quarta-feira, 12 de outubro de 2011

PROVINCIANOS DA POLÍTICA...

Neste canto endividado da Europa, não fossem os embevecidos com as patetices dos políticos e talvez tivéssemos a sorte de alguma coisa mudar. Algo de contraditório nos envolve, nos massacra, nos apateta. É a patologia da tragédia nacional.

Onde está o mal? Poucos de nós arrisca dizer que não sabe. Sabemos e calamos.

Suportamos a indigestão. Retemos os vómitos. Perdemos a capacidade de os ver, os ouvir, os aturar. Saltam à vista as sanguessugas que os rodeiam. Mas calamo-nos.

Dizem-se republicanos, mas adoram a sua corte. Falam em democracia, mas escolhem quem lhes esteja mais à mão do servilismo.

Se muitos políticos, em vez de copiarem o emplastro verrugoso que se coloca à frente das câmaras, antes promovessem debates públicos e escutassem opiniões de quem não os bajula, daríamos passos inimagináveis para a solução dos problemas.

Mas não. Os piquenos, porque são exactamente isso, precisam de quem lhes eleve o ego, quem os diga grandes. Mexem-se nos subterrâneos, convencem-se de brilhantismo, perdem a capacidade de auto-reconhecimento.

Só por cá, meus amigos. Só por cá.

Por essa Europa fora, raros são os eleitos nacionais ou locais que não dedicam o seu tempo a decisões rápidas, indispensáveis à evolução e desenvolvimento dos povos.

Noutras paragens, longe deste jardim onde as flores mais murcham em cada dia, é impensável que os eleitos aproveitem todos os pretextos para se exibirem, mostrarem feitos com imagens que, tantas vezes, nos fazem imaginar um circo sem pudor.

Cá, entregar uns livrinhos, a tampa nova numa panela de refeitório, “um cheque que já está assinado”, um protocolo vazio no tempo e no espaço, umas moitas a arder, justificam o assopro a uma TV afecta ou amiga, que aparecerá de surpresa.

Planificam-se eventos, escandalosamente organizados pelo oportunismo militante dos intervenientes. Tudo serve. Mas tudo suportamos.

Sorriem enquanto nos hipotecam o futuro e dos nossos filhos.

Os provincianos da política, ambiciosos de quatro costados, vão ficando bem na vida, enquanto que o povo terá de pagar as suas asneiras e os seus favores.

Ou nos livramos desta trupe de políticos ou eles nos sufocarão até à tragédia.

As facturas não vão demorar a chegar…

2 comentários:

Anónimo disse...

Sr. Fernando Castelo, apesar da dura realidade que aqui retrata, deixe-me que lhe elogie a forma lúcida e tão clara com que o faz.
Um fiel retrato do que temos, e ajudamos a ter e a criar. A culpa não é só do outro. É nossa também.

Amadeu disse...

Pegando no comentário anterior, a culpa não é minha, nunca pedi um empréstimo, até esta data nunca fiz férias fora de casa,a não ser uns passeios, eduquei os filhos e dei-lhes sempre tudo o que podia, sinto um grande orgulho porque são licenciados e reconhecem o esforço que os pais fizeram, dei-lhes a mesma educação que recebi dos meus pais,(nunca se dá o passo maior que a perna),nunca tive ajudas do estado, sempre cumpri com os meus impostos.Por isso hoje estou a pagar uma divida que não contraí .