quarta-feira, 6 de setembro de 2023

CASULOS DA POLÍTICA OU POLÍTICAS DE CASULO ? (1)

"Era o que faltava o DOM, o departamento de Ambiente e o Departamento de Urbanismo não pegar na obra e não a fizessem". "O Monte da Lua já tem muito com que se entreter". (Basílio Horta in Ata 24/13 da CMSintra)

"Todos iguais"?

Ao fim de tantos anos com promessas e do "vamos fazer qualquer coisa"...que não será feita, devemos perguntar, com firmeza, qual o papel dos políticos locais?

Em época de eleições é um fartote de promessas, panfletos e linhas programáticas, tudo com a amizade de zelosos defensores dos munícipes e seus interesses.

(aparentemente, entenda-se, dos interesses dos munícipes) 

Após os actos eleitorais, os candidatos das diferentes forças políticas concorrentes, incluindo de Coligações, não se desvinculam do dito e prometido ao eleitorado.

Em tese, a verificar-se o síndroma da preeminência dos eleitos e o alheamento dos não eleitos, desprestigia-se a vida coletiva com reflexos altamente negativos.

Na verdade, ainda não compreendemos tais práticas e posicionamentos políticos, quando os intervenientes sabem que a vox populi os chancela de "todos iguais".

Os indicadores de desrespeito pelas palavras dadas sentem-se por não passarem para os eleitores o conhecimento de problemas, divergências ou incumprimentos.

Frequentemente, após eleições, há um este ou aquele que se "disponibiliza" a enfiar-se no casulo dos ganhadores, lá gerindo os interesses que "defende".

Em fotos ou cargos compensatórios, não é difícil lobrigar a entrada no casulo, tendo no horizonte a crisálida que garantirá a postura onerosa da sobrevivência.

Deste ciclo casular, os votantes não passam de alimento para o casulo onde poderosos procriam e outros se resguardam em nome do bem comum a que aludem.

Se os casulos da política escondem a vocação absolutista com reservas à prestação de contas, nas políticas de casulo, entram veneradores, gratos e obrigados. 

Pergunte-se: - Em Sintra, dos 123989 votos vinculados a partidos, 66.564 que sabem daqueles que escolheram? E os 57.485 votantes no PS e CDU que sabem?

O resultado destas práticas e princípios gera a desmobilização coletiva dos cidadãos, levando à "ABSTENÇÃO" como desinteresse nas escolhas partidárias.

Falemos das "Ruínas do Netto"

"Um povo que não tem memória dificilmente tem presente e raramente tem futuro" (Presidente da Câmara Municipal de Sintra, Basílio Adolfo Horta, em 25 de Abril de 2020) 

Como Sua Senhoria se sentirá realizado por tantas vezes repetirmos as suas tão sábias e certeiras palavras, tão difíceis de encontrar nos defensores do povo.

O Netto em 01 de Setembro de 2023

Foi interessantíssima a história da aquisição das ruínas do Netto, cuja compra seria "hotel de Juventude que possa ter jovens de todo o mundo em Sintra" (1). 

Quem não sentiu com emoção o apego de Sua Senhoria a Sintra quando garantiu: - "é qualquer coisa que tem muito a ver com a própria Câmara Municipal".

O direito de opção invocado pela Câmara frustrou a compra pela Parques de Sintra, merecendo de BH o comentário: "Qualquer dia Sintra é Monte da Lua" (1).  

Tão sentidas, firmes e sentimentais foram as razões de Sua Senhoria para aquisição do Netto que, dois anos após (Sessão de Câmara de 22.9.2015) propôs a sua venda.

O mesmo autarca, defensor da compra para "um hotel de Juventude", propôs a venda porque "a Câmara não tem habilidade para gerir uma unidade hoteleira".

A venda das ruínas com projetos (?) por 1.000.000€ e sinal de 200.000€ parecia justificar um Plano de Pagamento até "Um ano após abertura da unidade hoteleira".

Tal Plano, quase das arábias, previa três tranches além do sinal: - Na Abertura do Hotel, 30%; Seis meses após Abertura, 25%; Um ano após Abertura, 25%.

Mais de sete (7) anos sobre o negócio e quase cinco (5) anos sobre a data limite da reconstrução (30.10.2018) o Hotel Netto apresenta a imagem acima.

Que eleitos perguntarão sobre tudo isto? Tudo pago? Por pagar? Data de Abertura?

Os eleitos locais, os políticos locais, têm aqui um papel fundamental no esclarecimento público de factos que são falados uma vez e caem no esquecimento. 

E povo que não tem memória...


(1) Repondo a verdade:

Há dias, chegou-nos à mãos um artigo (publicado em jornal local) em que o autor, com subtileza, foi "rebuscar" no passado, algo nitidamente desviacionista da verdade aqui relatada.

Fomos do tempo em que os serviçais atribuíam as culpas de tudo o que era mau aos que "rodeavam" o chefe de Governo de então.

Desta vez era sugerido que - para a compra - Basílio Horta deveria estar "tecnicamente bem aconselhado" "já que não pode, não tem de saber tudo".  A culpa terá sido dos técnicos...


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