A reportagem de ontem, na TVI, sobre a Gandarinha, representa muito da má reportagem, mas mostra-nos - infelizmente - a pouca firmeza nas nossas justas lutas.
Tratando-se de "um inadmissível e aberrante atentado ao Património da Humanidade da Unesco", um conjunto de cidadãos entendeu, por bem, resistir com tal.
Criou-se um movimento, subiu o tom da indignação, pessoas credíveis integraram-se e foi possível alertar - através da TVI - quantos se empenham nestas lutas.
Escuta-se o entrevistado: "Os danos que esta obra da Gandarinha cria à paisagem cultural de Sintra são muito maiores" que a "ganância" dos milhões de investimento.
No entanto, logo a seguir, vem o balde de água fria ao escutarmos: "A nossa intenção não é que a obra seja parada, é que esta obra seja investigada".
Ou seja, a menos que estejamos com qualquer deficiência interpretativa, a obra, tal como está, que o esteja, é um acto "inadmissível e aberrante"...mas aceitável...
Que coisa, caros sintrenses...que visão destas coisas do Património.
Reportagem intercalada por propaganda
Estranhamente, embora envolvendo-se o nome de Fernando Seara, não foi feita nenhuma referência a ter-se procurado qualquer melhor esclarecimento junto dele.
Fernando Seara não deixaria de ajudar a esclarecer os contornos da sua intervenção no processo da Gandarinha e que o levaram a fazer um Despacho sobre isso.
Por outro lado, também Basílio Horta deveria ter sido ouvido sobre até onde interveio nas decisões deste atentado e se influenciou ou não o processo da construção.
Na verdade, na peça da TVI, após ser dito que a "intenção não é que a obra seja parada", surgiu uma reportagem antiga...onde Basílio Horta aparece eufórico.
Quanto a nós, este pequeno pormenor não surgirá assim tão desgarrado, porque nestas coisas nem há almoços grátis nem peças totalmente inócuas.
Dúvidas que continuam
A perspectiva - face às alterações - de haver um silo automóvel de cerca de 160 estacionamentos em pleno Centro Histórico da Unesco é tenebrosa.
Quem irá fazer a exploração desse silo automóvel? A EMES? Ou o Hotel?
É uma dúvida que começa a surgir por Sintra, talvez para percebermos melhor o que esteve na génese do licenciamento.
Para concluirmos, "Ora Bolas" quando os "filhos" de Sintra abdicam tão facilmente das sua convicções e se ajustam a pretexto de serem exemplo para outros.
É com quadros destes que políticos como Basílio Horta contam, hoje na Gandarinha, ontem na Pousada da Juventude, amanhã noutro projecto qualquer.
A Gandarinha envergonhará todos os sintrenses.
Sintra não merece isto.
1 comentário:
tem muita razão.
Enviar um comentário