segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

SINTRA DOS MILHÕES…MAS O QUE É ISTO? *

Casa das Selecções! Um puzzle…

“A Câmara (de Sintra) ficou de nos dar uma contrapartida financeira de dois milhões e meio de euros no arranque das obras (…) sem essa contrapartida financeira nós não arrancávamos com as obras”, palavras certeiras de Gilberto Madaíl em vésperas de eleições na Federação Portuguesa de Futebol.

Num acordo celebrado em 1999 foram cedidos à FPF, por 90 anos, 95.000 metros quadrados de terreno (30.000 da CMS e 65.000 da Junta de Almargem do Bispo), prevendo que a CMSintra fizesse as obras de acessibilidade.

Mesmo assim, a Câmara, magnânima nestas coisas do futebol, celebrou em 2006 um contrato-programa para apoio financeiro de 3,5 milhões de euros (ver DN de 27.9.2009).

Uns dias antes das Autárquicas de 2009, o executivo da Junta, por terem decorrido 10 anos sem obras, pretendia a reversão da parcela de 65.000 m2. Estranhamente, a sua própria maioria na Assembleia de Freguesia chumbou a pretensão, falando-se na altura em pressões externas…

O presidente da Junta, eleito nas listas da Coligação Mais Sintra, tinha sido preterido para o acto eleitoral de 2009, dando lugar a outro candidato da mesma Coligação, por sinal futebolista convidado pelo presidente da Câmara…e que não logrou vencer.

E na Câmara? Um Vereador da Coligação Mais Sintra (agora também é director de futebol de um clube lisboeta) passou a ser responsável pela Casa das Selecções...

Neste quadro, quando os votos para os órgãos da Federação se posicionavam – numa lista aparecia um nome Fernando Seara – Madaíl serviu a frio a promessa não cumprida pela Câmara de Sintra, isto é, lembrou os milhões que não entraram na FPF.

Mas o que é isto? O dinheiro dos munícipes metido no meio do futebol? Financiamentos e interesses cruzados?

A Federação de Futebol, cujas remunerações e prémios nem vale a pena citar, ainda contou com o prestimoso compromisso da Câmara de Sintra para – com o dinheiro dos nossos impostos – lhe dar uma “contrapartida financeira” de milhões.

O contrato-programa ainda não foi cumprido (o que não admira) mas só o facto de se contratualizar a saída desse dinheiro, mostra até onde vão os interesses.

Sintra, ao longo dos últimos anos, tem mostrado carências estruturais que afectam o seu desenvolvimento. O desemprego aumenta. O concelho parou no tempo. Mesmo assim o passivo é enorme e pergunta-se: PARA ONDE TEM IDO O DINHEIRO?.

Até quando Sintra gastará dinheiro desta forma?



(*) Na Sessão de Câmara de 23.11. foi decidido submeter a deliberação da Assembleia Municipal a solicitação de condições para uma linha de crédito até 25.000.000 de euros, por três anos.

Também foi autorizada a HPEM a contratar um empréstimo de 2.000.000 de euros para reestruturação do endividamento bancário de curto prazo da Empresa.



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