Depois da visita ao Palácio da Pena, poucas pessoas se aperceberão que, a menos de 100 metros mais abaixo, há um património histórico completamente desrespeitado.
Precisamente no local onde a Parques de Sintra - Monte da Lua, por certo ao mais alto nível, entendeu disponibilizar um "ULTIMO PARQUE" de estacionamento automóvel.
Precisamente no local onde a Parques de Sintra - Monte da Lua, por certo ao mais alto nível, entendeu disponibilizar um "ULTIMO PARQUE" de estacionamento automóvel.
"Último parque" - "Last parking"
Facilmente se admite (e conclui) tratar-se de território gerido pela PS-ML.
"Parque de estacionamento", até dormitório, em plena Serra de Sintra. Pouco prestigiante...
O estado de abandono a que tem sido votado este património
A construção desta presa data de 1878, portanto pouco mais nova que o Palácio Nacional da Pena. Está rodeada de pó, terra e...mais que tudo, de falta de respeito.
Sobre a entrada, duas lápides - nenhum conselheiro terá sugerido a limpeza - uma registando a construção por Mestre Pedreiro Gregório Lourenço, Técnico da época e Homem de trabalho; outra, aparenta-se como sendo a confirmação da obra.
Completamente ilegível. Foi a tacto que se procurou desvendar o escrito
Como que uma chancela a confirmar a veracidade da obra, o dono e o autor
Aludissem a uma Alteza, Senhores Conde ou Marquês ou Senhora Duquesa e seriam bem esfregadas, enceradas e polidas com a verve de virtuosos historiadores.
São difíceis de ler, mas lêem-se! Só arrancando-as ficarão silenciadas:
Lápide Superior (A Obra)
A CONSTRUÇÃO DESTA PRESA QUE TEM CAPACIDADE PARA 1806,72 D'AGUA OU 4301 PIPAS E 18 ALMUDES MEDIDA DE LISBOA FOI ERIGIDA PELO MESTRE PEDREIRO GREGÓRIO LOURENÇO NATURAL DA FREGUEZIA DE RIO DE MOURO CONCELHO DE CINTRA RESIDENTE NO LUGAR DO LINHÓ DO MESMO CONCELHO TENDO COMEÇADO OS TRABALHOS EM MARÇO DE 1878 E FINDADO EM FEVEREIRO DE 1879.
Lápide Inferior (Confirmação da Obra e Mestre construtor)
D.LUIZ DE
CASTRO
GUIMARÃES
1879
_________________
M.tre G.L.
(Mestre Gregório Lourenço)
De Mestre Gregório Lourenço, com pena, não conseguimos saber muito mais.
De D. Luiz de Castro Guimarães conseguimos saber pormenores bem interessantes:
- No Registo Geral das Mercês do Reinado de D. Luís I, no Livro 2, Folha 133v, consta que em 18 de Novembro de 1862, foi nomeado Moço Fidalgo da Casa Real, honra que era atribuída a Moços Fidalgos em Exercício.
Por tal cargo - se não era dono da propriedade - acompanhou a Obra e Atestou-a.
D. Luiz de Castro Guimarães era um grande patriota. Fez parte da "Comissão Central 1º. de Dezembro de 1640 - Sociedade Histórica da Independência de Portugal".
Em 1861 tomou Posse nessa Comissão Central e assinou o Manifesto.
Em 1870 voltou a assinar outro Manifesto ao Povo Português.
D. Luiz foi Pai de D. Manuel Castro Guimarães (depois Conde de Castro Guimarães) - grande melómano - que ao adquirir o Palácio em Cascais (hoje Museu Condes de Castro Guimarães) mandou suprimir um piso para melhorar a acústica do Órgão.
Perante isto, duas opiniões se podem expressar: a exuberância da defesa do património tem dias ou os especialistas...historiadores locais facilmente andam distraídos...
Que pena se não ligarem a este património que deveria ser preservado, ao menos por respeito a uma época e a personagens que enriqueceram Sintra.
Que pena se não ligarem a este património que deveria ser preservado, ao menos por respeito a uma época e a personagens que enriqueceram Sintra.
Fica o registo, pelo menos para servir os vindouros.
Nota: O autor pouco percebe destas coisas. Mas, com vontade, enciclopédias razoáveis e algumas consultas, consegue-se atingir alguns dados de interesse.
Nota: O autor pouco percebe destas coisas. Mas, com vontade, enciclopédias razoáveis e algumas consultas, consegue-se atingir alguns dados de interesse.
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