístico que pudesse ajudar-me a entrar ou sair da minha residência sem ter de procurar quem estacionou.

Desistimos sem esquecer as mangas de alpaca e como, em Junho de 2022, ainda não se passou da cepa-torta.


Sem comentários: