segunda-feira, 22 de janeiro de 2018

SINTRA...QUE AUTORIDADE FARÁ RESPEITAR A HISTÓRIA?

"O Sr. Comandante é de uma eficácia, já aqui tenho o resultado da multa ao pianista. O pianista foi multado porque excedia os 5 decibéis de ruído no período diurno das 7 às 20 horas. Pode ter o acordo do condomínio, mas basta uma reclamação e é logo autuado"
"Temos 400 e tal mil pessoas no concelho de Sintra...Todas têm os mesmos direitos e o Senhor não tem mais direitos do que as outras 399 mil pessoas". 
Estes dois extractos, de fino recorte verbal, proferidos pelo Sr. Presidente da Câmara, foram retirados da Acta de Sessões Camarárias do dia 21 de Novembro último.

O "pianista" pela certa tem nome, sendo merecedor desse respeito, para que não se pense - ou admita - que foi citado com certo desdém por um eleito Autárquico.

As duas citações têm um inequívoco valor doutrinal que apraz registar.

- Ao jovem Tiago, tocando piano com excesso de "decibéis", a Câmara Municipal aplicou-lhe uma coima, sabendo-se que "basta uma reclamação e é logo autuado";

- A segunda, sem falarmos das razões das partes, liga-se com um munícipe que há anos vemos caminhar para a Câmara em busca da resolução de um problema.

Desprezando as dificuldades com números (400 e tal mil menos um nunca serão 399 mil) poderia deduzir-se que não há munícipes com mais direitos que outros.

Ainda bem. Confiamos que, desta vez, temos autoridades para medir os decibéis e poluição emitidas por barulhentas viaturas que infestam o Centro Histórico.

Quanto a ninguém ter mais direitos que outros, ainda bem que foi dito, já que destruir a História ou as raízes de um Lugar exige a mesma aspereza igualitária.

No caso da estrutura montada no Hotel Central, Sua Excelência certamente não identificará o responsável como "o hoteleiro", mas por nome seu conhecido. 

1131 dias de afronta à História de Sintra


A foto que acima reproduzimos é a História. É um Lugar de Sintra, o Hotel Central, a Rua dos Arcos, aquilo que foi classificado pela Unesco para a Humanidade.

Retirada do Livro Estudos Sintrenses de Francisco Costa

Francisco Costa, José Alfredo e tantos que amaram e amam, respeitaram e respeitam este bocadinho de TODOS NÓS, não podem ser traídos nos princípios. 

Diremos que a História do Centro Histórico não acabou naquele dia 18 de Dezembro de 2014 para dar lugar a uma nova era, muito menos de mérito de Sua Excelência. 

Os silêncios ou geram ou resultam de cumplicidades e, passados mais de três anos sobre a tenebrosa estrutura montada no Hotel Central, dizemos : BASTA!. 

Senhor Presidente, considerando as suas palavras, não pode continuar a olvidar-se que aquela estrutura existe e tem de ser removida. E as (que?) autoridades?

A firmeza e o rigor não se aplicam só ao jovem Tiago Torcato, ou ao munícipe de Cabra Figa, mas também no Hotel Central onde celebrou a sua reeleição.  

O Sr. Presidente da Câmara de Sintra está obrigado a fazer respeitar a História, não podendo aquiescer na estrutura que danificou antigos azulejos protegidos.

Claro que, no seguimento, não deixará de exigir a recuperação dos danificados.

Perfazendo-se hoje 1131 dias sobre a data da montagem da estrutura, que impedimentos justificam a não remoção da mesma? 

Porque não há munícipes (e empresários?) com mais direitos que outros.  

Sintra não merece.


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