História de um povo
São curiosas as alusões, nesta Sintra milenar, a figuras com suposto gabarito, algumas a que o mau senso não deixa que se refiram os beija-mão com as devidas vénias.
Não há gente grada que escape. "Foram os Senhores Dons...", alguns até Bi Dons, fruto da enxertia de castas seleccionadas, tipo Dom do Senhor pai e Dom da Senhora mãe.
Este o terreno da petulância exibicionista, da cartola mesmo sebenta de tanto lustro, em que as questões fundamentais se ocultam: a história do povo é feita pelo povo.
Quem lavava no Rio do Porto?
São curiosas as alusões, nesta Sintra milenar, a figuras com suposto gabarito, algumas a que o mau senso não deixa que se refiram os beija-mão com as devidas vénias.
Não há gente grada que escape. "Foram os Senhores Dons...", alguns até Bi Dons, fruto da enxertia de castas seleccionadas, tipo Dom do Senhor pai e Dom da Senhora mãe.
Este o terreno da petulância exibicionista, da cartola mesmo sebenta de tanto lustro, em que as questões fundamentais se ocultam: a história do povo é feita pelo povo.
Quem lavava no Rio do Porto?
No Largo do Rio do Porto o belo chafariz está abandonado, de chafariz só o nome, a água não corre...as bilhas de barro e os cântaros faltam lá, assim ocultando a história.
Por detrás, os tanques onde se lavava...onde muitas lavadeiras esfregavam com força a roupa que iam buscar às residências e depois punham a corar ao Sol.
Quando a roupa era apanhada, bem seca e rija, estava livre de contaminações.
Abandono a 100 metros dos Paços do Concelho
As imagens mostram como está aquele local que, noutras paragens, estaria como era no seu tempo. Talvez até com lavadeiras para que os turistas vissem a nossa história.
O Rio do Porto, que corre sempre com razoável caudal, foi desviado dos tanques, passando ao lado e deixando-os secos. Quem decidiu isso? Que falta de senso...
Como seria bom podermos falar - hoje - com uma dessas mulheres da história.
Romantismo rodeado de lixo
Neste quadro, devemos louvar a anónima romântica que, rodeada de lixo, ainda conseguiu ter coragem para expressar sentimentos. Se ao menos assinasse...
Sejam o nevoeiro quando calmos, e o mar quando bravos, se serena apago-me no horizonte, se me exalto afundo-me no mar
Tivesse por ali passado alguma figuraça, espirrado uma qualquer baboseira erudita e teria espaço nos anais das citações, dos factos da classe dominante e erudita.
No Rio do Porto havia pessoas, havia mulheres que trabalhavam duro, que se enchiam de suor, que corriam a subir as Escadinhas do Hospital para preparar as roupas.
Eram lavadeiras mas, especialmente, Mulheres do Povo.
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