terça-feira, 19 de fevereiro de 2019

SINTRA: REPORTAGEM "ORA BOLAS" SOBRE GANDARINHA...



Confessamos que, em Sintra, já vamos esperando tudo pois surgem sempre suaves mantos ou aceitações nos casos de agressões perpetradas por responsáveis.

A reportagem de ontem, na TVI, sobre a Gandarinha, representa muito da má reportagem, mas mostra-nos - infelizmente - a pouca firmeza nas nossas justas lutas. 


Tratando-se de "um inadmissível e aberrante atentado ao Património da Humanidade da Unesco", um conjunto de cidadãos entendeu, por bem, resistir com tal. 

Criou-se um movimento, subiu o tom da indignação, pessoas credíveis integraram-se e foi possível alertar - através da TVI - quantos se empenham nestas lutas.

Escuta-se o entrevistado: "Os danos que esta obra da Gandarinha cria à paisagem cultural de Sintra são muito maiores" que a "ganância" dos milhões de investimento.

No entanto, logo a seguir, vem o balde de água fria ao escutarmos: "A nossa intenção não é que a obra seja parada, é que esta obra seja investigada".

Ou seja, a menos que estejamos com qualquer deficiência interpretativa, a obra, tal como está, que o esteja, é um acto "inadmissível e aberrante"...mas aceitável...

Que coisa, caros sintrenses...que visão destas coisas do Património.

Reportagem intercalada por propaganda

Estranhamente, embora envolvendo-se o nome de Fernando Seara, não foi feita nenhuma referência a ter-se procurado qualquer melhor esclarecimento junto dele.

Fernando Seara não deixaria de ajudar a esclarecer os contornos da sua intervenção no processo da Gandarinha e que o levaram a fazer um Despacho sobre isso.

Por outro lado, também Basílio Horta deveria ter sido ouvido sobre até onde interveio nas decisões deste atentado e se influenciou ou não o processo da construção. 

Na verdade, na peça da TVI, após ser dito que a "intenção não é que a obra seja parada", surgiu uma reportagem antiga...onde Basílio Horta aparece eufórico.

Quanto a nós, este pequeno pormenor não surgirá assim tão desgarrado, porque nestas coisas nem há almoços grátis nem peças totalmente inócuas. 

Dúvidas que continuam 

A perspectiva - face às alterações - de haver um silo automóvel de cerca de 160 estacionamentos em pleno Centro Histórico da Unesco é tenebrosa. 

Quem irá fazer a exploração desse silo automóvel? A EMES? Ou o Hotel?

É uma dúvida que começa a surgir por Sintra, talvez para percebermos melhor o que esteve na génese do licenciamento. 


Para concluirmos, "Ora Bolas" quando os "filhos" de Sintra abdicam tão facilmente das sua convicções e se ajustam a pretexto de serem exemplo para outros. 

É com quadros destes que políticos como Basílio Horta contam, hoje na Gandarinha, ontem na Pousada da Juventude, amanhã noutro projecto qualquer.

A Gandarinha envergonhará todos os sintrenses.  

Sintra não merece isto.