Conversa fiada
"Um apelo sinceríssimo que vos faço"..."partilhem com a Câmara"..."Caros Amigos, estamos juntos".
A surpreendente "conversa em família" a que o Ocupante do Cargo de Presidente da Câmara de Sintra recorreu há dias, ficará na história do mais doentio ilusionismo.
O que leva o autarca centralizador, por vezes pouco elegante e de costas voltadas, a apelar aos munícipes que "partilhem com a Câmara essa responsabilização".
Aquelas expressões de "meus queridos amigos" e "caros amigos, estamos juntos" não podem ter surgido assim, de ânimo leve, como uma íntima preocupação connosco.
Temos para nós que a "conversa em família" foi recomendada por algum novel conselheiro, especialista nestas coisas de limpar a "imagem" de quem a tem má.
E apareceu, desgarrada, confusa, "sem alarmismos...sem alarmismos".
Do encobrimento ao falhanço
No vídeo acima, apercebemo-nos facilmente do que não se tem feito em Sintra desde o início da pandemia, nomeadamente quando pouco ou nada nos é dito de concreto.
"Da parte sanitária", "Chegámos aqui com um controlo, com um controlo dentro da comunidade da expansão do vírus". Temos vindo a descer sistematicamente os novos casos".
Melhor fora não falar sem dizer toda a verdade. Na véspera da conversa a contagem de infectados aumentara para +139 (tinham sido +102 na contagem anterior).
Posteriormente foram +207 (em 7/9), +264 (em 14/9) e +352 em 21/9.
Desde o dia da "conversa em família" até anteontem ocorreram em Lisboa e Vale do Tejo 65 Óbitos, num total acumulado de 731. Quantos devemos lamentar em Sintra?
Colocar a bandeira municipal a meia haste e à mesma hora, tocarem os sinos em todas as freguesias, seria a homenagem devida às vítimas da pandemia em Sintra.
Mas não. Têm-nos sido ocultados os Óbitos, tal como é feito sobre os principais surtos activos e em que freguesias, cuja divulgação ajudaria à protecção colectiva.
A "conversa em família" não passou de um cocktail de temas, incluindo o anúncio de uma "tenda específica" só para munícipes de Sintra (desta vez sem citar 400.000).
Aliás, "sem alarmismos...sem alarmismos", alarmou com o "apelo sinceríssimo que vos faço", esquecido do dito na fase triunfante: "temos vindo a descer".
A "Conversa em família" refletiu o falhanço das políticas de ilusionismo promocional, com um final desastrado, fazendo-nos recordar os velhos tempos do "papão".
E dos papões que aparecem pela nossa vida nunca se devem receber abraços.
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