Aviso à navegação
Num país de oportunistas recheado, os ditos falam cheios de razão, são fontes de virtude, de qualidades, de realizações, obreiros da felicidade das populações.
Um
político, na cadeia graças a uma juíza corajosa, logo encontrou seguidores que o repescassem - talvez pela idoneidade - para candidato
a uma Assembleia Municipal.
Um
médico, que deveria voltar aos seus doentes e cumprir o Juramento
de Hipócrates, não pensa noutra coisa que não seja ser autarca de um
território que aglutine a sua antiga autarquia com a nova a que quer concorrer.
Outro,
em litígio sobre a legalidade da sua candidatura, não tinha melhor representante
para defender os seus interesses que um membro da Comissão Nacional de Eleições.
Também
há quem, para aparentar desinteresse, meta
no meio da conversa a secretária pessoal que tem à sua espera e de que limpará o pó de tempos
a tempos, mas faça possíveis e quase impossíveis para se perpectuar
no pedestal autárquico.
São os candidatos a passe-vitalício
autárquico, numa panóplia de enjeitadores das suas profissões, que da política - por artes nem sempre visíveis - são dependentes.
Jogando
com palavras e conversas serôdias, fogem ao que os eleitores inequivocamente
desejam: - dignificação da ética e transparência na política.
Colados
ao poder, lembram Salazar que, depois da queda e já não sendo Presidente do
Conselho, ainda pedia decretos e despachos para assinar.
Lei
Canguru a solução para os políticos salta-pocinhas
Tem
de ser bom, apetecível, o cargo de presidente em certas Câmaras (devidamente escolhidas), face à forma como os figurões as querem, vestidos de salta-pocinhas.
Não
há sofisma que baste, recurso que não valha, vírgulas ou preposições que não
sejam usados no triste espectáculo do espertalhão
que quer tirar vantagens ou influenciar decisões. Gente com aquele olho muito aberto...ao seu serviço.
É
o Tachismo na política, o reflexo de ambições e vaidades desmedidas, a
ansiedade por cargos com visibilidade suficiente para alimentar o ego.
Querem
lá saber se o tachismo é oponível à sã vida democrática, ou restritivo à maior
participação dos cidadãos na vida colectiva. Tachismo é ideologia.
Uma Lei-Canguru, só os ajudaria. Legalizaria os saltos de
12 em 12 anos, de Câmara em Câmara, sempre com dois pés, até à passagem à
reforma.
Os filhos-da-política - ao menos - adquiriam o direito no berço, para
orgulho da casta.
TACHISTAS COM AMBIÇÃO…NA LEI CANGURU A SOLUÇÃO.
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