sábado, 3 de agosto de 2013

FAUSTINO I ou DELFIM E A SÍNDROME DA BANANA...

A leitura de "A VIDA de PI", recomendada para depois de se ver o filme, dá outra visão sobre os animais selvagens em cativeiro: - Alimentados a horas certas, bem assistidos, jaulas limpas e boa vida à custa do erário público ou privado.
 
Não admirará, pois, que nas jaulas dos primatas, as hierarquias e ambições sejam mais visíveis, por vezes escandalosamente visíveis. É a história que hoje vos conto. 

Delfim nem por sonhos quer largar a banana...
 
Durante anos, Faustino I foi o macho Alfa da reserva primata, onde viviam felizes macacos aranha e fuscatas japoneses, estes de conhecida coloração vermelhusca.
 
Faustino I, da dinastia dos Cacajaos (espécie em vias de extinção) contou em todo esse tempo com Delfim, seu ajudante-de-reserva, ao qual permitia, sob direitos comuns à imagem, que distribuísse algumas rações pelas várias castas famintas.
 
Era tal a empatia entre Alfa e Delfim, "olhos dos meus olhos", "boca dos meus ouvidos", que quando o tratador decidiu extinguir algumas divisões da reserva, ambos se uniram de mandíbulas fechadas, sem que um urro contestatário tenham soltado.
 
O tratador, grato pelas artes e cambalhotas de Faustino I, satisfez-lhe um semi-escondido sonho, abrindo-lhe uma jaula maior, mais visível, onde os ruidosos fuscatas pudessem continuar silenciados a troco de mais rações para a espécie.  
 
Faustino I faz uma pausa depois da "árdua" missão de gerir a reserva 
 
Julgando a reserva sua, Delfim logo quis ser o novo Alfa  e, para tanto, saltaria de árvore em árvore, arranhar-se-ia em galhos, mas nenhum outro poderia ficar com a frondosa bananeira que tão boa fruta tinha dado a Faustino I.
 
Para ser Delfim I, começou a calcorrear a reserva, a distribuir côdeas e suplementos a macaquitos ambiciosos, a sorrir a sub-famílias hominoideas que antes castigara. Logo se lhe colaram alguns trastes, com parasitas que nem o DDT eliminava.
 
De súbito, apareceu novo macaco antropomorfo à porta da reserva, deixando Faustino I num trilema terrível: - Como estar de sim ao novo, fazer que sim a Delfim e reservar para si o indispensável espectáculo circense  da despedida promocional?
 
O mais recente "antropomorfo", já com metade da banana  comida
 
Faustino I, o "Habilidoso",  sugeriu ao novel antropomorfo que, com asas, pareceria um morcego gigante e nada mais precisava para dar nas vistas junto dos habitantes da reserva, ávidos de não dormirem com o estrondo do bater de tão grandes asas.
 
A Delfim, deu-lhe uma bola, intermediando para que um craque entusiasmasse os residentes a entrarem no jogo, forma de ser o camisola amarela da reserva.
 
Para si, Faustino I reservou os direitos televisivos, mostrando caminhos que nunca pisou, recantos de diversão nocturna para macacos mais afoitos, beijos e abraços entre as várias espécies e, até, condecorações.
 
Hoje, embora Delfim exiba e defenda a banana a todo o custo, alguns babuínos seus seguidores, saltadores especializados de jaula em jaula, começam a pensar que não irão saborear tão escorregadia fruta.
 
Em tese, o que a reserva precisa é de outra fruta, nem mole nem bichosa, porque de espécies exógenas já os primatas estão fartos.
 
 
 

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