História já antiga
Quando em 2001 se anunciou a segunda investida para a colocação de parquímetros na Portela, era tudo "para facilitar a vida às pessoas e não prejudicá-la".
Na altura, a bondade camarária, íntima à empresa municipal que geria os parquímetros, previa o preço de 80 escudos por hora, que agora daria 40 cêntimos!!!
Assim se estendeu, para nosso bem, a rede do estacionamento pago no interface da Portela para toda a zona residencial circundante e hoje é o que sabemos.
Uma senhora, na altura gerente de uma lavandaria (Maria de Fátima Ribeiro) desabafava: "Não podemos estar a pôr moedas no parquímetro a toda a hora"...
Uma funcionária de repartição pública perguntava: "Será que nós, que trabalhamos aqui, também vamos ter de pagar para estacionar os nossos carros?"
A páginas tantas, os espaços disponíveis corriam o risco de ser absorvidos pelas excepções, para funcionários da câmara, repartições, residentes...etc.
Criou-se assim o conceito de, trabalhando na Vila de Sintra, se adquirir o direito a estacionamento reservado ou autorizado, enquanto outros não o podem ter.
Isto é, uns tantos cidadãos passaram a ter mais direitos locais que outros.
Solução para a contestação? Criar excepções...
Solução para a contestação? Criar excepções...
No Jornal de Sintra (8 de Junho de 2001) abordámos o tema dos parquímetros, a tão velha ambição socialista, recordando as promessas do primeiro "Dia Sem Carros".
Pelo que era prometido, seriam construídos parques de estacionamento periféricos e melhoria dos transportes públicos com aumento da oferta.
Na altura, como hoje, os cidadãos penalizados pelos transportes eram obrigados ao uso do automóvel embora - responsavelmente - desejassem evitar a opção do IC19.
Ora, a instalação de novos parquímetros na Portela correspondia a mais dificuldades no estacionamento, logo surgindo os mais variados pedidos de excepção.
Quem, vindo de longe, queria estacionar, perdeu espaços para isso e, quem desenvolvia actividades profissionais na área reclamava "Cartões gratuitos".
Isto é, aquilo que seria justo ao reservar espaço para residentes...acabaria por ser para invocados não residentes que passariam a ter mais direitos que os outros.
Tal como agora, desviaram-se para a Portela as carreiras que chegavam à Estação de Sintra, até que Guadalupe Gonçalves (depois Vereadora do Trânsito) reverteu.
Inacreditável Câmara de vocação paratotalitária...
Hoje, deve dizer-se que, quando o comum dos municipes é perseguido pela imposição de limitações ao estacionamento (pagamento ou política pilarética)...
...a Câmara criou um local para funcionários estacionarem, sejam residentes ou não, o que, sendo justo, não deixa de ser oponível aos direitos de outros cidadãos.
O polvo foi reservando mais zonas a pagar, empurrando os munícipes (a maioria) para outras freguesias...hoje Mem Martins...amanhã Rio de Mouro...depois...
Portela, junto à estação, de semana em horário nobre...apenas reserva de espaço
Graças à vocação paratotalitária, já há quem residindo a menos de 4 kms do Centro Histórico prefira ir a Mem Martins e depois apanhar o comboio para a Vila.
Com a obsessão parquimétrica de alguns autarcas e milhões guardados na banca em vez de aplicados no território, justifica-se mais um negro prémio internacional.
Neste quadro, o Projecto de Trânsito e Estacionamento em discussão, torna-se obscuro, ambíguo e totalmente desadequado aos interesses da população sintrense.
A mistura de "Trânsito" num dito Projecto cujo verdadeiro móbil é o Estacionamento Pago, torna-se numa forma pouco académica de enganar os utentes dos espaços.
Só para munícipes sofrerem Basílio Horta terá apresentado o Projecto com Zonas de Estacionamento...dizendo que "não serão colocados novos parquímetros".
É inacreditável que a notada falta de competência para se resolverem os problemas do Trânsito use este expediente para implementar agressivas fontes de receita.
A escalada programada em 2001 que tanto penalizou o PS foi recuperada em 2019 bem longe das próximas eleições autárquicas...hábil forma de diluir os efeitos.
Esquecem os responsáveis que a indignação se vai acumulando e os sintrenses não se irão esquecer das várias vertentes do ilusionismo político.
Sintra não merece estar passando por isto...
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