"Guten Morgen, mein name ist Joacquim", escutou-se na carruagem que, silenciosa mas rápida, corria ao longo da margem direita do Danúbio, aproximando-se do destino.
Na altura meditava: Se a diferença entre os carris da Baviera e os nossos é serem em via reduzida, porque razão os comboios são silenciosos e os portugueses barulhentos?
Na paisagem, campos imaculadamente tratados, terras aradas ou com sementeiras. A cultura de manter matos e lixo, orgulhos que se preservam numa Vila incluída no Património da Unesco, é vaidade que, naqueles lados, não tem defensores.
Depois de Platting, atravessa-se o Rio Isar a caminho de Vilshofen e, logo à frente, vemos uma pequena ilha a que se segue o cenário único da margem direita do Danúbio que nos acompanhará até Passau, belíssima cidade perto da fronteira austríaca.
Foi depois da paragem na estação de Vilshofen que tudo aconteceu...
Um professor chamado Joacquim
"Guten Morgen, mein name ist Joacquim", disse o Homem com quase 60 anos que vira na gare de Vilshofen com uma bolsa característica de guardar um instrumento musical.
Em breves palavras, que uma Frau à nossa frente ajudou a entender, soubemos que Joacquim era professor de música e pedia licença para partilhar, com a sua música, a companhia de todos até Passau, de onde seguiria para Linz.
"Bitte schön", "keine B..." (nada de fotos) pediu ao ver-me puxar pela Leica que o registaria. Era uma pessoa modesta, apenas oferecia música, sem protagonismo.
Os companheiros de viagem em respeitoso silêncio. Puxou do violino (notei que o colocou no ombro direito...) e executou a valsa de Johann Strauss Jr. Danúbio Azul.
Na Estação de Passau, despediu-se com votos de Bom Natal, misturando-se com os passageiros anónimos que se iam dirigindo às plataformas de outros destinos.
Hoje, ao recordar o Joacquim, envio-lhe uma singela saudação pela postura, retribuindo os Votos de Boas Festas...a um Homem modesto, amante da música.
Esta breve história foi apenas o que ele considerou passível de ser revelado.
Chama-se Joacquim, apenas Joacquim. Professor na Música e na Vida. Exemplar.
Nas margens do Danúbio, com a cabeça fresca pelos zero graus de temperatura, o Joacquim fez-nos meditar sobre como reagiriam as pessoas no nosso país, habituadas a associarem estas imagens a mãos estendidas ou a um cãozinho pedinte.
Que respeito haveria num dos nossos comboios se um dia destes ocorresse um acto cultural desta dimensão? Risos? Telemóveis silenciados? Deixaria de ouvir-se alguém, ao fundo da carruagem, a gritar como se todos tivessem de ouvir a sua conversa?
O violino do Joacquim e a música que tão magnanimamente nos ofereceu, fixaram-me noutro mundo, a anos de cultura daquele que gostaria de ajudar a mudar.
O Joacquim é mais que Professor...é um Homem do Mundo, um discreto Homem que promove a Cultura com o seu amor pela Música, sem que outro objectivo persiga.
Um abraço Joacquim e obrigado pela lição de humildade oferecida naquela manhã.
Feliz Natal. Frohe Weihnachten.
Na altura meditava: Se a diferença entre os carris da Baviera e os nossos é serem em via reduzida, porque razão os comboios são silenciosos e os portugueses barulhentos?
Carruagem da DB, apelando ao silêncio
Os campos bem tratados da Baviera, ainda sem neve (foto tirada em grande velocidade)
Depois de Platting, atravessa-se o Rio Isar a caminho de Vilshofen e, logo à frente, vemos uma pequena ilha a que se segue o cenário único da margem direita do Danúbio que nos acompanhará até Passau, belíssima cidade perto da fronteira austríaca.
Foi depois da paragem na estação de Vilshofen que tudo aconteceu...
Um professor chamado Joacquim
"Guten Morgen, mein name ist Joacquim", disse o Homem com quase 60 anos que vira na gare de Vilshofen com uma bolsa característica de guardar um instrumento musical.
Em breves palavras, que uma Frau à nossa frente ajudou a entender, soubemos que Joacquim era professor de música e pedia licença para partilhar, com a sua música, a companhia de todos até Passau, de onde seguiria para Linz.
"Bitte schön", "keine B..." (nada de fotos) pediu ao ver-me puxar pela Leica que o registaria. Era uma pessoa modesta, apenas oferecia música, sem protagonismo.
Os companheiros de viagem em respeitoso silêncio. Puxou do violino (notei que o colocou no ombro direito...) e executou a valsa de Johann Strauss Jr. Danúbio Azul.
Na Estação de Passau, despediu-se com votos de Bom Natal, misturando-se com os passageiros anónimos que se iam dirigindo às plataformas de outros destinos.
Hoje, ao recordar o Joacquim, envio-lhe uma singela saudação pela postura, retribuindo os Votos de Boas Festas...a um Homem modesto, amante da música.
Esta breve história foi apenas o que ele considerou passível de ser revelado.
Chama-se Joacquim, apenas Joacquim. Professor na Música e na Vida. Exemplar.
Nas margens do Danúbio, com a cabeça fresca pelos zero graus de temperatura, o Joacquim fez-nos meditar sobre como reagiriam as pessoas no nosso país, habituadas a associarem estas imagens a mãos estendidas ou a um cãozinho pedinte.
Que respeito haveria num dos nossos comboios se um dia destes ocorresse um acto cultural desta dimensão? Risos? Telemóveis silenciados? Deixaria de ouvir-se alguém, ao fundo da carruagem, a gritar como se todos tivessem de ouvir a sua conversa?
O violino do Joacquim e a música que tão magnanimamente nos ofereceu, fixaram-me noutro mundo, a anos de cultura daquele que gostaria de ajudar a mudar.
O Joacquim é mais que Professor...é um Homem do Mundo, um discreto Homem que promove a Cultura com o seu amor pela Música, sem que outro objectivo persiga.
Um abraço Joacquim e obrigado pela lição de humildade oferecida naquela manhã.
Feliz Natal. Frohe Weihnachten.
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