quinta-feira, 14 de setembro de 2023

SINTRA: 136 ANOS DEPOIS A HISTÓRIA QUE NOS ENVERGONHA

Pandemónio...

Esta manhã, podia dizer-se que o habitual pandemónio do trânsito em Sintra estava no seu melhor, melhor no género e no espelhar da vocação dos responsáveis.

Ficámos mesmo preocupados pela hipótese de Sua Senhoria o Presidente ou o Vice de Sua Senhoria nao conseguirem chegar a horas aos seus postos de decisões.

Meditámos na "prudência e delicadeza" ligadas ao "objetivo de rigor e excelência" do Turismo de Sintra, capazes de envergonhar, pelo menos, quem as lê.

Esta manhã junto ao Centro Histórico

Um pouco mais atrás, aquela peça de arte e orgulho, copiada do Bairro Alto em Lisboa, estava em baixa levando a pensar que em similitude com a anunciante. 

De vários lados e conforme os gostos, apareciam carros, passavam carros, rindo-se daquele pórtico que parecei orgulho para o futuro do Vice de Sua Senhoria. 

Na verdade, desconhecendo-se outras grandes qualidades, os pórticos no trânsito mereciam que fossem "convidados" os mesmos órgãos que elevaram a colocação.

Pela nossa parte, para honra futura, logo que saibamos o nome do decisor dos pórticos, não deixaremos de o publicitar para recomendação de virtudes futuras.  

Recordemos 1887 em texto publicado no Jornal CidadeViva (23.6.2009)


VISIONÁRIOS EM SINTRA DO FAZ-DE-CONTA

Quando três comerciantes lisboetas requereram à Câmara de Sintra, em 1887, uma licença para a instalação de ascensores, não imaginavam que 122 anos depois tudo estaria na mesma. Estes visionários criaram na época grandes esperanças de que as novas acessibilidades iriam trazer inúmeras vantagens para os habitantes e para quem visitasse Sintra.

Com exploração privada durante 99 anos, findos os quais a concessão e todo o material reverteriam para o município, os elevadores serviriam – entre outros locais – o Rio do Porto, a estação do caminho-de-ferro, Portela, Quinta da Vigia, S. Pedro, Calçada da Pena, Estrada de Santa Maria e Bairro do Castelo.

Até o arquitecto Etienne De Gröer, em 1949, sugeriu no Plano de Urbanização de Sintra a instalação de elevadores, sendo um nas traseiras da igreja de S. Pedro para “aceder ao Monte Sereno” e outro junto à Mata Municipal para se ir “até ao Castelo dos Mouros”. Tudo em águas de bacalhau...

Políticas sem substância

Algumas vozes brandem amiúde o Plano de Urbanização de Sintra como Bíblia, fingindo não se aperceberem das sugestões positivas que o mesmo contém. Vivem desligadas do progresso enquanto deitam foguetes ao Éden, talvez na convicção de que Adão e Eva por cá viveram. Outras invocam o Glorioso, numa cadência ritmada a quatro anos, mas as benesses prometidas não caem do céu.

Neste cenário, foi patética a notícia de se estar “à espera do teleférico para o palácio”, dada por um dirigente clubista, até que um ano depois foi desmentida pelo mesmo numa 5.ª coluna Regional, onde uma entrevista ao mesmo – já vestido de autarca – dizia que o “projeto de ligar São Pedro de Sintra ao Palácio da Pena através de um teleférico” estava ““enterrado”.

Entre o dito e o desdito, o responsável máximo da Câmara calou-se sobre tal “segredo” quando poderia ter acumulado a sua realização com outras promessas de que se aguardam as concretizações.

Acesso à Pena 122 anos depois

Graças à inércia mantida, sem parques periféricos, o acesso à Pena agrava-se, atafulhado por carros e grandes autocarros de turismo, causando graves problemas à circulação e à qualidade ambiental.

Aos imutáveis localistas pouco interessam soluções que preservem o ambiente e o património, como as encontradas noutras partes (também da UNESCO). Funiculares ou elevadores podem ver-se na Colina de Likavitos em Atenas, em Bergen, Halstadt, Barcelona e aqui tão perto em Viseu.

Aos indefesos utentes, para subir à Pena (5 Kms) é imposto um Bilhete Único de Ida e Volta por 4,50 euros, que – veja-se – deixa de ser único na descida, existindo um Bilhete só de Volta por 2,50 euros.

Um apelo ao Senhor Presidente da Câmara

No sítio www.scotturb.com com o preço de 4,50 euros consta um Bilhete Diário Circuito da Pena, o que não é a mesma coisa que Bilhete Ida e Volta. Por sinal, o Bilhete só de VOLTA nem consta do preçário.

Enquanto consumidores, os passageiros que se dirigem à Pena estão sendo discriminados e impedidos de optar por um só trajeto, faculdade que é oferecida a quem efetue o trajeto inverso. Só por muita distração os serviços oficiais ainda não detetaram esta realidade que gera muitos desagrados.

Espera-se que, a bem do prestígio e bom-nome do turismo de Sintra, se corrija esta aparente anomalia.


Breves Notas: 

. Do escrito, só o preço dos bilhetes alterou. O que era 4,50€ passou a 7,60€ e o de 2,50€ passou a ser de 4,10€;

. Recentemente, a transportadora da Pena deixou de fazer outras carreiras em Sintra, sendo substituída pela MOOVIT;

. Estranhamente, as carreiras 434 e 435 (minas de receita) continuaram na anterior transportadora que não aceita passes da Moovit.  Porque terá sido?



1 comentário:

Joao Diniz disse...

O teleferico tem funcionado como engodo eleitoral desde os anos 20, sempre tomando os eleitores por infantis. Depois de anos sabáticos, voltou pela mão do basilismo, conhecedor do anseio sintrense. Como, mais uma vez, o engodo disso não passou, uns tantos avançaram (bem) com a alternativa FUNICULAR , já que "gaiolas penduradas" nem à UNESCO poderia agradar. Entalado, o basilismo socorreu-se de "mão amiga", até então estranhamente calada face aos desmandos como Gandarinha no topo, para opiniar que "teleférico ou funicular arruinariam a Vila". E, desta forma inesperada, porventura sábia (!?!?) uma voz até então indiferente desentalou o basilismo de uma promessa que muitos ainda não identificaram como trunfo de jogadores