Estou certo que aquele estorninho negro, que todas as manhãs, muito cedo e antes do sol nascer, poisa num telhado vizinho, é um amigo que me espera.
Logo que saio de casa vejo em quase contraluz a sua figura elegante, aparentemente bem cuidada, que logo solta um assobio estridente, como que a pedir para não me esquecer dele e da sua prole que cresce debaixo do telhado.
Obviamente que lhe respondo, não só por educação mas também pela amizade que nos une, ainda por cima sendo ele um passaro - diria mesmo passarão - desinteressado.
Respondo-lhe com outro assobio, pretensamente para o imitar e ele poder compreender a linguagem, recomeçando uma longa conversa entre nós, quase sempre com umas sacudidelas amigas antes de dar a sua volta matinal.
Resolvi fixá-lo para a posteridade, a única e barata homenagem que lhe posso oferecer, já que medalhá-lo se torna difícil pois, na sua modestia, abala sempre que o quero premiar.
Espero que o meu amigo estorninho tenha uma longa vida, podendo contar com a minha estima e protecção.
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