sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

CAMÉLIAS DO MEU JARDIM


Olho a criança, vista de repente
Num recorte seu sobre um mundo novo
Sem figuras destacadas do seu povo,
Que só feliz distracção as fez ausentes.

Assim no escuro, livre do pecado,
Sem sonhar ao certo as voltas da vida,
Viverá num mundo talvez só com ida
Filho de um amor. De costas voltado.

E medito

Se a vida fosse a preto e branco,
Como ilusão era apreciada,
E em radiografia transformada,
Sem a cor alegre do mais franco.

Não haveria luz entre os sentidos,
Nem lápis que colorissem a ternura
Do fogo longo em que amor perdura,
Embalado de cores entre gemidos.

Não passaria de um sonho singelo,
Com sombras de vida e teias no meio,
Tal como Amor, que de brancura cheio
Negro se torna um dia, em flagelo.

No preto e branco falta alegria,
Algo nos foge à luz e contra luz,
Os traços cruzam-se em forma de cruz,
Sem cor de amor, em triste melodia.

Antes as cores

Fui apanhar camélias ao jardim,
Não sei se da mesma cor que o amor,
Saudade, alegria ou da dor.
De vida limitada, serão clarim.


Fernando Castelo

1 comentário:

António disse...

Parabéns ao poeta, parabéns ao jardineiro.
Bonitas camélias no jardim
Com algum trabalho do jardineiro
Na jarra camélias sem fim
Poupando assim algum dinheiro