Imagine-se comprador de uma daquelas revistas (8 euros), que publicam notícias com caras em papel couché, certamente destinadas a camadas ou patamares seleccionados.
Uma delas, a revista Briefing de Fevereiro de 2011*, para alimento do campo do Marketing Territorial, entrevistou Fernando Seara, presidente da CM de Sintra, e - entre frases e máximas repetitivas - convidou-o a "traçar o roteiro de um dia bem passado em Sintra".
O roteiro, sem quaisquer rebuços ou reservas, logo recomendou o começo do dia com "uma fantástica viagem no velhinho eléctrico de Sintra", o tal que há algum tempo era chamado de "comboiozinho" quando, de trem, dava uma entrevista/passeada na Volta do Duche.
Estando o meu amigo bem instalado na vida, facto atestado pela compra da revista, estou a imaginá-lo logo a caminho de Sintra, seguindo as recomendações do autarca.
Estando o meu amigo bem instalado na vida, facto atestado pela compra da revista, estou a imaginá-lo logo a caminho de Sintra, seguindo as recomendações do autarca.
Chega a Sintra, atravessa a única zona pedonal - a da Estefânia - e dirige-se ao local onde sonhava apanhar o eléctrico. Zás...o tão fantástico transporte não está a funcionar.
Dir-lhe-ão, suavemente, que talvez lá para Junho e, sendo turista de sextas, sábados ou domingos, o poderá utilizar. Se for turista de segundas a quintas-feiras, terá de voltar num dos outros dias com a família. Assim mesmo, o velhinho eléctrico tem uso entremeado.
Desiludido por ter acreditado naquilo que, em termos práticos, parecia ser uma verdade institucional, regressa pela Rua Heliodoro Salgado e, como recordação de Sintra, do Castelo e do Palácio da Pena, resolve fotografar a serra.
Ao rever a foto, para ver se está bonita e bem tirada, descobre que foram lá postos uns contentores de lixo e outras recolhas, com um possível amontoado de lixo à volta. Até o busto do Sr. Dr. Simplício dos Santos, um respeitável sintrense, aparece disfarçado no meio de tão torpe panorama.
Depois, para vergonha de Sintra e do seu bom nome, em abono do empenho dos autarcas faladores da Sintra Romântica, só lhe resta colocar a foto na net, preferencialmente no Youtube. A imagem tipo é esta:
A vergonha, de tantas vezes ter sido alertada, já não justifica mais palavras.
O que custa é a total inépcia para adequar a promoção turística ao rigor e às responsabilidades que a mesma acarreta, sob risco de um dia ninguém acreditar no que é propagandeado cá dentro e lá fora.
Fernando Castelo
* Na entrevista, com 7 (sete) páginas, fala-se em queijadas e travesseiros, mas nem uma só vez há referências ao Museu Arqueológico de Odrinhas.
Que exemplar incentivo ao turismo cultural!
* Na entrevista, com 7 (sete) páginas, fala-se em queijadas e travesseiros, mas nem uma só vez há referências ao Museu Arqueológico de Odrinhas.
Que exemplar incentivo ao turismo cultural!
3 comentários:
Como sempre ,uma visão atenta e crítica da realidade sintrense.Porque será que ninguém faz eco das opiniões dos verdadeiros amantes de Sintra?
Será que é necessário «dar graxa»para ser ouvido?
Esta do alimento está o máximo,então não foi ele que disse Há Conceição Lino para cá vir alimentar-se de queijadas?Não se esqueça que o eléctrico foi pago pelos donos do FórumSintra que deram dois milhões e meio.
Felicidades para o blogue,
Acho que nem vale a pena acrescentar muito mais. É uma vergonha.Nasci em Sintra e vivo em Sintra, terra que adoro. Mas, sinceramente, o caminho que esta terra leva........
E ainda os vejo com vaidade naquilo que fazem ( e não fazem ).
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