quarta-feira, 28 de agosto de 2013

SINTRA: FERNANDO SEARA E O PAINEL QUE NOS ENGANOU...

Diga-se, sem receio de desmentido, que o Sr. Dr. Fernando Seara, Presidente da Câmara, não pode invocar a orgulhosa satisfação de cumpridor de "promessas".

Para avivar memórias, falemos da promessa do Museu Dorita de Castel-Branco, feita num painel que deslumbrou muita gente antes das eleições de 2005, e não passou de oneroso encargo para a Câmara Municipal de Sintra. Eu acreditei...
 
Este painel teve inequívocos efeitos eleitorais, mas redundou em falsa promessa
 
Certamente ansiosos pela reeleição, Fernando Seara e Marco Almeida, bem unidos, eram na época respectivamente, Presidente e Vice-Presidente.
 
Na realidade, nem o Museu passou de reles promessa, nem as próprias casas pombalinas foram recuperadas pela Câmara, como era desejo de sintrenses.
 
Para maior desilusão, as casas que deveriam ser recuperadas como património municipal, viriam a ser vendidas em hasta pública no dia 13 de Junho de 2013.
 
Perante a ofensa, vozes que se ufanam de forças vivas tornaram-se moribundas e, certamente com outros projectos em carteira, não estiveram na primeira fila, nem na segunda, não falaram, não escreveram nem expressaram desapontamento. 
 
De museu a museu, pormenores curiosos
 
A recente aprovação de um Protocolo de Gestão do Espólio de Bartolomeu Cid dos Santos, galvanizou entusiasmos - legítimos pela qualidade artística das obras - mas não poderá ser uma esponja a passar sobre o que, de cultura e arte, não foi cumprido.
 
Lembremos Dorita Castel-Branco, escultora distinguida internacionalmente (1º Prémio da II Bienal Internacional Del Deport, em Barcelona e 1º. Prémio Edinfor de Escultura), medalhista, bolseira da Gulbenkian, representada em inúmeros museus.
 
Dorita realizou 25 exposições individuais, do Palácio Foz ao Casino Estoril, Macau, Rio de Janeiro e S. Paulo. Participou em cerca de 100 mostras colectivas em Portugal e estrangeiro, nomeadamente Madrid, Florença, Estocolmo e Estados Unidos.
 
Dorita, tem obra e Obras espalhadas pelo país, em Palácios de Justiça, edifícios e jardins, bem como no estrangeiro, em Brasília, Caracas e Macau.
 
"Que força a dessa escultora, revelada nos monumentos! Artista para a praça pública, para a admiração e o amor do povo - mais além da estima e do louvor elitistas reservados para a invenção dos trabalhos de pequeno porte e grande sensibilidade. As duas Doritas não se opõem: ao contrário, se completam, são uma única e grande artista". Jorge Amado.
 
Foi professora que acumulou com a actividade artística. Um excelente exemplo para que as crianças de hoje a visitassem no seu Museu...lamentavelmente não cumprido.
 
Um conjunto importante das suas obras esteve disponível na Quinta da Regaleira, em Sintra, tendo sido posteriormente devolvido à Câmara Municipal de Sintra.
 
É do maior interesse saber-se, publicamente, o que se passou com o espólio de Dorita Castel-Branco e onde se encontra neste momento.
 
Veja-se que, numa insuspeita página da Câmara de Sintra na Internet, lá se faz referência a Dorita de Castel-Branco e um pouco à sua formação artística.
 
Lamentavelmente, na mesma página camarária, nada lá consta sobre Bartolomeu Cid dos Santos, o "Barto", talvez por descuido de fervorosos amigos.
 
Tudo configura que, na emocionante extrapolação de entusiasmos e dons artísticos, há museus e museus, um pouco ao sabor de gostos, influências e interesses.
 
O Museu de Dorita Castel-Branco, que não exigiria onerosos encargos, passou à história, porque Fernando Seara não cumpriu o visivelmente prometido.
 
Foi mais uma promessa que ficou na Colecção dos Incumprimentos.
 
 
 
Nota: - Dorita Castel-Branco foi professora no Liceu Maria Amália Vaz de Carvalho, havendo em Sintra quem, tendo sido sua aluna, a recorde com merecido respeito.
 
 

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