domingo, 21 de março de 2021

NO DIA MUNDIAL DA POESIA - AZEDAS DA NOSSA MEMÓRIA

 


Azedas…. Da nossa memória


 São azedas, meu bem, azedas

Doçuras para recordar.

Tantas em campos e veredas,

Viçosas para apanhar.

 

Ainda vejo a janela,

Frente ao ribeiro florido,

Correndo junto à ruela

De tantas azedas vestido.

 

A bela fada assomou,

Dizia me querer amar,

Uma azeda apontou

Como excitante manjar.

 

Mordeu o caule, de mansinho,

Com lábios no entremeio,

Mudou azedo em carinho,

Foi loucura em galanteio.

 

Recordo o suco deitado,

Pelo morder devagarinho,

Do azedo adocicado

Às doçuras em murmurinho.

 

Quantos anos já se passaram,

Vivendo entre ilusões?

Nunca as azedas murcharam,

Nem faltaram as vibrações.

 

Disfarcei, olhei p´ra elas,

Senti o coração doer,

Deixaram de ser amarelas,

Hoje a cor é do sofrer.

 

Ficam azedas no jardim,

Irão morrer pouco a pouco,

Sem a honra de um festim,

Só na memória de um louco.

 

Quando hoje a mordisquei,

De doçuras não tinha nada,

Nem suco nela encontrei:

-Faltava a boca da fada!


21 de Março de 2021


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