terça-feira, 14 de abril de 2015

SINTRA: SANTA EUFÉMIA, 1.º DE MAIO...ADULTERADO?

Visão “aristocrática” do 1.º de Maio?

Consta que uma estranha simbiose se prepara para adulterar o velho convívio do 1.º de Maio, em Santa Eufémia, convertendo-o numa organizada jornada de propaganda.

Exibições, por um lado, oportunismos variados, por outro, sem respeito pelas tradições do Dia do Trabalhador em Santa Eufémia, fariam parte - nesse dia - de uma jornada nitidamente promocional...que desvirtuaria as Histórias do local e da celebração.

No anterior regime, a centenária Tuna Operária de Sintra, fundada a 1 de Maio, muitas vezes celebrou o aniversário com convívios em Santa Eufémia, todos subindo a pé e cada um com seu farnel que era levado por uma viatura. Havia bailarico com acordeão.


Um convívio (fora do 1.º de Maio) organizado pela Tuna Operária de Sintra - 1959

Também os Tipógrafos, como o dia 1 de Maio era de São José Operário, seu patrono, não trabalhavam, muitos se reunindo em Santa Eufémia como tradição de luta.

O Amigo que, gentilmente, cedeu a foto, esclareceu: - "não havia poluição, não havia nem carros nem animais no recinto, não havia figuras públicas nem medalhados".

É única a história de Santa Eufémia no 1.º de Maio: - só e sempre dos trabalhadores.

Projecção da leveza elegante da "aristocracia"

Certamente é falso o que se diz sobre convites ao mais alto nível para presenças em Santa Eufémia, a propósito do Dia do Trabalhador a que muitos serão alheios.

Antes, o desfile de viaturas por ali acima, se preciso até ocupando o adro da Igreja.

Seria impensável uma Comissão de Recepção, com aventais coloridos nos cientistas da grelha, dando curvilíneas boas vindas antes da mostra das artes à mistura com petiscos.

Imaginemos a elegância: "Senhor Vereador, que tal um Ramisco com uma fêvera de bácoro?" Ou "Senhora Doutora, deste néctar percebo eu, dá-me licença que recomende este Malvasia para acompanhar a cauda de uma sardinha acabadinha de assar?"

Não pode ser verdade, porque exibições promocionais têm limite nos jogos de oportunismo, usando o campo da concentração que deverá ser de trabalhadores.      

Como interpretar que, no dia e locais em que estratos populares, trabalhadores e suas famílias, comemoram o Dia do Trabalhador, se pretendesse tão complexa mistura?

Tudo muito abrilhantado pelo charme indiscreto da aristocracia. 

Não é possível que se chegue a tanto na perversão do respeito histórico que as comemorações do 1.º de Maio em Santa Eufémia adquiriram com trabalhadores.


Se fosse verdade, para realce de virtudes aristocráticas, bem melhor seria gatinhar.

Deve ser mentira pela certa. Ninguém chegaria a tal ponto.

2 comentários:

Anónimo disse...

Também eu fui frequentadora do convívio do 1.º de Maio durante muito tempo, entre os anos 70 e 80. Meus pais eram uns dos "habituais", depois com as sucessivas partidas dos membros da família, algo que nos calha em destino a todos, a rotina desvaneceu-se. Há uns anos ainda lá fui espreitar. Vi algumas pessoas de famílias mais antigas de São Pedro que ainda resistem. Hoje penso que há uma maior diversidade de frequentadores, mas não tanto em família. Ainda assim é bom, pois outrora, muitas vezes aquela festa era vista como a de "Comunistas". Boas memórias que este artigo me desperto bem como o texto publicado o ano passado pela Associação Alagamares http://www.alagamares.com/primeiro-de-maio-em-santa-eufemia-breve-historia-de-uma-tradicao-popular/ Muito grata a ambos. Celeste Belo.

Fernando Castelo disse...

Estimada Celeste Belo, muito grato pela sua visita, pelas suas palavras e pelas suas recordações. Aqueles convívios certamente incluíam muito comunistas, porque sendo trabalhadores também comemoravam o seu 1.º de Maio. Muitos também não eram, mas todos confraternizavam e eram amigos com objectivos comuns. Gostei de a ter por cá, cumprimentos