(...) e tal (...)
Mistérios de Reportagens
A reportagem era de cá e o entrevistador não tinha de estar grato por qualquer viagem, integrado numa das onerosas comitivas acompanhantes do Presidente.
Tudo justificava que, com atenção, se perguntasse ao Senhor Presidente - que dizia ser de todos nós - que ideias e conceitos estavam incluídos no...(...) e tal (...).
Cansa a frequência com que em matéria sensível de interesse público, deita uns fogachos e se cala, o "pode ser assim...ou talvez não" ou "não falar no abstrato" .
E os media, que noutras situações e pessoas por vezes são suficientemente contundentes, sorriem em conjugação com o sorriso de boca aberta frequente.
Até hoje, nenhum ainda perguntou ao Presidente - que dizia ser de todos nós - porque não dirá quanto custa aos portuguesas as sua viagens com notória comitiva.
E que benefícios palpáveis têm redundado de tanta viagem - ao Catar será a 105ª - pesem os argumentos invocados, já que os portugueses pagantes ficam cá.
Na verdade insofismável, qualquer cidadão com tendência de globetrotter paga as suas viagens pelo mundo e delas tira benefício.
No caso do Senhor Presidente - que dizia ser de todos nós - mais correto seria dizer que é viajante, incluindo acompanhantes, pago por todos nós.
O que será ...(o tal)...?
Acabamos de saber que o Presidente dos Estados Unidos telefonou e falou com os jogadores da sua seleção incutindo-lhes o maior entusiasmo.
Um simples telefonema, quando poderia também arranjar uma justificação qualquer - até patética - para se meter no Boeing 747 mais uns tantos e rumar ao Catar.
Mas a opinião pública americana, a desculpa esfarrapada que teria de inventar para o fazer, podia levar até à sua demissão.
Por cá é diferente, se vai um porque não ir também outro? E mais outro? Porque desta vez não se colocou o problema de fundos, da chegada de mais?
Presidente de um Estado onde se vive com dificuldades de toda a ordem, médicos que faltam, transportes longe das exigências, deveria refletir seriamente.
Com sorte, tal...e tal...e tal, tirarão sélfies com outros à porta do estádio, sorrisos rasgados pela 105ª (se não nos enganamos com tal o número) viagem presidencial.
Talvez até tenhamos à nossa frente imagens televisivas de algum destes políticos de bermudas banhando-se no Golfo Pérsico, como é frequente.
É fartar e aproveitar, os intervenientes são conhecidos.
Temos o que merecemos.
Nota: começa a ser altura de sugerirmos para onde será a 106ª e a 107ªviagens
1 comentário:
Amigo Fernando
Como sempre, bastante oportuno na sua opinião!
A ela, junto este simples comentário: Bem ao jeito de quem tudo sabe, “mas enfim, esqueçam isso...”
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