Nunca pensei que um dia passasse pelo vexame de ontem, quando a TROIKA explicou as suas conclusões sobre o que viu e acedeu, referindo a dureza das medidas que vão atingir amplos sectores da sociedade portuguesa.
Não fui enxovalhado pelos conferentes. Fui enxovalhado por neste país - que está recheado de gente capaz, mas afastada por ser séria - termos tão ampla e tão sinistra gente a desbaratar as finanças e os fundos que são de todos.
Não digam que a culpa é de Sócrates e limpem-se as mãos. A culpa é de Sócrates, de amigos de Sócrates, de inimigos de Sócrates, de toda uma chusma de governantes e autarcas, que descontrolaram, que nos empenharam, que usaram o que é de todos para objectivos tantas vezes de eleitoralismo bacoco.
Somos vítimas de megalómanos de fachada democrática, políticos "trai-trai" que não cumprem os programas eleitorais e de outros que tão depressa dizem como desmentem.
Não seria difícil encher esta página com exemplos de mestres habilidosos, de gastadores e esbanjadores do nosso dinheiro, de ambiciosos sem alma pátria.
A conferência, além de exemplar na organização, mostrou muito mais respeito pelo povo português do que é manifestado por uma imensidão de políticos que cá temos.
A delegação internacional não veio cá para fazer palhaçadas, nem falar de futebóis, porque o seu jogo é no campo da economia.
Os jornalistas, com um aviso inicial sobre o formato das perguntas, aperceberam-se de um novo cenário de intervenção e de regras mais finas.
Saltou à evidência a qualidade técnica da TROIKA, marcando a distância a que se encontram de muitos políticos da nossa praça, activos no protagonismo em vez de decisores na resolução dos problemas das pessoas.
Para nossa vergonha, foram precisos três técnicos estrangeiros falarem-nos de transparência e que a "chave vai ser um controlo muito mais apertado nas empresas públicas" e, ainda, que terão de existir "reformas estruturais no sector público, por derrapagens nos gastos".
Além do Governo Central, as responsabilidades atingem os autarcas, os maus gestores, a quem os empréstimos bancários foram concedidos sem noção das responsabilidades assumidas ou – ao menos – conhecerem os porquês.
Também os partidos políticos, falem de que forma falem, quando buscam lugares em administrações, quando manifestam dependências para uns lugares aqui e ali em vez da luta contra a degradação da sociedade, acabam por estar metidos na mesma teia.
Não tenho palavras para expressar a minha indignação.
IMI – O EUROMILHÕES DAS AUTARQUIAS
O IMI, tal como tem evoluído, constitui uma das mais injustas penalizações fiscais inventadas e aprovadas pelo PSD quando Ferreira Leite era ministra das finanças.
À TROIKA terá sido omitida a realidade desse imposto, quase restringido a novos registos ou transmissões a partir de 2004. Embora a sua adaptação total esteja prevista até 2013, a grande maioria do imobiliário continua por actualizar, originando desigualdades tributárias escandalosas e que continuarão a manter-se.
Em síntese, por ironia, um imposto criado pelo PSD (IMI) vai penalizar ainda mais as famílias, situação que, obviamente, não poderia ser contestada pelo maior partido da oposição.
As casas compradas por jovens ou por famílias mais debilitadas, serão sobrecarregadas pelo aumento do IMI, enquanto abastadas e luxuosas zonas terão aumentos pouco significativos.
Impõe-se o surgimento de novos político, sem vícios, dedicados à recuperação do país.
Por outro lado, os mandatos não devem ter mais de quatro anos de duração, para bem da moral pública, da clareza da actuação e de participação colectiva.
Manter-se como está, é apenas adiar e comprometer as soluções para o país.
Fernando Castelo
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