terça-feira, 19 de junho de 2018

SINTRA...EM TEMPOS DE FAZER O BEM...

A política da Câmara Municipal de Sintra na dedicação a grandes investimentos tem inovações curiosas sugerindo um novo slogan: "#Este é o caminho do bem". 

Pensamos até - preferimos dizer receamos - que uma certa incompatibilidade com os zeros esteja a custar aos munícipes alguns milhões na convicção de serem tostões. 

Um hospital - que o não será em todas as valências - cuja construção competiria ao Governo Central, foi prometido com quase 30 milhões de Euros sintrenses.   

Tal unidade, longe de ser hospital e só o ilusionismo político chama de "proximidade", não passa de Urgência Básica Especializada com o condão de fazer o bem.

Com efeito, só após ser dito que tal Unidade Pública não teria todas as valências, o Grupo CUF anunciaria o seu hospital com cirurgias e internamentos...privados.

Da que terá sido uma fortuita coincidência resultou o júbilo: - "Agora em vez de um...temos dois". Poderíamos dizer "que tudo correu bem...sabendo-se para quem".

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A Pousada da Juventude de Sintra, pelos contornos, assemelha-se na bondade.

Propagandeada por Basílio Horta (sem enfatizar que virá a ser património das Infraestruturas de Portugal) pode custar aos munícipes 3,2 milhões de euros.


Não queremos passar por mentirosos pelo que reproduzimos as credíveis palavras de Sua Excelência

À boa acção de construir de raiz um património para entidade alheia, a Câmara está juntando o pagamento de rendas que superarão 453.000€ até ao final do prazo.

Aquelas casas abandonadas e quase em ruínas, antigos dormitórios da CP e sua propriedade, tiveram na Câmara o manto diáfano da demolição...

Recordam-se da história da compra do Hotel Netto? A Câmara iria fazer um "Hostel" dirigido à juventude...depois, não tendo vocação...acabaria por vendê-lo.

Agora, quase certo, também não haverá vocação camarária para explorar a Pousada, pelo que estamos na expectativa de ver o seguimento de tão peculiar negócio.

Ora, no Ponto 2 da Cláusula Décima Segunda, consta: "É permitida a transmissão da Gestão da "Pousada" a terceiros, mediante autorização prévia da IP Património".


Aumenta a curiosidade sobre a futura exploração. Será a Câmara a explorá-la ou existe qualquer outro plano em que a Câmara apenas serviu de "fronting"?

Que iremos saber sobre a possível entrega da exploração da Pousada a terceiros, bem como de envolvimentos que escapam aos munícipes?

Certo é a maioria dos munícipes desconhecer os contornos deste "investimento" julgando - graças às restrições informativas - tratar-se de enriquecimento municipal.

Aceitam-se pois apostas, ainda por cima sem que independentes geralmente bem informados se pronunciem quer sobre a Pousada quer sobre o Netto.

Mais uma vez os Munícipes estarão felizes pelo bem que está sendo feito...  

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"Contrato de Arrendamento" de um parque de estacionamento pelo prazo de 10 anos,  que custará aos munícipes mais de 2.060.000€, terá de ser para nosso bem.

Se assim não fosse não justificaria rasgados elogios de escreventes ao serviço.  

Ninguém pode ficar indiferente a que uma tão elevada despesa não se reflicta no património dos munícipes que pagam impostos e vêem faltar outras obras.    

Estranha-se que havendo um terreno público já usado no Ramalhão o Presidente da Câmara não tenha exercido influência para a construção de um silo com vários pisos.

O "confortável" e "cultural" abrigo disponibilizado no Ramalhão

Mais, com grandes superfícies abandonadas (por exemplo da antiga Samsung, antes de Ranholas), se aplicado o direito de opção poderia construir-se lá um grande silo.

Unidade abandonada junto dos IC 16 e IC19 (Deu nome à R. Republica da Coreia) 

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Que pensar? O Posto da GNR

Dos exemplos referidos, parece estarmos perante novos padrões da aplicação de dinheiros públicos, enquanto o património degradado espera melhores dias. 

Será curial o dinheiro dos munícipes estar servindo para ajudar entidades alheias à vida municipal, sem que o Património Sintrense fique mais enriquecido?

Acresce que sobre estas aplicações do nosso dinheiro parece cair uma nuvem opaca, silenciosa, contradizendo as frequentes citações de transparência.

Não haveria obras urgentes e prioritárias a fazer? Por exemplo...

O Posto da GNR em Sintra (antes PSP) - sabe-se há muito - tem grandes deficiências em instalações para os militares, atendimento e logística para detidos.

Então não deveria ser uma das preocupação de Sua Excelência, inequivocamente um bem público relevante a considerar prioritariamente?

🔃

Insistimos nestas situações para que os munícipes saibam da forma como os seus impostos são aplicados, onde não falta bondade para entidades externas.

Enquanto isso, a manutenção de bens públicos, reparação de vias, recuperação de edifícios municipais até o Parque da Liberdade arrastam-se com adiamentos.

Neste cenário de aplicação do dinheiro dos munícipes, criam-se todas as condições para que arautos das boas obras usem a cartilha das louvações.

Como os munícipes se devem sentir felizes...



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