Era sempre pelo meio da tarde que eles apareciam.
Transportando de forma distraída uma espécie de biombo em madeira, paravam e olhavam em volta para avaliar se alguém os estava observando.
De súbito, o biombo estava armado e os dois rapidamente ficavam invisíveis no seu interior. A rapaziada, que àquela hora se ia juntando na rua para dar os toques na bola de trapo, lentamente aproximava-se à espera do espectáculo.
Era a alegria das crianças e de adultos.(clique por favor)
Cada grupo tinha as suas peças. Uns optavam pela luta entre a cabeça tosca e um touro. Outros por gritaria, cabeçadas mútuas entre figuras de madeira.
Desconversavam e rapidamente passavam à cabeçada, depois de um fazer qualquer provocação: "Vossemecê deve andar a ver mal...abra os olhos...".
Era a alegria das crianças e de adultos.(clique por favor)
Cada grupo tinha as suas peças. Uns optavam pela luta entre a cabeça tosca e um touro. Outros por gritaria, cabeçadas mútuas entre figuras de madeira.
Desconversavam e rapidamente passavam à cabeçada, depois de um fazer qualquer provocação: "Vossemecê deve andar a ver mal...abra os olhos...".
O primeiro, agastado, dava uma série de cabeçadas no outro: "Toma...toma...".
O espectáculo prosseguia no mesmo tom, a rapaziada aproveitava-o para rir. Nas janelas havia pessoas que assistiam. Depois era a volta para recolher uma moeda.
Eram os ROBERTOS da minha geração, fazedores de pausas no jogo com a bola de trapos, numa época em que os guardas apareciam nas esquinas...e fugíamos.
Em casa, contar a história era a forma de fingirmos não ver a mãe que, de gaveta em gaveta, procurava a meia em falta no par...e tinha servido para bola de trapos.
Uma saudação - tão atrasada - para quantos me deram alegrias na infância.
Os Robertos...hoje são bem diferentes.
Uma saudação - tão atrasada - para quantos me deram alegrias na infância.
Os Robertos...hoje são bem diferentes.
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