Há imagens tristes. Imagens com as quais não nos conformamos. A da Igreja da Misericórdia de Sintra, com o cartaz "ERA" a que foi sobreposto "Já ERA" não corresponde a uma mera transacção imobiliária.
Incautos sintrenses ainda pensaram que a Câmara, na sua vertente aquisitiva, desta vez avançaria para a posse do imóvel para vários usos ou um Centro de Saúde.
Desiludam-se os que acreditaram. O negócio ficaria aberto a outras personalidades.
Publicamente não sabemos o destino. Nem sabemos se a Câmara prescindiu do direito de opção. Nem sabemos se terá algum Projecto devidamente apoiado pela Câmara.
Tão pouco, que exigências camarárias para preservar a História daquelas paredes.
"Já ERA" a História do nosso passado. Da Misericórdia de Sintra.
460 anos de História
O antigo edifício da Misericórdia foi vendido. Não é público quem comprou. Há dias, alguém nos deixava a hipótese de um antigo ministro estar ligado aos compradores.
Na verdade, desconhecemos mesmo quem comprou...quem está guardando segredo...se um dia destes surgirá mais algum promocional Projecto.
A Igreja da Misericórdia foi local de culto durante centenas de anos. Daí estranhar-se que não surjam preocupações, pelas Entidades da Fé, com a sua salvaguarda.
Em 1555, estaria construída parte significativa da Igreja, altura em que o Arcebispo de Lisboa concedeu ao Provedor da Misericórdia e Irmãos a licença para erguer um altar.
Pelo que gentilmente nos foi dito, "devido aos fracos réditos da Instituição,as obras só prosseguem a partir de 1562, tendo ficado a cargo do mestre pedreiro Baltazar Fernandes; o acerto de contas (quitação) é feito em 1569".
Trata-se de um rico Património Cultural e Religioso que exige ser defendido e preservado ao serviço da História do Local, das Comunidades e Futuras Gerações.
Devemos, então, manifestar as nossas preocupações junto da Câmara Municipal ou outras Entidades de que dependa a aprovação dos Projectos em curso.
Obviamente que deveria ser a Edilidade a primeira a ter preocupações. Mas será que as tem? A história do Hotel Netto deixa-nos preocupações sobre o que estará em curso.
Do Hospital à Confraria da Misericórdia
Em 1368 já existiam em Sintra o Hospital do Santo Espírito e a Gafaria onde se tratavam leprosos. Eram geridos pela autoridade local daquela época (hoje autarquia).
Nesse ano, no "Chão de Oliva" (Terreiro em frente ao Palácio Real) juntaram-se Juízes, Vereadores e "Homens Bons de Sintra" com um representante do Rei.
Ficou a saber-se que D. Fernando I não aceitava que se aplicasse em "negócios do concelho" parte do dinheiro que era do Hospital e da Gafaria.
Decidiram nomear um provedor para "dar ao pão e ao dinheiro das casas de caridade o destino conveniente". Reconstruir o Hospital para "recolher os pobres que foram ricos".
Mais tarde, 177 anos depois - em 8 de Julho de 1545 - seria fundada a Confraria da Misericórdia de Sintra, por iniciativa da Rainha D. Catarina, mulher de D. João III.
No terramoto de 1755 a Santa Casa da Misericórdia de Sintra foi arrasada e difícil a reconstrução porque os socorros a sobreviventes esgotaram os recursos financeiros.
Apoios da Bilheteira dos Palácios da Pena e da Vila
Depois da implantação da República, com a abertura ao público dos Palácios da Pena e da Vila, 25% das receitas era destinado à Santa Casa da Misericórdia de Sintra.
Interior da Capela, imagem que nos foi gentilmente cedida
A Igreja da Misericórdia foi local de culto durante centenas de anos. Daí estranhar-se que não surjam preocupações, pelas Entidades da Fé, com a sua salvaguarda.
Em 1555, estaria construída parte significativa da Igreja, altura em que o Arcebispo de Lisboa concedeu ao Provedor da Misericórdia e Irmãos a licença para erguer um altar.
Pelo que gentilmente nos foi dito, "devido aos fracos réditos da Instituição,as obras só prosseguem a partir de 1562, tendo ficado a cargo do mestre pedreiro Baltazar Fernandes; o acerto de contas (quitação) é feito em 1569".
Trata-se de um rico Património Cultural e Religioso que exige ser defendido e preservado ao serviço da História do Local, das Comunidades e Futuras Gerações.
Devemos, então, manifestar as nossas preocupações junto da Câmara Municipal ou outras Entidades de que dependa a aprovação dos Projectos em curso.
Obviamente que deveria ser a Edilidade a primeira a ter preocupações. Mas será que as tem? A história do Hotel Netto deixa-nos preocupações sobre o que estará em curso.
Do Hospital à Confraria da Misericórdia
Em 1368 já existiam em Sintra o Hospital do Santo Espírito e a Gafaria onde se tratavam leprosos. Eram geridos pela autoridade local daquela época (hoje autarquia).
Nesse ano, no "Chão de Oliva" (Terreiro em frente ao Palácio Real) juntaram-se Juízes, Vereadores e "Homens Bons de Sintra" com um representante do Rei.
Ficou a saber-se que D. Fernando I não aceitava que se aplicasse em "negócios do concelho" parte do dinheiro que era do Hospital e da Gafaria.
Decidiram nomear um provedor para "dar ao pão e ao dinheiro das casas de caridade o destino conveniente". Reconstruir o Hospital para "recolher os pobres que foram ricos".
Mais tarde, 177 anos depois - em 8 de Julho de 1545 - seria fundada a Confraria da Misericórdia de Sintra, por iniciativa da Rainha D. Catarina, mulher de D. João III.
No terramoto de 1755 a Santa Casa da Misericórdia de Sintra foi arrasada e difícil a reconstrução porque os socorros a sobreviventes esgotaram os recursos financeiros.
Apoios da Bilheteira dos Palácios da Pena e da Vila
Depois da implantação da República, com a abertura ao público dos Palácios da Pena e da Vila, 25% das receitas era destinado à Santa Casa da Misericórdia de Sintra.
Em 2000, 26 anos depois do 25 de Abril, o IPPAR suspendeu o pagamento à Misericórdia, alegando que a Lei do Congresso da República tinha caducado em 1974.
A Misericórdia ficou sem relevante apoio. Era Primeiro-Ministro António Guterres.
Em 2004 ainda se sonhava com uma Clínica Ambulatória, o que entretanto falhou.
Tem uma longa e bela História a Santa Casa da Misericórdia de Sintra, agora virada para a componente Social, com muitas dificuldades que vão sendo superadas.
Preservar - no mínimo - a Igreja que foi da Misericórdia, ainda é uma forma de honrar a Santa Casa, manter o seu nome, continuar com ela na História de Sintra.
A longa História da Igreja da Misericórdia e da Santa Casa não se ajustam ao "Já ERA" que na porta se ostenta.
É a nossa História que tem de ser salvaguardada.
Os sintrenses devem exigir que o Património e a Igreja sejam salvaguardados.
É um direito que assiste a Todos nós.
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