"Um povo que não tem memória dificilmente tem presente e raramente tem futuro" (Basílio Adolfo Horta, Presidente da Câmara Municipal de Sintra, nas comemorações do 25 de Abril de 2020)
Consegue ver-se as diferenças?
A Ata 24/13, da Sessão de Câmara de 26.11.2013, é de riqueza inigualável no que concerne ao ajuizamento de como se formam tratados de ilusionismo político.
À época, era voz corrente que o Prof. António Lamas, Presidente da Parques de Sintra, tinha projetos para a recuperação das ruínas do Netto após a aquisição.
Basílio Horta, acabado de chegar, ainda não exigia a Parques de Sintra na Câmara, o que faria mais tarde ao pedir a demissão do Secretário de Estado do Tesouro.
Então, como que uma Chancela de poder, a Câmara invocou o "Direito de Opção" previsto e adquiriu por 600.000€ dos sintrenses o que restava do antigo Netto.
Para enriquecer a proposta da aquisição, houve alusões à Parques de Sintra, quanto a nós pouco simpáticas, que não traziam nenhuma mais valia ao negócio.
"Qualquer dia Sintra é Monte da Lua";
"O Monte da Lua já tem muito com que se entreter";
Depois destas, foram acrescidas afirmações e promessas que não se cumpririam:
"Faz-se o direito de opção para fazer do Hotel Neto um grande hotel";
"Ser um orgulho para os sintrenses ter aquele hotel";
"É um bom negócio para a Câmara ficar com o hotel";
"É qualquer coisa que tem muito a ver com a própria Câmara Municipal";
"Era o que faltava o DOM, o Departamento de Ambiente e o Departamento de Urbanismo não pegar na obra e não a fizessem";
"Um hotel de juventude que possa ter jovens de todo o mundo para animar o centro de Sintra";
"A Câmara tem todo o direito de ter o Hotel Neto. Não para manter a ruína mas para fazer ali um bom hotel da juventude."
27 meses depois...a venda
Com surpresa - em 10.3.2016 (clique para rever) - o "orgulho para os sintrenses" foi ultrapassado pela venda do Hotel com projetos de técnicos da Câmara.
A Reconstrução fixada em 30 meses( 2 anos e meio) há muito foi ultrapassada, sem Abertura do Hotel e sua exploração, suscetível de comprometer pagamentos finais.
Pelo que se julga saber, nem foi constituída uma Cláusula que estabelecesse penalizações para o incumprimento da Cláusula de Reconstrução.
Para que a "Memória do Povo" se mantenha viva, recuperaremos pormenores sobre o pagamento do valor da "arrematação" (1.000.000€). Assim:
. 20% da arrematação com a "Adjudicação";
. 30% da arrematação na "Abertura da unidade hoteleira";
. 25% da arrematação "Seis meses após abertura da unidade hoteleira;
. 25% da arrematação "Um ano após abertura da unidade hoteleira".
Mais de 8 (oito) anos após a compra das ruínas do Hotel Netto pela Câmara e fazendo em breve 6 (seis) anos sobre terem sido vendidas, como está o pagamento?
Esquecimento? Falhas na "memória" do "Povo"?
É sábia a frase de Sua Excelência que encima este artigo, pois só "esquecimento" poderá justificar a escolha pelo "Povo" de antigos serventuário do regime fascisante.
Esquecido "Povo" que tinha esperanças em melhor futuro e, quantas vezes, vê o seu dinheiro ser aplicado sem responsabilização firme de muitos atos.
"Povo" que esqueceu ter sido vítima do criador do Estado Novo e fundador da União Nacional fascista, em que políticos ambiciosos se perpetuavam no poder.
"Povo" que hoje convive, numa democracia fictícia, com políticos agarrados aos cargos em eleições sucessivas, alguns há mais anos que o criador do Estado Novo.
Mas nem tudo esquece o "Povo", pelo que se aguarda que, para Seu sossego, a Câmara Municipal e Basílio Horta esclareçam sobre a situação atual.
Temos "memória" e teremos "futuro"...mesmo que demore.
A CÂMARA JÁ FOI RECEBEDORA DA TOTALIDADE DA VENDA DO NETTO?
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