terça-feira, 31 de maio de 2011

SINTRA 2007/2011: MÁ LIÇÃO DE HISTÓRIA

1324 dias depois  que se passa com a fonte?

Meus amigos, imaginarão a tristeza com que escrevo esta crónica.

Sintra, com uma riquíssima história, não pode depender de quem não tenha o estofo e a sensibilidade adequados ao prestígio adquirido em séculos.

Sintra foi sempre um concelho de gentes de trabalho, nos campos ou fábricas, uns cá nasceram, outros para cá imigraram, todos convergindo no desejo de uma melhor vida colectiva, mais cultura e desenvolvimento.

Sintra e os seus habitantes, os que aqui pagam os impostos e passam sacrifícios, são credores do maior respeito na forma de gerir e investir a riqueza produzida.

"Fora de cena, quem não é de cena", diz-se no teatro. Sintra não é palco para muitos políticos encenarem virtudes em busca de melhores carreiras.

Sintra ensina história mas não a recebe de ninguém. Mal estará quem não consiga compreender esta doutrina.

A fonte neo-manuelina da Estefânia, na Vila de Sintra

Inauguração (?) no Largo Afonso de Albuquerque, na Estefânia

Uns tempos depois, ainda no local original      
As imagens, só por si, já são peças históricas, porque representam uma época em que os padrões éticos e a dedicação a Sintra eram exemplares.

Na primeira quinzena de Outubro de 2007, a parte superior da fonte foi roubada.  Foi notícia com fotos na edição de 19 de Outubro do Jornal de Sintra.

Dias depois, retiraram a parte não roubada (peanha e pias) e, com rapidez pouco usual em obras camarárias, o passeio foi reconstruído sem a mais pequena lembrança da fonte.

Decorridos quase três anos, em 10 de Agosto de 2010 pedi ao Sr. Presidente da Câmara informações sobre o “referido espólio histórico”. Sem resposta, no dia 22 desse mês publiquei um artigo no blogue http://sintradoavesso.blogspot.com , cujo espaço foi disponibilizado com a maior gentileza pelo seu administrador João Cachado, um amigo de Sintra.

Em Ofício de 27 de Setembro de 2010, a Sr.ª Directora do Departamento de Cultura, Turismo, Juventude e Desporto informou: "(...) os serviços camarários recolheram toda a restante estrutura, aguardando-se a concepção da cantaria em falta, após o que será, instalada a fonte no seu local de origem”. Informou também: “Todavia, não podemos nesta altura indicar, uma data previsível para a sua colocação”.

Recolocação da fonte é cumprir a história cultural de Sintra

Quase seis meses depois (9.3.2011) solicitei à mesma Sr.ª Directora novas informações sobre o fontanário e data prevista para a sua recolocação, tendo insistido no dia 9 do corrente face ao silêncio camarário.

Três anos e meio depois de retirado, estranha-se a dificuldade em recolocar o fontanário no anterior local, considerando, até, a facilidade com que a Câmara Municipal de Sintra – no mesmo espaço de tempo – investiu 8.500.000 euros na área desportiva, como recentemente o seu Vice-Presidente anunciou (*).

A recuperação do fontanário não dependerá de verba e, para o atestar, na última sessão camarária o mesmo Vice-Presidente propôs mais 307.500 euros para subsídios a 61 clubes e um Núcleo de Árbitros, o que só por mero acaso terá coincidido com o período eleitoral.

Decorridos 1324 dias sobre a data do roubo (contados até 31 de Maio de 2011) é urgente saber-se o que está a obstar à visibilidade pública do fontanário histórico, para satisfação e descanso de quantos se preocupam com a defesa do nosso património.

Sejam quais forem as razões que justifiquem este desagradável episódio, à volta de uma peça patrimonial que tanto está no coração de todos os sintrenses e, em particular, no dos residentes no bairo da Estefânia, justo é esperar que um bom desenlace nos surpreenda.

Só resta é saber quando... 




 (*) - Por favor, para ajuda, ver o vídeo:

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