Um pouco acima de Munique, a caminho de Nuremberga, a pequena cidade de Neufahrn, tem belas casinhas junto à estação de comboios, mas tapadas por arvoredos.
Não falaremos da cidade. Apenas do romantismo e ternuras envolventes de pessoas.
Estação de Neufahrn (má qualidade da imagem devido ao vidro)
O Regional 4854 (comboio com 12 carruagens) chegou à estação de Neufahrn, onde o pouco movimento de passageiros permitiu que tomássemos atenção a um jovem casal.
Talvez 18 anos, bem abraçados, naquele abraço de amor em que os braços não se soltam, nem abrem, receando o adeus. Despediam-se, talvez por uma semana.
Milhares de estudantes na Baviera estudam longe das suas famílias, mas esperam ansiosamente a sexta-feira à tarde para o regresso a suas casas por dois dias.
Vivi aquela separação, o momento em que ela entrou na carruagem com um pequeno saco às costas e um livro na mão. Procurou uma janela do lado da gare. O adeus.
Gestos de ternura, sorrisos, mais adeus e o comboio partiu...e ele correndo ao lado do comboio, até ao limite da capacidade das suas pernas e que a extensa gare permitiu.
Como valorizar aquele amor? Já não consegui ver o rosto do adeus. O que será o adeus no rosto de um jovem que corre ao lado de um comboio para dizer adeus?
*
Trajes muito usados na Baviera
Na gare, à espera do mesmo comboio, uma jovem senhora - com o típico traje regional tão usado aos Domingos - olhava atenta para um e outro lado da composição.
Um passageiro idoso desembarcava. Ela correu para ele. Depois dos beijos e afectos, tomou-lhe a pequena mala. Pegou-lhe carinhosamente na mão. Seguiram pela gare.
Talvez fosse um avô chegado de Munique, de regresso à família para umas férias ou fim-de-semana, naquela Baviera tão íntima e fraternalmente unida.
Registei ambos os afectos, numa sociedade em que os jovens estão muito mais próximos uns dos outros, fraternos e conviventes entre si e respeitadores dos adultos.
A ternura daquela jovem que esperava, a rápida ajuda, o carinhoso pegar na mão de alguém que, sendo idoso, goza da atenção dos mais jovens que o estimam e escutam.
São assim os afectos, tão comuns entre as estruturas familiares na Baviera.
É para fomentar essa cultura do relacionamento familiar que o comércio e centros comerciais estão encerrados aos Domingos, sem que isso prejudique a economia.
Para as famílias se encontrarem e conviverem.
São estes retalhos de vidas que nos atingem, com inveja por não sermos assim.
A Caminho de Nuremberga, aqueles gestos ocuparam-me o pensamento.
Que inveja...
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