sexta-feira, 1 de novembro de 2013

SINTRA: HOJE, AMANHÃ E DOMINGO, TEMOS ELÉCTRICO...

REGRESSAR A 2004 E À (RE)INAUGURAÇÃO DO ELÉCTRICO
 
O eléctrico que fez o percurso "inaugural" com artistas que participaram na festa em 4.6.2004
 
Uns tempos antes de ser (re)inaugurado o histórico Eléctrico de Sintra, no trajecto da Vila Alda em Sintra à Praia das Maçãs, foi sugerido que ao longo do caminho, em locais que permitissem a leitura, se colocassem algumas alusões ao evento.
 
Tal sugestão, pela certa julgada descabida - o que se admite - não teve resposta.
 
Dela faziam parte alguns poemas, dos quais aqui se reproduzem dois:
 
O ELÉCTRICO
 
Dirão que foi absurdo a tantas gentes,
cortar a linha da Vila às Azenhas,
Ninguém ter lutado em várias frentes,
impedindo que viessem matas brenhas,
Que de força e vontade fossem crentes,
nem que da serra tirassem negras penhas.
Ao Povo, a história destruíram,
Talvez outros interesses se serviram.
 
Em breve, os eléctricos voltarão,
se possível, com mais força do que dantes,
Braços abertos, um novo coração,
servindo, sobretudo, os viajantes,
Linguagem viva, consideração,
fazendo amigos nos seus passeantes.
Promessas de amor, serão de certeza,
Por estes caminhos de tanta beleza.
 
Em breve estarei por aqui, 
 
                                                      O Eléctrico de Sintra
 
AMORES NA LINHA
 
Tive uma máquina no Banzão,
De poucos cavalos mas muita alma,
Com o tempo, baixou-lhe a pressão,
Perdeu a força e ficou mais calma.
 
Levei-a a Colares num domingo
De calor, o rio cheio de gente,
Depois à sombra dum velho gotingo,
 Procurei sossegar a sua mente.
 
Arrastou-me, teimosa, às Maçãs,
Deitou faíscas, comeu electrões,
Fundiu o amor com palavras vãs,
Unindo, assim, as nossas paixões.
 
Nas Azenhas, era bom namorar,
Com a brisa fresca junto à linha,
E quando tínhamos de abalar,
O fluxo estático nos retinha.
 
Puxava-me bem até à Ribeira,
Depois a subida com motor forte
Até às nuvens, sem grande canseira,
Orgulhosos sempre do nosso porte.
 
Num dia triste, fomos apanhados,
arrumados, ninguém mais nos olhou.
Vamos ter corações recuperados,
Esperança de novo nos voltou.
 
                                                             O Eléctrico de Sintra
 
10.3.2003
 
O Eléctrico viria a sofrer novas paralisações. Roubos. Histórias e reportagens.

Até um Presidente de Câmara permitiu que lhe chamassem "comboiozinho" sem corrigir a entrevistadora, antes ele próprio também a dizê-lo.

Importa é que está vivo, corre nas linhas, aos esses num caminho encantador.

O Eléctrico de Sintra é de todos os dias
 
Talvez um destes dias volte a servir visitantes e residentes em todos os dias da semana, porque o desenvolvimento turístico de Sintra não se pode compadecer com este histórico transporte apenas às Sextas, Sábados e Domingos.

De segunda a quinta  guardados na garagem da Ribeira
 
 
 
 

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