terça-feira, 23 de maio de 2023

SINTRA: BASÍLIO HORTA E O RESPEITO POR SINTRA

"Um povo que não tem memória dificilmente tem presente e raramente tem futuro" (Presidente da Câmara Municipal de Sintra, Basílio Adolfo Horta, em 25 de Abril de 2020) 

Com que vergonha...

Escrevo estas palavras para que a vergonha por que passo seja vacinada ao mais alto nível pelos responsáveis da vida coletiva neste histórico Concelho.


Se tenho vergonha? Que algo mais poderia ter quando, aos poucos, devegarinho, os sintrenses e portugueses têm sido empurrados para fora da Sua Vila?

As palavras simples desta lojista, tão simples que doem, são ferrões para quem desempenha funções de responsabilidade pela nosso vida coletiva.

"Deixou de haver um cliente português", desabafo de quem deixou de vender jornais porque os portugueses não aparecem, passando a ser um peso morto.

Quem não visite não sabe, quem não sabe não imagina, quem não imagina pensa viver no melhor dos mundos, iludidos pelas artes da propaganda exaustiva.

Quem não vê desconhece como está o Hotel Netto e o seu pagamento, não pergunta o que se passa com o antigo Hospital da Misericórdia, ou estrutura do Central.

Diz-se que o velho Hospital da Misericórdia mudou de donos com a Câmara a abdicar do direito de opção, tão oposto à compra do Netto e promessas...depois vendido.

O Museu do Brinquedo fechou-se às crianças pois a Câmara não podia apoiar, mas no mesmo espaço seria inaugurado outro com a fina flor da política presente. 

Nada disto será por acaso, desmobilizar tem uma ciência específica nas formas, nas pressões inventadas ou medidas de enaltecer por promessas nunca feitas.

É assim Sintra, a Sintra dos nossos corações em que as promessas de resolver os  problemas de trânsito no Centro Histórico não passaram de espalhafato.

Praça da Republica, no Coração do Centro Histórico, em 18.5.2023

Por certo haverá quem não tenha vergonha desta imagem que passa para o mundo do turismo num alheamento que a "memória" de um "povo" não apagará.   

Enquanto isto, a 100 metros uma viatura da GNR ladeava outra da chamada polícia municipal da qual os seus representantes dialogavam com pequenos vendedores.

Na Volta do Duche, junto à Rua Visconde de Monserrate, turistas desciam de uns autocarros e outros esperavam a chegada dos autocarros que os tinha trazido.

Enquanto esta situação aberrante e da maior responsabilidade decorria, a fila de carros e autocarros chegava ao Ramalhão, sem que se visse Sintra por um canudo.

Com o Ramalhão também convertido em estacionamento quase selvagem para autocarros que teriam de voltar a Sintra, envergonhava-nos o panorama degradante.  

Da vergonha às mentiras piedosas

De tanta vergonha, quantas vezes medito no que estará invisível aos sintrenses face à dificuldade de Sua Senhoria acabar com a bagunça no trânsito de Sintra.

Abalei com Amigos Bávaros, meus convidados,  a caminho dos Paços do Concelho, o Parque dos Castanheiros "estava fechado por investigações arqueológicas".

Vistos os Paços do Concelho e citado o traço artístico do arquiteto Adães Bermudes - grande republicano e respeitabilíssimo maçom - dirigimo-nos à estação da CP.

A grande concentração de pessoas junto ao portão, levou-me à "segunda mentira piedosa", explicando que, "às quintas-feiras, era habitual saudar o burgomestre". 

Que mais poderia dizer? Estou certo que Sua Senhoria, passante no local frequentes vezes, desculpar-me-á pela ousadia de admitir que, no local, fale com os presentes.

Os meus Amigos já regressaram a Munique e receio que não queiram mais visitar-me perante tudo aquilo a que assistiram e tão diferente da sociedade em que vivem.

A frase "Um povo que não tem memória dificilmente tem presente e raramente tem futuro" que Sua Senhoria em boa hora escreveu, martela-me.

Respeitosamente...



2 comentários:

Joao Diniz disse...

A incapacidade de organizar o transito é gritante.O êxodo dos sintrenses continua em crescendo e reina o oportunismo. Mau de mais para ser verdade

Francisco Baudouin disse...

Servirá por certo de exemplo, as inúmeras alterações incompetentes ocorridas desde 2013, no que se refere a circulação, estacionamentos em segunda fila, e no escoamento do trânsito, na freguesia de Queluz, de que estranhamente, ninguém gosta de mencionar.