quarta-feira, 3 de abril de 2019

SINTRA: MUNÍCIPES PAGAM POUSADA QUE NÃO SERÁ SUA...

Contra quaisquer manipulações

A construção da Pousada da Juventude de Sintra, insistimos nisso, é feita com dinheiro dos sintrenses para ser propriedade das Infraestruturas de Portugal. 

Dizê-mo-lo, mais uma vez, ao não admitirmos que quem quer que seja, em servilismo barato, pretenda insinuar que os interesses dos munícipes estão defendidos.

É verdade que, no que pode ser entendido como manipulação, o autor de tão descompensada opinião, não lhe chamou Pousada, privilegiando...o "terreno". 

Torna-se já muito triste vermos gente como nós que sob qualquer ou a pretexto, dá sempre umas lambuzadelas torpes para agradar a quem não lhe fará tais pedidos.

Há Opiniões e "Opiniões", ligar "a defesa dos interesses dos cidadãos sintrenses" à construção da Pousada que será património alheio é manipulação.

Vejamos os contornos

Na Sessão de Câmara de 5 de Abril de 2016, foi apresentada a Proposta 274-P/2016, relacionada com a "Subconcessão de dois edifícios habitacionais" à IP-Património.

Entre as páginas 275 e 286, consta um exaustivo "Relatório de Avaliação", feito por uma "Comissão de Avaliação da Câmara Municipal de Sintra". 

No Relatório é feita a completa identificação dos imóveis, com "análise económica do investimento", "métodos comparativos de mercado" e de "substituição".

Muitas fotos mostram o estado dos edifícios, "factores de depreciação", até complexas tabelas para se chegar ao "valor" dos imóveis tal como se encontravam.


Complexa fórmula para avaliar o que não foi comprado...mas demolido 

Pelo teor, alguém menos avisado, como nós, talvez julgasse que o extenso estudo Avaliador se destinaria à aquisição daqueles edifícios abandonados. Mas não

Era o suporte do "Contrato de Subconcessão de uso privativo" dos dois edifícios habitacionais degradados, para instalação da Pousada da Juventude de Sintra.

Sua Excelência, antes da votação, esclareceu os Vereadores: "(...) 600 mil euros para uma Câmara que lucrou 27 milhões não é nada para o impacto que tem uma Pousada da Juventude durante 25 anos".

Na verdade, pela Cláusula Segunda do Contrato de Subconcessão a aprovar, ao contrário do que Sua Excelência disse a duração é de 20 (vinte) e não 25 anos.

Na Cláusula Terceira, fixaram-se rendas mensais (+Iva) de 1.100€ até aos 30 meses e 2.000€ a partir daí, consumindo, pelo menos, 453.000 euros em rendas (*)

Para tudo ser perfeito, na Cláusula 5ª (alínea 6), a IP - Património autorizava a demolição "do edificado existente"...os tais que tanto trabalho terão dado a avaliar...

Aprovada a "Subconcessão" dos "600 mil", um Placard disse que o preço é 1.329.200€+Iva e, em noite eleitoral, o "investimento" será de 3,2 milhões de euros.  


Ou seja...

A Câmara suportou a demolição de edifícios alheios, constrói património para as Infraestruturas de Portugal e, ao mesmo tempo, paga renda à custa dos munícipes.

Quando quase todas as fontes em Sintra vão secando, o dinheiro dos munícipes jorra em catadupa para construir património que será de uma entidade totalmente alheia.

Voltemos à manipulação
No "Contrato de Subconcessão de Uso Privativo", nem uma vez constam as palavras "terreno" ou "Refer"", uma curiosidade. 
Perante a realidade acima relatada, o que levará algum munícipe (?) a declarar-se duplamente defendido e a espalhar tão peculiar sentimento num Órgão Local?

Ou a misturar o dinheiro dos munícipes com o...Estado Central e com...uma empresa de capitais públicos que um dia até pode ser privatizada? Que estranho...

É óbvio que, à cautela, se observa o resguardar de falar no nuclear (Pousada) para enviesar com as palavras "terreno" e "Refer" nunca referidas a tal propósito.


Menos crível um cavalheiro "à altura das circunstâncias" e apontador de outros munícipes como "treinadores de bancada", ignorar o que à Pousada diz respeito. 
  
Tão conhecedor, com virtuosas citações de notícias partilhadas alternando com subliminares induções à proximidade com políticos que aceitam as louvações.


Que tristeza...disto é que Sintra não merece.




(*) - Estas rendas estão ainda sujeitas a actualização segundo o índice de preços do consumidor no continente (sem habitação) publicado pelo INE.



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