Sonho de D. Benvinda: promessa em 2021 de helicópteros entre Sintra e Terreiro do Paço
Não é tão jovem como queria mas, nos seus mais de sessenta, continua a caminhar e correr diariamente para o mesmo posto de trabalho de há 43 anos...
Antes das 7 da manhã lá vai ela para a carreira 446 que é a primeira a partir de Chão de Meninos mas que, por qualquer enguiço, ou se atrasa ou não aparece.
Em dias de sorte, D. Benvinda consegue apanhar o comboio das 7:16 (em Sintra) para Oriente, esperando a ligação ao que parte de Meleças às 7:35 para o Rossio.
Não consegue apanhar o anterior comboio que vai para o Rossio e parte às 7,10 porque não há ligações rodoviárias mais cedo para a estação dos caminhos de ferro.
Se tudo funcionasse como devia, chegaria ao seu posto de trabalho cerca das 8:30, horas em que autarcas disciplinadores já estarão a pedalar a caminho de Sintra.
D. Benvinda, observadora, não consegue lobrigar ciclovias junto à linha férrea ou ao longo do IC19, numa fixação quase doentia pelas pedaladas dos políticos.
Acresce que, desde muito nova, nunca se equilibrou sobre uma bicicleta e, medrosa, nem saberia onde colocar a mala ou pegar no guarda-chuva em dias agrestes.
Já pensou consultar os autarcas-ciclistas, incentivadores do recurso à bicicleta, para saber como resolveram essas questões embora julgue que não lhe responderiam.
As desditas nos transportes
No dia 19 foi a carreira 446 que circulava com grande atraso obrigando a D. Benvinda (sem bicicleta) a andar cerca de 500 metros quase às escuras para outra paragem;
No dia 20 o comboio de Meleças não se realizou, obrigando-a a ficar parada ao frio na estação do Cacém e depois seguir em pé com um amontoado de pessoas.
No dia 21 foi o surgir do comboio que "não se efectuava" e que, partindo de Sintra, não teria horário previsto, confundindo os passageiros que esperavam.
Era ainda noite no dia 22 e a iluminação já apagada, a chuva era torrencial, mas D. Benvinda para ir trabalhar não teve outra alternativa que meter-se ao caminho.
Na paragem, distante, bem agasalhada e de gorro na cabeça, a Carolina - ao colo da mãe - mordia a chucha com o incómodo dos dentes a romper antes dos 2 anos.
Por sorte - há dias de sorte - o autocarro apareceu a horas e lá foram todos a caminho da estação da CP, naquela incerteza diária de haver ou não transporte.
O Paulo, a Ruth, a Vera e o Igor, a D. Manuela apoiada numa canadiana que não ajudava a cumprir a sugestão de ser ciclista, todo um mundo de trabalhadores.
Eram pessoas. Muitas pessoas. Numa luta de todos os dias com os problemas não resolvidos dos transportes que não afectam o presidente da Câmara...
A essa hora, ainda um trabalhador camarário, conduzindo carro de topo de gama, não se dirigiria a Lisboa para ir buscar Sua Excelência e trazê-lo para Sintra.
Benvinda, a "confortada" munícipe
Se D. Benvinda andava desconfortada com os transportes públicos, ficou siderada quando lhe disseram que a Base Aérea de Sintra podia ser transferida para Beja...
"Isso não...é demais", gritou em silêncio a D. Benvinda, porque ansiava, mais dia menos dia, que o Presidente da Câmara prometesse mobilidade em helicópteros.
Seguia D. Benvinda desconfortada, no ar sem pés no chão, entalada entre duas passageiras fortes, quando um grito soou no comboio: "A Base não vai para Beja".
Ficava a saber-se que Basílio Horta tinha falado com o ministro da Defesa (antes do 25 de Abril era da Guerra) e o dito pelo da Economia não se confirmava.
Abraçavam-se os passageiros, Sua Excelência não tinha falado com o Ministro dos Transportes, que alívio, como era confortável o momento.
Na carruagem, em uníssono, os passageiros apertados, com pouco ar nos pulmões, ainda gritaram de contentamento: "Viva Basílio, #é este o caminho prometido".
D. Benvinda estava livre do "desconforto" da saída da Base e continuou a viagem de pé até Campolide, usufruindo dos últimos três minutos até ao Rossio.
Milhares, nesse dia, chegaram atrasados aos seus postos de trabalho, talvez até com cortes, mas notava-se a suprema felicidade pois "a base aérea não sai de Sintra".
Um "conforto" acrescido para D. Benvinda: os terrenos da Base, por agora, não serão zona de "acolhimento" para resorts e unidades hoteleiras.
Pessoa crédula, D. Benvinda promete votar no político/partido que em 2021 prometa ligações em helicóptero entre Sintra e o Terreiro do Paço.
Sintra terá mais um Prémio...agora do "conforto ilusionista".
As desditas nos transportes
No dia 19 foi a carreira 446 que circulava com grande atraso obrigando a D. Benvinda (sem bicicleta) a andar cerca de 500 metros quase às escuras para outra paragem;
No dia 20 o comboio de Meleças não se realizou, obrigando-a a ficar parada ao frio na estação do Cacém e depois seguir em pé com um amontoado de pessoas.
No dia 21 foi o surgir do comboio que "não se efectuava" e que, partindo de Sintra, não teria horário previsto, confundindo os passageiros que esperavam.
Era ainda noite no dia 22 e a iluminação já apagada, a chuva era torrencial, mas D. Benvinda para ir trabalhar não teve outra alternativa que meter-se ao caminho.
Na paragem, distante, bem agasalhada e de gorro na cabeça, a Carolina - ao colo da mãe - mordia a chucha com o incómodo dos dentes a romper antes dos 2 anos.
Por sorte - há dias de sorte - o autocarro apareceu a horas e lá foram todos a caminho da estação da CP, naquela incerteza diária de haver ou não transporte.
O Paulo, a Ruth, a Vera e o Igor, a D. Manuela apoiada numa canadiana que não ajudava a cumprir a sugestão de ser ciclista, todo um mundo de trabalhadores.
Eram pessoas. Muitas pessoas. Numa luta de todos os dias com os problemas não resolvidos dos transportes que não afectam o presidente da Câmara...
A essa hora, ainda um trabalhador camarário, conduzindo carro de topo de gama, não se dirigiria a Lisboa para ir buscar Sua Excelência e trazê-lo para Sintra.
Benvinda, a "confortada" munícipe
Se D. Benvinda andava desconfortada com os transportes públicos, ficou siderada quando lhe disseram que a Base Aérea de Sintra podia ser transferida para Beja...
"Isso não...é demais", gritou em silêncio a D. Benvinda, porque ansiava, mais dia menos dia, que o Presidente da Câmara prometesse mobilidade em helicópteros.
Seguia D. Benvinda desconfortada, no ar sem pés no chão, entalada entre duas passageiras fortes, quando um grito soou no comboio: "A Base não vai para Beja".
Ficava a saber-se que Basílio Horta tinha falado com o ministro da Defesa (antes do 25 de Abril era da Guerra) e o dito pelo da Economia não se confirmava.
Abraçavam-se os passageiros, Sua Excelência não tinha falado com o Ministro dos Transportes, que alívio, como era confortável o momento.
Na carruagem, em uníssono, os passageiros apertados, com pouco ar nos pulmões, ainda gritaram de contentamento: "Viva Basílio, #é este o caminho prometido".
D. Benvinda estava livre do "desconforto" da saída da Base e continuou a viagem de pé até Campolide, usufruindo dos últimos três minutos até ao Rossio.
Milhares, nesse dia, chegaram atrasados aos seus postos de trabalho, talvez até com cortes, mas notava-se a suprema felicidade pois "a base aérea não sai de Sintra".
Um "conforto" acrescido para D. Benvinda: os terrenos da Base, por agora, não serão zona de "acolhimento" para resorts e unidades hoteleiras.
Pessoa crédula, D. Benvinda promete votar no político/partido que em 2021 prometa ligações em helicóptero entre Sintra e o Terreiro do Paço.
Sintra terá mais um Prémio...agora do "conforto ilusionista".
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