terça-feira, 12 de novembro de 2013

SINTRENSES A CAMINHO DE LISBOA...

Permitam a sugestão do recurso regular a um disco externo, salvaguardando documentos e fotos. Por comodismo não foi aqui feito. Perderam-se documentos e mais de 600 fotos que não mais poderão ser apreciadas.
 
Manhã cedo, vemo-nos no meio da população sintrense, milhares que enchem comboios, mães, crianças de colo, todos numa deslocação de sentido quase único que é preciso inverter para bem do desenvolvimento do nosso concelho.
 
Olha-se e nada se percebe do pensamento de multidões anónimas que caminham para Lisboa, tanta gente e tão solitária, mas dentro delas ou ao seu lado irá sempre algo de indestrutível, talvez fantasma da saudade e dos sonhos que nos perseguem.

De vez em quando, não a caminho do trabalho, vamos a Lisboa matar saudades.
 
Há sempre um motivo "forte", uma intenção ou o pretexto de refazer fotos perdidas, parecidas com muitas mas que não serão nem iguais nem da mesma época.
 
Ida a Lisboa tem rituais, obrigações: A primeira, na Casa Chinesa, comer o pastel de bacalhau que a D. Arminda logo coloca sobre o balcão; a segunda ir à Igreja dos Mártires, no coração do Chiado. A D. Micas - velha Amiga - às vezes, anda por lá.
 
 
Igreja dos Mártires, muito bem recuperada
 
Desce-se um pouco e a velha Pastelaria Marques (que saudades, meu Deus) mesmo ao lado de onde era a Império, travestiu-se de stradivarius e, em vez de local da bica, de conversas curtas, segredos e paixões, temos agora desfiles de modas sazonais.
 
Aqui se passavam bons momentos de convívio
 
Faltam Os Dezassete, a esquina onde era o José Alexandre perdeu aquele encanto de outrora. O Ao Último Figurino, depois do estranho incêndio que o destruiu nunca mais se conseguiu reerguer. O Eduardo Martins, de belas caixeiras, acabou.
 
Perto da estação do Rossio, a esventrada Calçada do Carmo mostra o antigo pavimento em paralelepípedos, nos quais os cascos dos cavalos escorregavam e faziam faíscas, quando as carroças cheias de legumes se dirigiam à Ribeira.
 
Os cavalos puxavam a carroça e os donos ajudavam na subida fazendo força nos raios das rodas
Por esta foto vê-se que ainda existe o anúncio da "Alfaiataria Modelo do Carmo - A Casa que apresenta Fatos - Sobretudos - Gabardinas - mais bem feito e mais barato" 
 
O regresso a Sintra obrigou a que o percurso não fosse tão longo como seria desejo, com recordações em cada esquina, histórias que hoje poucas pessoas conhecem. Um destes dias retomaremos os caminhos e as caminhadas.
 
O comboio, apenas com quatro carruagens, tem lugares vagos...o regresso de quem trabalha na grande cidade ainda não começou. Mais logo é a agitação do regresso, o corpo cansado, para muitos um longo trajecto antes de chegarem a casa.
 
Fica-me uma incerteza: nas corridas da manhã e da tarde, quantos destes sintrenses - tão sintrenses como eu - conhece a Vila Sede do nosso Concelho? Quantos, mesmo, nunca lá foram a não ser, eventualmente, por obrigações a cumprir?
 
Um tema para os responsáveis autárquicos meditarem...
 
 
 

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