Ao longo dos tempos sempre os houve, mas nos tempos modernos somos cada vez mais surpreendidos por dependências serviçais que não esperávamos.
Ainda há situacionistas que, ensoberbados de poder, escondem a manipulação soez com promessas que não cumprem e afetam a vida dos cidadãos comuns.
O situacionista de hoje não passa de extensão da figura detestada antes de Abril, num regime totalitário que recompensava os seus mais fiéis serviçais.
Fartos dos situacionistas, teríamos de nos surpreender com os ajustacionistas que, entre ditos e feitos, são capazes de vender a alma por um cargo?
O ajustacionismo usa a "dureza" como bandeira das exigências...acabando mais tarde, por convívio, no conforto do colo de situacionistas que dizem combater.
Por isso, juradores de fidelidade às causas, acabam a negociar concessões com os ex-adversários, já que isso traz contrapartidas em cargos e benesses.
O ajustacionista pode falar dos maus transportes públicos mas não se empenha na solução pois viaja, comodamente, em viatura de gama alta com motorista.
O ajustacionista não é firme pela limitação de horários de trabalho diferidos, nem puxa paletes carregadas, como assistimos frequentemente em grandes superfícies.
Nem sofre insónias nem lhe é abalada a saúde psíquica pelo trabalho por turnos, que nas esferas familiares tem forte impacto e até implicações reprodutivas.
E como reage à má aplicação de dinheiros públicos, que saltam à vista? Naturalmente ajusta-se sem que o comum dos cidadãos perceba essa dependência.
No ajustacionismo quem aborda - para limitar - as onerosas isenções de que forças partidárias beneficiam ao nível de impostos que os cidadãos pagam?
Foi para isto Abril?
Acabamos de escutar Manuel Alegre, figura conhecida do PS a perguntar (a propósito da direita e opções de alianças) "se foi para isto que houve o 25 de Abril".
Palavras sábias de quem, infelizmente, terá de saber e não se pronuncia, sobre o cruzamento de famílias que têm integrado governos a que se ligará.
Para um republicano, certamente laico, os cruzamentos familiares verificados ao nível de ocupação de cargos relevantes não lhe podem ter sido ocultados.
Nem nos tempos da monarquia ou da ditadura fascista se podia encontrar um quadro tão vasto e deplorável de ligações familiares ao mais alto nível da governação.
Que pensarão os trabalhadores e explorados que escutavam Manuel Alegre na Rádio Voz da Liberdade, emitida em Argel antes do Dia Libertador?
É a teia em que muitos políticos agora se balançam, no revisionismo onde a manipulação grassa e a ansiedade pelo poder acaba por cair nos braços do diabo.
Os sonhos de Abril...os sonhos de melhor sociedade arrastam há quase 48 anos.
Situacionistas já conhecemos, Ajustacionistas vamos conhecendo...
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