Lembro-me do dia 23 de Maio de 2003 como se fosse hoje.
No Palácio de Seteais, não na Tasca do Manel, com pompa e circunstância. Jornalistas. Convidados. Todos ávidos pela obtenção de um exemplar do CD-R explicativo antes que se esgotasse e perdessem o suporte da promoção.
Uma Senhora Arquitecta, muito respeitada em Sintra, faria a apresentação e, com esse acto, chancelava o Projecto da Rede Municipal de Ciclovias 2002/2009.
Era Maio. Irrelevante que no CD-R estivesse gravado “Janeiro 2003”; que na capa se lesse “FEVEREIRO 2003”; até que na APRESENTAÇÃO a Rede de Ciclovias – não existente – tivesse o efeito retroactivo a 2002.O entusiasmo superava tudo.
Em música de fundo, Maria João Pires tocava Chopin, com excertos de Nocturnos, numa sequência de Larghetto, Andante e Andantino.
“Sintra vai ter a maior rede de ciclovias do País”, noticiava-se uns dias depois.
A “Estratégia de Mobilidade Sustentável”, com 92 quilómetros de Ciclovias, e Corredores Atlântico, de Cintura e Urbano, deixava muitos municípios boquiabertos com tamanha capacidade realizadora. Lisboa talvez escutasse…
Do “Jornal O CORREIO” (edição de 1 a 15 de Junho de 2003) destaca-se, com a devida vénia, uma parte da notícia:
“Ter a maior rede de ciclovias do País é, para Fernando Seara, um motivo de orgulho e “um dos projectos mais relevantes da Câmara neste mandato. É fundamental compatibilizar o lazer e o trabalho que agora terá um nome: sinclas””.
A Rede iria ligar “escolas e parques urbanos”, “interfaces de transportes e zonas comerciais”. Era pegar numa “sincla” e largá-la no “estacionamento” que se quisesse...
A boa nova, a meio do mandato, catapultava. Em silêncio (alma do negócio), quantos investidores, nomeadamente chineses, terão programado instalar fábricas de bicicletas em Sintra, ajudando a resolver a sustentabilidade imaginativa.
Infelizmente para os sintrenses, a Rede tornou-se numa promessa sem rede, cujas razões para a não execução nunca foram entendidas.
Infelizmente para os sintrenses, a Rede tornou-se numa promessa sem rede, cujas razões para a não execução nunca foram entendidas.
Resta-nos recordar as pedaladas dadas em 23 de Maio de 2003:
Foto de Jorge Alexandre Pereira publicada no Jornal de Sintra |
Passados nove anos, as Ciclovias prometidas para 2009 têm um mérito:
- Não contribuíram para o endividamento de Sintra.
2 comentários:
Bem,meu amigo,não seja assim tão cáustico...nem imagina os «músculos» que eu ganhei e os quilos que eu perdi ,a pedalar nesta ciclovias maravilhosas,tão boas,tão boas,que quando quero pedalar,me meto no carro e vou fazê-lo para Cascais ou Lisboa....É assim viver em Sintra:gostar muito do nosso concelho mas usufruir das infraestruturas dos outros.Aqui,só virtualmente,o que diga-se de passagem,sai mais barato ao erário municipal,que assim teve mais verbas para financiar o futebol.Foi como as piscinas em cada Freguesia:na minha,não há uma criança que não tenha aprendido a nadar,pois não foi por falta de piscinas...Vivemos já 11 anos de realidade virtual,num concelho que se tornou cada vez mais virtual e até temos um Presidente de Câmara que também ,a pouco e pouco ,se tem tornado virtual,pois real,só tem sido o vice-eterno candidato,que já não tem mais ponteiros no relógio,para responder a tanta solicitação e estar em todo o lado,onde o presidente nunca está.Mas claro, o Prsidente está a tratar de trazer um aeroporto lowcost para Sintra mas também não o vão deixar,pois o seu poder de negociação anda muito por baixo....só deu para aquele acordozinho eleitoral ,para dividir com o Isaltino as dívidas de Oeiras...lembram-se?
é vergonhoso!! quase 10 anos depois e nada feito!!
Enviar um comentário