terça-feira, 1 de dezembro de 2020

PANDEMIA: ARMA PARA NOS "AJUSTAREM" À MENDICIDADE

Escultor: Arne Maeland - 1999

Em Bergen, à porta de um banco desde o final do século passado, este mendigo antevia que no Século XXI a qualidade das condições de vida iriam piorar.

Ainda vestido ao estilo de classe média, a face virada para não ser reconhecido e os pés já descalços, é a expressão da desolação pelo futuro que se avizinhava.

O mendigo, junto a uma fonte de exploração da riqueza a que os governos dão cobertura, já se rendia a um futuro de miséria que, agora, se começa a desenhar.

Diga-se, a propósito, que na época em que esta bela estátua foi colocada, a Noruega era um país repleto de felicidade com excelentes condições de vida.

O Plano de Relançamento da Europa

A pandemia justificou a vocação para retirar médicos dos Centros de Saúde, dando lugar ao abandono de milhares de doentes que ficaram sem consultas.

Como resultado, aumentaram as mortes em doentes comuns numa desproporção significativa com as verificadas entre os infectados pela Covid-19.

Seguiu-se o lay-off (sem impedir despedimentos ou impondo a reintegração de despedidos logo que regresse a normalidade) verdadeiro brinde para o patronato.

Trabalhadores em lay-off passaram a suportar custos logísticos que seriam das entidades patronais (água, eletricidade, internet) ou a ter horários desordenados.    

A pandemia, com a conivência política, ajuda à perda de direitos de quem trabalha e é a mais tenebrosa arma para tornar os trabalhadores mais pobres e explorados.

Tentando adoçar as vítimas, António Costa soprou com milhares de milhões a fundo perdido e logo os grandes patrões se posicionaram a pretexto de pagar salários.

Era incerto. Um "repugnante" holandês, sabendo histórias anteriores, entendia que teria de existir controlo muito rigoroso sobre o dinheiro que viesse a ser aplicado.

Lá foi António Costa, abotoando a farpela mendicante, a casa do holandês para o demover de cortes e desmentir o que na Europa sabem e nós por cá também.

Quando os milhões que iriam encher algumas almas empresariais de grande porte já eram favas contadas, eis que Polónia e Hungria vetam acordo.

Sem Relançamento a fundo perdido, as pobres Confederações adiam alavancar a economia para prosseguir a chinezação dos salários e novas escravaturas.

Ao saber-se dos 3 mil milhões logo os vampiros reclamaram a sua quota, sem que se lhes exija explicações sobre onde param os milhões e milhões de lucros anteriores.

Com vampiros desejosos de sugar milhões em subsídios, resultará a redução do poder de compra e, quem trabalha, continuará com os mesmos problemas.  

A Senhora Ursula von der Leyen foi muito clara sobre aplicação do dinheiro 

Depois de ouvirmos a Presidente da Comissão Europeia fiquemos atentos aos mecanismos da aplicação dos 3 mil milhões de euros disponibilizados pelo SURE.

"Reforço" da economia paralela

Em cada "crise", ao invés das medidas para que os salários dos trabalhadores e a economia se aproximem do padrão europeu, mais aumentam as diferenças sociais.

Inventam-se taxas para os consumidores, impostos de toda a espécie que afetam quase sempre as camadas trabalhadoras e pequenas e médias empresas. 

Os reclamantes de grandes subsídios (dizem logo que a fundo perdido) querem-nos com pretexto de capital investido, um fingimento que pode ajudar à corrupção.

Elevadas taxas e impostos afogam pequenas empresas, levando a que, para sobreviverem, recorram à economia paralela guardando os impostos do Estado. 

Em 2013 estimava-se que a economia paralela seria superior a 25% do PIB, com valores que se aproximariam dos 45 mil milhões de euros.

Os governos, no fito de ganharem votos, em vez de reestruturarem a economia para uma evolução mais justa, assobiam para o lado, e a economia paralela prospera.

Os subsídios a fundo perdido por si só não irão reforçar a capacidade produtiva e aumentar os níveis de emprego ou salariais sem medidas acessórias justas. 

Esperemos que os grandes grupos económicos não sejam os beneficiados.

Temos o dever de exigir a boa aplicação dos Subsídios Europeus. 


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