Quando três comerciantes lisboetas requereram à Câmara de Sintra, em 1887, uma licença para a instalação de ascensores, não imaginavam que 122 anos depois tudo estaria na mesma. Estes visionários criaram na época grandes esperanças de que as novas acessibilidades iriam trazer inúmeras vantagens para os habitantes e para quem visitasse Sintra.
Com exploração privada durante 99 anos, findos os quais a concessão e todo o material reverteriam para o município, os elevadores serviriam – entre outros locais – o Rio do Porto, a estação do caminho-de-ferro, Portela, Quinta da Vigia, S. Pedro, Calçada da Pena, Estrada de Santa Maria e Bairro do Castelo.
Até
o arquitecto Etienne De Gröer, em 1949, sugeriu
no Plano de Urbanização de Sintra a instalação de elevadores, sendo um nas
traseiras da igreja de S. Pedro para “aceder ao Monte Sereno” e outro junto à
Mata Municipal para se ir “até ao Castelo dos Mouros”. Tudo em águas de bacalhau...
Políticas
sem substância
Algumas
vozes brandem amiúde o Plano de Urbanização de Sintra como Bíblia, fingindo não
se aperceberem das sugestões positivas que o mesmo contém. Vivem desligadas do
progresso enquanto deitam foguetes ao Éden, talvez na convicção de que Adão e
Eva por cá viveram. Outras invocam o Glorioso, numa cadência ritmada a quatro
anos, mas as benesses prometidas não caem do céu.
Neste
cenário, foi patética a notícia de se estar “à espera do teleférico para o
palácio”, dada por um dirigente clubista, até que um ano depois foi desmentida pelo
mesmo numa 5.ª coluna Regional, onde uma entrevista ao mesmo – já vestido de autarca
– dizia que o “projeto de ligar São Pedro de Sintra ao Palácio da Pena através
de um teleférico” estava ““enterrado”.
Entre
o dito e o desdito, o responsável máximo da Câmara calou-se sobre tal “segredo”
quando poderia ter acumulado a sua realização com outras promessas de que se
aguardam as concretizações.
Acesso
à Pena 122 anos depois
Graças
à inércia mantida, sem parques periféricos, o acesso à Pena agrava-se,
atafulhado por carros e grandes autocarros de turismo, causando graves
problemas à circulação e à qualidade ambiental.
Aos
imutáveis localistas pouco interessam soluções que preservem o ambiente e o
património, como as encontradas noutras partes (também da UNESCO). Funiculares
ou elevadores podem ver-se na Colina de Likavitos em Atenas, em Bergen, Halstadt,
Barcelona e aqui tão perto em Viseu.
Aos
indefesos utentes, para subir à Pena (5 Kms) é imposto um Bilhete Único de Ida e Volta por 4,50 euros, que – veja-se – deixa
de ser único na descida, existindo um
Bilhete só de Volta por 2,50 euros.
Um
apelo ao Senhor Presidente da Câmara
No
sítio www.scotturb.com com o preço de 4,50 euros consta
um Bilhete Diário Circuito da
Pena, o que não é a mesma coisa que Bilhete
Ida e Volta. Por sinal, o Bilhete só
de VOLTA nem consta do preçário.
Enquanto
consumidores, os passageiros que se dirigem à Pena estão sendo discriminados e
impedidos de optar por um só trajeto, faculdade que é oferecida a quem efetue
o trajeto inverso. Só por muita distração os serviços oficiais ainda não
detetaram esta realidade que gera muitos desagrados.
Espera-se
que, a bem do prestígio e bom-nome do turismo de Sintra, se corrija esta aparente
anomalia.
Breves Notas:
. Do escrito, só o preço dos bilhetes alterou. O que era 4,50€ passou a 7,60€ e o de 2,50€ passou a ser de 4,10€;
. Recentemente, a transportadora da Pena deixou de fazer outras carreiras em Sintra, sendo substituída pela MOOVIT;
. Estranhamente, as carreiras 434 e 435 (minas de receita) continuaram na anterior transportadora que não aceita passes da Moovit. Porque terá sido?
1 comentário:
O teleferico tem funcionado como engodo eleitoral desde os anos 20, sempre tomando os eleitores por infantis. Depois de anos sabáticos, voltou pela mão do basilismo, conhecedor do anseio sintrense. Como, mais uma vez, o engodo disso não passou, uns tantos avançaram (bem) com a alternativa FUNICULAR , já que "gaiolas penduradas" nem à UNESCO poderia agradar. Entalado, o basilismo socorreu-se de "mão amiga", até então estranhamente calada face aos desmandos como Gandarinha no topo, para opiniar que "teleférico ou funicular arruinariam a Vila". E, desta forma inesperada, porventura sábia (!?!?) uma voz até então indiferente desentalou o basilismo de uma promessa que muitos ainda não identificaram como trunfo de jogadores
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