segunda-feira, 1 de agosto de 2016

SINTRA...E NINGUÉM SE LEVANTA?

No distante ano de 2001, o Projecto de um parque de estacionamento na Volta do Duche justificou a contestação de munícipes e autarcas atentos, depois apoiados por cidadãos de variados sectores da sociedade portuguesa. 

Em nossa opinião, tal contestação viria a ter inegáveis reflexos no acto eleitoral em que o PS e Edite Estrela perderam a Câmara de Sintra a favor de Fernando Seara. 

Não será, agora, a resenha do que de positivo ou negativo teve a gestão de Fernando Seara, que soube criar simpatias, usou o seu benfiquismo, pegou em figuras do desporto ou públicas, medalhou e teve inegáveis planeamentos eleitorais. 

Iremos recordar, isso sim, que foi ele que encerrou o Projecto do parque de estacionamento, acabando com as preocupações da população.

Ao levantamento público, Seara soube responder em conformidade. 

O adiar da esperança

Com o arquivamento do projecto da Volta do Duche, nenhuma das alternativas sugeridas resolveria o problema: - Nem o espaço das casas da CP; nem o Projecto para o Vale da Raposa (pelo menos acabaria com aquele vergonhoso lixo), nem a Portela.

Com o mecenato da Multi Developments, o Eléctrico Histórico ficou nos carris para voltar à estação da CP, podendo incentivar fluxos de visitantes não utilizadores de carro.

Nessa altura, já se falava em silos dissuasores na periferia, com capacidade para uns milhares de viaturas, incluindo autocarros de turismo. Os acessos à Vila e à Serra seriam por transportes adequados à circulação num Centro Histórico.

A concentração de viaturas no Centro Histórico e pela Serra era (e é) uma aberração, mas ainda havia quem pressionasse para se estacionar no Terreiro frente ao Palácio...

Seara passeou de trem na Volta do Duche, viajou no Eléctrico, deu entrevistas no Largo Rainha D. Amélia, andou a pé e, no seu (louvável) hábito falou com pessoas, conheceu os problemas, mas a solução - sempre adiada - continuou nas mãos dos técnicos.

Sintra, convertida em monstruoso parque de estacionamento

Hoje, Sintra parece sofrer de estranha virose: - Receita com estacionamentos.

Ou seja, quando se esperariam soluções periféricas (p.ex. no Ramalhão ou já mais distantes na zona da Samsung) para a redução drástica de viaturas no Centro Histórico e na Serra, promove-se o estacionamento pago, sem resolver o problema.

O Rio do Porto, depois do auto-caravanismo proibido com sinal de Caravanas, será em breve parque de estacionamento pago, com previsíveis reflexos no tráfego do sobe e desce a rua, ali às portas dos Paços do Concelho. 

Fala-se, agora, com insistência, da Praça D. Fernando II, em S. Pedro, passar a ser mais outro espaço para estacionamento...em vez de recuperada para nela se voltar a instalar uma fonte como a das Rãs, em tempos destruída.




Na passada sexta-feira, a Praça D. Fernando II, local tão histórico de S. Pedro e Sintra, já apresentava este aspecto desolador. Como eventual parque de estacionamento, como irá ficar? Como é possível que tudo se vá silenciando? 

Entretanto, carros e autocarros, continuarão Serra acima, descendo a Rampa da Pena naquele desconforto e perigos, desembocando onde as casas já estão abandonadas muitas delas por ser insuportável o incómodo ritmo de viaturas a passar. 

E ninguém se levanta contra?

Então, para os sintrenses, esta situação não é preocupante? Tal como era o Parque a construir na Volta do Duche? Serão desprezíveis os danos causados ao património edificado e ao meio ambiente? Até onde vai a aceitação de tudo isto?

Mas que personalidades por cá aparecem? Que visão têm do respeito pela História e dos lugares, até pelo bem-estar das populações e defesa dos seus espaços. 

A agressão colectiva que está sendo levada a cabo é tanto mais criticável quanto não resolve de forma efectiva nenhum dos problemas que Sintra enfrenta.

Como é possível um destino turístico que foi tão prestigiado, que desejamos respeitado, estar a converter-se numa monstruosa caixa de moedas, de dinheirinho tão valorizado, fazendo lembrar os tempos em que havia ouro e não havia mais nada. 

E depois há emissários para a propaganda, depois os serviçais que se querem destacar na defesa do que é indefensável...porque a miragem da recompensa está no horizonte. 

Sintra não merecia isto. 

Sintra precisa de um sintrense com amor à terra. 








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